09 | Senhorita Íris

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Todas as minhas palavras falham, não tenho nada de novo
Como poderia expressar toda a minha gratidão?
Eu poderia cantar essas canções como costumo fazer
Mas cada canção deve terminar e Você nunca termina
— Gratitude, I Am They feat. Cheyenne Mitchell.

Martin havia me prometido que se declararia naquela segunda-feira

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Martin havia me prometido que se declararia naquela segunda-feira. Eu estava exultante por finalmente ter chegado. Minha ansiedade estava acentuada pelo fato dele ter passado o domingo inteiro ausente das redes sociais.

Eu me dava conta, sim, de como nossa relação não era nem um pouco convencional. Por mais que não tivéssemos revelado verbalmente o que sentíamos, ambos sabíamos que estávamos apaixonados um pelo outro. Eu sentia que minha paixão era algo mais firme, já que ele cumpria perfeitamente quase todos os itens da minha lista de futuro marido — faltava uma; uma das mais importantes, a qual eu tomaria conhecimento naquele mesmo dia. Se ele não tocasse no assunto de forma explícita, eu tocaria.

Cheguei na universidade dez minutos mais cedo que o habitual, por causa do adiantamento do ônibus. Eu caminhava pelos jardins verdejantes sob o começo da noite enquanto refletia sobre a bondade do Senhor para comigo.

Como poderia Ele realmente ter me dado um rapaz que era literalmente o cumprimento de toda uma lista? Como poderia Ele ter pensado em cada detalhe? Parecia até mentira. Que, quem sabe, ele fosse moreno e alto, ok. Mas ter o exato mesmo chamado, gostar de ler Jane Austen e livros como os da Maina Mattos, cursar o mesmo curso? Era surreal; quase impossível.

Mas para Deus nada é impossível, Thamyres.

Realmente.

Assim que virei à direita para sair do caminho entre uma parede de concreto e um arbusto que funcionava como um muro vivo do outro lado, senti algo segurar forte o meu pulso e me puxar com brutalidade para trás. Com o susto, derrubei tudo o que segurava no chão, e minha mochila, que estava presa sobre um ombro só, caiu.

Desnorteada e zonza, quando dei por mim, havia um rapaz me imprensando contra a parede de concreto, tão próximo que pude sentir sua respiração quente contra meu rosto. Eu paralisei.

Era Lourence.

— Oi, gatinha — disse, sua boca tão próxima de mim que senti náuseas.

— Lourence, pelo amor de Deus, sai de perto de mim! — tentei me desvencilhar dele, mas ele era mais forte que eu.

— Por quê? — ele perguntou. Senti como se existissem mãos sufocando meu pescoço, impedindo que minha voz saísse. Minhas pernas começaram a tremer. Eu não conseguia me mexer. — Para que continuar fingindo que você não quer?

— Você... ficou doido — Minha voz saiu baixa e engasgada. — Por favor, sai de perto de mim — pedi, sufocada por meu próprio medo.

Estava escuro, não haviam pessoas perto, eu não conseguia gritar nem me mexer e nem sabia do que Lourence seria capaz, mas meus pensamentos estavam lúcidos. Angustiada por ver que a boca dele se aproximava da minha, clamei a Deus em silêncio por ajuda.

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