18. Dona da minha cabeça

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In a room full of art. I'd still stare at you


Narração Pedro - back

- Que isso Pedrin, depois de um hat trick tu falta o treino e ainda aparece com essa cara de morto, isso tudo foi comemoração?- Gabi fala quando me vê entrar na academia do CT e todo mundo para pra ouvir a conversa, não tem jeito são um bando de fofoqueiros mesmo.

- Mano como vocês são fofoqueiros, oh geral ligado na conversa.- falo apontando pra eles que pararam o treino pra ouvir minha resposta.- Beatriz passou mal ontem e a gente ficou o dia no hospital, satisfeitos?

- Cê ficou lá cuidando dela? Que bonitinho cara- João fala me zoando

- Que atencioso mano, como é que os jovens chamam isso mesmo? Ah lembrei, Friendzone- David fala gerando a maior gargalhada da galera

- Vocês estão cheios de gracinha hoje ein. É claro que eu não ia deixar ela sozinha no hospital, mas agora eu vou treinar que é o que todo mundo aqui devia tá fazendo.- eu falo e vou começar meu treino enquanto eles ficam rindo.

Sendo realmente sincero eu poderia ter deixado Bia no hospital, mas eu não consegui. Quando ela desmaiou nos meus braços foi como se a conexão doida que a gente criou nos últimos meses tivesse se tornado algo muito maior, como se agora fosse minha responsabilidade cuidar dela, como se ela fosse, sei lá, minha. O rosto dela branco como papel e a possibilidade de não ter aparecido lá no momento exato me assombrou o dia inteiro. Agora, a mulher forte e alegre tinha ganhado mais uma versão, a da bonequinha de porcelana, que mais ninguém além de mim tinha o dever de cuidar, e nos dias seguintes precisei lidar com esses pensamentos indo e voltando.

Primeiro eu comecei indo almoçar com ela pra ter certeza de que ela estava comendo de verdade, a possibilidade de que ela tivesse algum distúrbio alimentar não saia da minha cabeça.

- Pausa no trabalho Biazinha, vamos almoçar- eu falo entrando na sala dela.

- Meu Deus Pedro que susto! Será que uma vez na vida Laís não pode avisar antes que tu entre assim como se tivesse em casa?- ela fala irritada porque estava tão concentrada que se assustou, mas eu acho fofa essa cara de brava.

- São quase uma da tarde Bia, a Laís tá almoçando.- eu falo e vejo ela olhar o relógio percebendo que é verdade.- Vem, você precisa comer- eu falo chamando ela que se levanta e pega a bolsa vindo na minha direção nem um pouco satisfeita por eu ter razão.

- Vai demorar muito pra tu acreditar que eu tô bem e esse surto passar?- ela me pergunta quando estamos terminando de almoçar

- Eu acredito em você, só preciso ter certeza.- eu falo tentando me explicar, mas sabendo que nem eu mesmo me entendo muito.

- Então olha bem no meu olho e presta atenção no que eu vou te dizer tá.- ela fala sério e eu só concordo focando a minha atenção nela.- Eu gosto de comer, posso ser chata e ter vontades bem específicas às vezes, mas gosto de comer. Eu sei que eu sou bonita, eu não malho pra ter um corpo escultural e irreal, até porque eu amo cada curva desse aqui, o problema é que às vezes eu tendo a ser workholic, é só isso.- ela fala séria, quase brava, e eu entendo ela, mas acho que meu cérebro travou um pouco quando ela falou que é bonita porque eu não posso discordar, na verdade eu diria que ela é linda, e se eu começar a pensar o quanto ela tá certa sobre as curvas que ela mencionou, eu vou perder um pouco da minha racionalidade, então eu me concentro em responder adequadamente.

- Tá bom, eu entendi, eu concordo que você é linda e eu até diria que não tem como melhorar- eu falo dando um leve olhar de conferida que eu não consegui controlar.

Amigos Até Certa Instância(Em Pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora