Capítulo 3 - Charlie

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Charlie não era boa em ser sexy. Era uma realidade triste, mas, se o primeiro passo para resolver um problema era perceber que ele existia, então ela tinha que admitir: ela estava ridícula naquela roupa.

Com um suspiro, Charlie se deixou cair na cama, com seus seios quase saltando para fora do decote da camisa que estava usando quando suas costas pousaram na cama. O tecido estava esticado ao limite em seu peito e sua barriga, quase ao ponto de ficar transparente, chamando a atenção para todos os lugares que ela não queria que fossem ressaltados. Crescendo com seu avô, ela aprendeu a ser confiante e amar cada uma de suas curvas e marcas, não importando quantas pessoas poderiam julgá-la por causa delas. Porém, depois de três anos assistindo Samantha se atirar em Morgan e ver as dúzias de falsas amigas da alta sociedade que ela tinha fazendo de tudo para manter seus corpos mais finos do que uma folha de papel, ela conseguia mais olhar para si mesma sem pensar se era verdade que Morgan jamais se sentiria atraído por uma mulher como ela, que estava longe de ser magra e elegante como uma modelo.

— O que você pensa que está vestindo?

Sentando-se na cama com salto, Charlie avistou Samantha do outro lado da porta de seu quarto, que ela sequer havia percebido que a madrasta havia aberto sem permissão. Em sua pressa de experimentar a blusa que tinha guardado no fundo do guarda-roupas há meses, ela havia se esquecido por completo de trancar a porta. E, agora, depois de ter pensado no diabo, ali estava Samantha diante dela, em carne, osso e desdém.

— Onde acha que está morando? Em um bordel? — sua madrasta continuou, sem esperar qualquer resposta, correndo os olhos por seu corpo como se estivesse encarando um verme — Ou realmente acha que alguém vai sentir algo além de repulsa vendo você exibir toda essa sua banha por aí? Oh... — ela parou de repente, antes que uma gargalhada perversa lhe escapasse — Não me diga que vestiu isso para tentar impressionar Morgan Sullivan? Oh, sinceramente, queridinha, você tem se olhado no espelho ultimamente...?

— E você tem ido se foder ultimamente, Samantha? — Charlie rosnou, lutando contra a vontade de se cobrir, enquanto avançava na direção dela — Porque é o que deveria estar fazendo, ao invés de ter vindo até aqui me insultar. Caso não se lembre, esse quarto é meu e você não tem permissão de entrar aqui.

— Tudo nessa mansão pertence ao seu pai, Charlotte. — Samantha retorquiu, convencida — E, portanto, também pertence a mim.

— Oh, você acha? — dessa vez, foi Charlie quem gargalhou, cheia de desprezo — Pois saiba que tudo o que meu tinha, e que perdeu graças à estupidez dele mesmo, pertencia à família Foster. E, daqui a um ano, quando tudo o que me pertence por direito finalmente puder ser colocado no meu nome, então nós vamos ver com quem essa droga de mansão e todos os carros e joias que você tanto ama vão ficar. — cruzando os braços sobre o peito, ela estreitou os olhos, profundamente satisfeita ao ver a expressão de Samantha se contorcer de ódio.

— Sim, queridinha, é claro que veremos... — sua madrasta murmurou entre dentes, com os olhos azuis tingidos de um brilho perigoso que fez um arrepio descer pela espinha de Charlie, embora ela tenha disfarçado — E você não perde por esperar, pode apostar...

— Obrigado pelo aviso. Agora pode dar o fora. Já vi sua cara o suficiente por hoje. — Charlie estava prestes a bater a porta na cara dela, quando Samantha a segurou no último momento, com um sorriso maldoso esticando os lábios cobertos de vermelho.

— Oh, e sobre Morgan, se eu fosse você, desistiria. Não que eu espere que uma garotinha idiota e feia como você entenda, mas... Homens como ele não estão à procura de alguém que está sempre coberta de pelos e cheirando à vômito de cachorro. — sua madrasta deu de ombros, jogando o longo cabelo loiro sobre o ombro — Eu estou realmente tentando ser legal e impedir que você tenha seu pobre coraçãozinho inocente partido, então, apenas aceite o meu conselho: deixe as mulheres de verdade tomarem conta dos homens de verdade. — ainda com aquele sorrisinho cínico, Samantha piscou para ela — Considere esse o meu presente de aniversário.

Como Seduzir o Seu MaridoWhere stories live. Discover now