Capítulo 40

301 20 9
                                    

Renata

A gente almoçou, lavou as louça, deu tempo até de tirar um cochilo, e nada de Igor. Anoiteceu e eu já tava me convencendo de que ele não vinha me ver, mas percebi que me enganei quando ouvi Isabele dizer "ela tá ali, vai lá. Seja educado, por favor", ri baixo pelo jeito que ela falou e continuei ali esperando ele se aproximar.

Igor: E aí, coroa. - é estranho ouvir a voz dele depois de tanto tempo, pq agora ele não é mais o meu menino, aquele que tanto me amava e que corria feliz pra me abraçar quando chegava da escola. O tempo voou pra ele, pra mim parou naquela noite. Pensei que ele não ia querer me abraçar, então estendi só a mão. - tá com vergonha pq? - me puxou.

Renata: Eu tava com tanta saudade. - ele beijou minha cabeça, me abraçando forte.

Igor: Tô ligado, pô. - passou a mão no meu cabelo. - aí mãe, pega visão. Peço perdão se te passei uma má impressão sobre mim de que eu num gostava de tu, morô? Eu te amo e não importa o que tu fez.

"Eu te amo", foi exatamente isso que ele me disse, acendeu o brilho que por anos ficou apagado. Isso aqueceu meu coração de uma tal maneira que ele nem imagina.

Renata: Tudo bem, eu te entendo. Eu te amo muito, muito. - ele sorriu de canto, me puxando pra sentar.

Conversar com Igor me fez sentir toda aquela felicidade que eu sentia antes daquilo acontecer, me fez parar pra pensar o quanto eu era apaixonada pelo meu marido e que a gente vivia tão bem que nem parava pra pensar que um dia aquilo podia acontecer. Não me arrependo, só sinto falta de todos os momento.

Agora cá estou eu, morando em Sepetiba, refazendo minha vida depois de vinte anos jogado fora no presídio, tenho que cumprir dez de serviço comunitário e tentando me reaproximar do meu filho.

Só de pensar nessa reviravolta toda, me dá vontade de me esconder e nunca mais sair. Queria voltar no passado, lá no começo quando eu e Wesley era feliz, pq naquela época não importava os problema, nós sempre dava um jeito de fazer tudo ficar bem. Choro sempre que lembro dessas parada. Dá agonia só de pensar que nunca mais vou poder sentir aquelas merma sensação.

Pq teve que ser assim? Não boto a culpa em Solange, ele fez pq quis, mas e se não tivesse feito? Como eu queria que ele não fizesse nada disso. Mas tudo bem. Quando uma história se inicia, o fim dela já tá escrito, essa foi a minha, eu só não esperava que esse seria o fim.

Realmente, aquele foi o fim de uma felicidade, de uma história que me permitiu ser a minha melhor versão. Lá naquele tempo, eu achava que onze anos era uma eternidade ao lado dele, me sentia vivendo uma vida toda de pura sorte por ter alguém tão recíproco. Mas aí, passou exatamente vinte anos e eu vi que isso sim foi uma vida toda. Aquilo tudo que eu vivi por onze anos foi só um longo momento que o tempo levou, e dói muito saber que foi só isso e nada mais.

Dez anos junto com Igor, se for parar pra pensar, eu não conheço o meu próprio filho, e a culpa é de quem? A culpa é minha. E o que eu posso fazer pra mudar isso? Nada, eu não posso fazer nada!

Se eu parar pra fazer uma boa reflexão a única pergunta que sobra é "de que vale viver hoje, depois de tudo?", Só o tempo vai poder me responder isso, apenas ele, pq nem eu consigo.

Só sei que agora, nesse exato momento, eu tento me manter forte pela minha família, pq ela me faz sentir como se eu ainda tivesse no começo.

Wesley: Eu te amo, minha deusa.

Renata: Eu também te amo muito, meu amor.

Foi assim que se iniciou e foi assim que terminou, apenas me deixei viver o calor que logo virou frio.

Fim...

Eu, o Morro e ElaWhere stories live. Discover now