Um Quase Amor

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A rápida conversa que teve com Leonardo foi o suficiente para deixá-la mal por tê-lo traído. Não, Giovanna não era burra, sabia que o marido tinha casos extraconjugais, mas o fato dela também protagonizar algo desse tipo a incomodava.

Certo dia, quando Léo estava com pressa demais, a pediu para atender seu celular enquanto terminava seu banho. Quando atendeu a chamada de "Anselmo", mas não foi uma voz masculina que ela ouviu, pelo contrário, foi uma voz extremamente feminina e vulgar dizendo que estava o esperando no hotel de sempre. Giovanna jamais poderia se esquecer daquilo. Nunca disse nada, mantinha aquele segredo há mais de 5 meses e era sufocante.

Nenhum fato justificava sua traição, não era sobre o marido, era sobre si própria. Aquela atitude falava sobre seu caráter, não sobre Leonardo.

Chegou à editora sem muito ânimo, ninguém ali parecia exatamente animado, estavam todos cansados pós festa. Contudo, algo a incomodou absurdamente: alguns de seus funcionários não paravam de a encarar. Ela não conseguia entender o que aqueles olhares queriam dizer, as pessoas nunca se portavam daquela maneira ali.

Por um instante cogitou que alguém pudesse tê-la visto entrando no carro de Alexandre, ou pior, que alguém tivesse visto eles se agarrando e que, a partir daí, especulações estivessem circulando. O mundo parecia a acusar por ter cedido ao desejo de estar com Nero. Ou seria ela mesmo?

Sua mente estava nublada, nada coerente poderia surgir naquele momento.

...

Alexandre teve dificuldades para lidar com a sua insônia ao decorrer dos dias entre domingo e quarta, a loira simplesmente não o deixava em paz. Nero desejou que a forma de tê-la consigo a todo momento fosse outra, mas infelizmente era apenas o vislumbre de tudo o que já haviam vivido naquele curto espaço de tempo.

As coisas pareciam estranhas, Antonelli não respondeu sua mensagem quando ele a perguntou se estava tudo bem e aquilo era indicativo de que a resposta era não. Meditou muito sobre qual atitude tomar e por fim optou por visitá-la na editora. Não queria invadir seu espaço pessoal, mas também não podia aguentar mais tempo sem notícias suas.

Ainda era manhã quando Alexandre chegou ao prédio comercial, o local estava bem movimentado, talvez as pessoas estivessem desesperadas para concluir os trabalhos antes do recesso de fim de ano. Ele foi surpreendido por uma mulher já conhecida, entretanto o seu nome era uma completa incógnita. Era a designer com quem dançou na confraternização para provocar Giovanna. Agora, vendo-a claramente, podia afirmar que ela era muito bonita, não o suficiente para se equiparar à sua Musa.

— Mariana, Nero! — A moça riu quando o percebeu confuso.

— Isso! Desculpa, eu ando mal no quesito memória. — Riu de volta afagando seu ombro.

— Problema nenhum, nós não estávamos exatamente sóbrios. Bom, te parei para avisar que sou a designer responsável pela capa do seu livro e que em breve vamos começar a traçar alguns esboços. — Explicou com um sorriso e segurou o antebraço dele, parecia uma situação muito confortável e íntima para quem os via de fora.

— Ótimo, eu tenho uma noção do que quero para essa capa e já ten... — Sua fala morreu quando viu Giovanna saindo da sala de reuniões acompanhada de Flávia, a mais nova adotou uma feição de raiva ao encarar seu contato com Mariana.

Ela estava perfeita, vestia uma chemise branca, aberta dentro do limite imposto pelo ambiente, a cintura estava demarcada com um cinto preto e largo, os pés estavam adornados com uma sandália na mesma cor. Um monumento, ele pensou.

Alexandre quis sair correndo para falar com ela, travou-se apenas porque sabia que isso chamaria muita atenção, mas podia vê-la soltar fogo pelas narinas. O que Giovanna estaria pensando? Que ele iria se agarrar com alguém nos corredores da editora sem que esse alguém fosse ela?

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