Capítulo 5

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Chiara Collalto

Por aqui, as coisas funcionam bem cedo. Levantamos antes das cinco da manhã para oração, tomamos café e depois cada uma faz a sua função dentro do convento, para mantê-lo organizado.

— Chiara? — Irmã Maria entra no quarto, procurando por mim.

— Oi, irmã. — Saio do banheiro. — Precisa de alguma coisa? Estou finalizando a limpeza do banheiro.

— Arrume suas coisas.

Olho para a irmã e para Giovanna, um pouco confusa.

— Por que ela tem que arrumar as coisas? — Giovanna pergunta, tão confusa quanto eu.

— O assunto não é com você, Giovanna. E ande logo, Chiara, não temos tempo. — Gira nos calcanhares e sai do quarto, sem dar nenhuma explicação.

— Você está indo embora? — Giovanna vem até mim e segura nas minhas mãos. — Amiga, o que será que está acontecendo?

— Eu não sei.

— O homem que te salvou, ele deve ter vindo buscá-la após a notificação da madre. — Chega a única conclusão óbvia para justificar a minha saída. — Pelo menos você tem alguém lá fora. — Faz carinho no meu rosto. — Que seja feliz, minha amiga, sentirei a sua falta.

Puxo-a para um abraço apertado.

— Também sentirei a sua falta, muito.

Fico abraçada com ela por longos segundos, acariciando seus cabelos, sentindo o meu coração partido por ter que me despedir e também ansioso, sem saber o que me espera.

Pego minhas coisas em meio às lágrimas, tanto minhas, quanto de Giovanna. Como não tenho roupas para pegar, além das que uso no convento, junto as peças íntimas e vou ao banheiro pegar minha escova de cabelo, desodorante, shampoo e outras coisas pessoais.

— Você que é a Chiara? — Escuto uma voz grave perguntar por mim e olho pelo cantinho da porta do banheiro.

— Não. — Giovanna fala tão baixo que quase não consigo ouvi-la.

— Santo Cristo! — A irmã Maria entra no quarto. — Senhor Lorenzo, não pode entrar no quarto das moças. Giovanna, vá colocar o véu imediatamente! — Ordena.

Giovanna corre para pegar o véu e saio do banheiro, finalmente vendo a figura máscula e imponente à minha frente. Lembro-me dele, não é o homem que me salvou, mas estava com ele naquela noite. Foi quem me levou para o carro e também quem me trouxe aqui.

— O véu, Chiara! — Irmã Maria também me repreende e eu corro para cobrir meus cabelos.

— Chiara. — Ele me cumprimenta. — Tudo pronto? Podemos ir? — Assinto. — Se lembra de mim? Sou o Lorenzo. — Novamente assinto. — Ótimo, então vamos. — Aponta para a porta.

Olho para Giovanna mais uma vez e corro para abraçá-la. Talvez essa seja a última vez que nos veremos, mas espero, do fundo do meu coração, que não.

— Vamos. — Lorenzo me chama novamente, parecendo estar sem paciência.

— Sentirei muito a sua falta, Gio. Amo você, amiga! — Faço carinho no seu rosto, limpando suas lágrimas e ela faz o mesmo comigo.

— Também te amo, amiga!

Pego minha pequena bolsa.

— Tchau, irmã Maria.

— Vá com Deus, Chiara.

Dou alguns passos na direção de Lorenzo.

— Posso me despedir da madre Tereza? — Pergunto.

— No momento ela não está, outra hora você faz isso. — Responde secamente e caminhamos para fora do quarto.

Evito olhar para trás para não desabar em lágrimas.

Hoje o dia está bonito, não tem uma nuvem sequer no céu e o sol mostra sua majestade.

— Entre ou então morrerá de calor nesse sol. — Abre a porta do luxuoso carro para mim.

Entro e respiro satisfeita por estar fresco aqui dentro.

— Não tem uma roupa mais fresca para usar nesse lugar? — Questiona ao entrar no carro e arqueio a sobrancelha. — Claro que não. — Ele mesmo responde a sua própria pergunta e isso me faz rir.

— Posso perguntar para onde iremos? — Faço a pergunta no momento em que ele dá partida no carro.

— Para a casa de Lucca. — Responde sem me olhar, prestando atenção na estrada.

— O homem que me salvou? — Sei que esse é o nome dele, mas pergunto para ter certeza de que estamos falando do mesmo Lucca.

— Sim.

Assinto e decido que é melhor ficar quieta. Encosto a cabeça na janela e fico apreciando o caminho. Afinal, já tem oito anos que não saio na rua. Não somos autorizadas a sair do convento, não podíamos ter contato com homens, manter nossa inocência era prioridade.

— Gosta de algum tipo de música? Caso tenha preferência, pode escolher — Aponta para o rádio.

— Não conheço as músicas atuais.

Ele abre um pequeno sorriso e dá um leve aceno de cabeça.

Andamos por cerca de uns quarenta minutos e chegamos a casa que tenho nas minhas lembranças, fiquei aqui por apenas uma noite, mas o suficiente para gravá-la na minha memória. Assim como o dono, foi o meu refúgio.

Pego minha bolsa e desço do carro quando ele termina de estacionar.

— Andréa! — Lorenzo grita, chamando a governanta da casa.

Lembro-me dela, foi quem me deu café da manhã antes que eu partisse para o convento.

— Oi, senhor Lorenzo. — A senhora aparece e ao me ver abre um lindo sorriso. — Chiara? A pequena Chiara?

— Sim. — Lorenzo é quem responde por mim. — Leve-a para o quarto e prepare algo para ela comer. Lucca já saiu?

— Sim, o Senhor Savoia saiu logo após a sua saída.

— Até mais, meninas. — Lorenzo se despede e sai.

— Olá, Andréa. — Me aproximo e dou um abraço carinhoso nela.

— Minha menina, como você está linda! — Segura nas minhas mãos, abrindo os meus braços. — Veja só, não é mais uma menina, agora é uma mulher, uma linda mulher!

— Obrigada! — Sorrio.

— Vem, vamos colocar suas coisas no quarto. Vou preparar um almoço bem gostoso para você. O que gosta de comer, hum?

Começo a rir, adorando todo esse carinho.

— Como de tudo.

Não sei dizer exatamente o que gosto de comer. No convento não tínhamos esse tipo de escolha e apesar da comida não ser tão ruim, não é das melhores, sempre com pouco tempero para não arruinar nosso estômago, como a irmã Maria falava.

— Certo, vou preparar algo bem delicioso. Você quer me ajudar?

Estamos subindo as escadas. Olho para todos os lados e tudo está exatamente igual, sombrio.

— Claro, quero sim.

— Temos que arrumar roupas adequadas para você ou ficará com essas? — Aponta com o queixo para as minhas vestimentas.

— Não tenho outro tipo de roupa sem ser essa.

— Certo, daremos um jeito nisso.

Apenas assinto e continuo seguindo-a.



AVISO: Esse é o último capítulo degustação. Amanhã (24/02)  vou revelar a data que o livro estará disponível (completo) na Amazon. 

Se você não me segue ainda @escaane ou Autora Ane Le.

Beijossss.

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⏰ Last updated: Feb 23, 2023 ⏰

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