Numa manhã de verão, um alfaiate estava sentado na porta de sua simples casa, costurando enquanto sentia a brisa o refrescar.
O vilarejo em que o alfaiate morava era realmente muito rico, homens e mulheres viviam de sua agricultura e geleias, o pequeno alfaiate era o homem mais pobre do vilarejo porém não se deixava abalar pelos comentários maldosos em relação à sua pobreza.
Na casa do alfaiate, existia uma pequena despensa em que ele guardava um pouco de sua comida e nos cantos de sua casa, alguns pães envenenados para os ratos.
Um caçador sempre passava em frente a casa do alfaiate e o mesmo sempre gritava para o rapaz:
Alfaiate! Deve mudar de negócio
Algum dia irá precisar de mais que agulha e linha para sobreviver.O alfaiate apenas ignorava, não deixaria nunca de fazer o que ama, nem que tivesse de comer tecido quando o inverno chegasse.
Todos sabiam que o alfaiate era gentil, seu coração era mole como gelatina, crianças maldosas sempre batiam em sua porta pedindo por comida e quando o homem abria a porta, elas entravam e começavam a estragar as coisas pessoais do alfaiate.
Senhoras comentavam:
Ora, esse alfaiate é muito inocente
Se continuar com tal atitude
Ele sempre ficará por baixo!
Vão continuar se aproveitando de sua boa vontade.O alfaiate sempre ignorava todo e qualquer comentário relacionado a sua bondade, ele sabia que ter uma boa estadia com os deuses era melhor do que se tornar um homem perverso e egoísta.
Em um fatídico ano, todo o vilarejo foi atacado por uma praga, todos que entravam em contato com a plantação começavam a apresentar fadiga, cansaço extremo e febre, os sintomas apenas pioravam com o esforço, logo todos com excessão do alfaiate foram atingidos pela praga.
As pessoas foram até a porta do alfaiate e gritaram:
Alfaiate, pedimos perdão
Pode nos conceder um pouco de pão?- Ora, agora estão me implorando por comida? Não tenho nada, nada além de alguns pães. O alfaiate respondeu com calma.
- Eu aceito! Estou com tanta fome desde que minhas plantações se foram. Uma senhora se pronunciou.
- A senhora julgava minha bondade, dizia que eu era inocente, se quiser um único pedaço de pão deve arrancar um de seus dentes!
Assim a senhora se afastou e retornou com um alicate, dizendo ao alfaiate para arrancar seu dente, o homem se negou a fazer isso e ordenou que ela mesma o fizesse... Grande erro, a mulher machucou sua gengiva e rasgou um nervo, estava destinada a morrer.
- Alfaiate, a velha morreu. Me dê um pouco do pão, nós somos amigos, não somos? O caçador zombeteiro teve sua vez de falar.
- Senhor caçador, me dizia todos os dias que minha pessoa devia mudar de negócio e deixar de fazer o que amava, a você só darei comida se cortar um de seus braços com seu próprio machado.
O caçador assim o fez e entregou o braço ao alfaiate, muitos fizeram o mesmo pedido ao homem mas ele sempre dizia para arrancarem alguns de seus membros por conta de sua maldade passada.
Depois de tanto sangue derramado, o alfaiate chamou todos para dentro de seu humilde casebre e os fez sentar na mesa de jantar, colocou braços, pernas, pedaços de pele, unhas e todos os tipos de vestígios humanos imagináveis na mesa e logo disse:
Aqui está, um verdadeiro banquete para vocês se deliciarem!- Está louco? Não podemos comer isso. Uma jovem disse. - Nos dê o maldito pão.
O alfaiate assentiu e colocou pães belíssimos sob a mesa, assim fazendo que todos começassem a comer como animais famintos.
Depois de alguns minutos, todos estavam mortos ou convulsionando no chão e o alfaiate disse com voz baixa:
O único pão que eu tinha, era o pão envenenado
Se tivessem comido as partes de seus corpos, estariam feitos
Mas todos escolheram a morte e eu não me arrependo.O alfaiate utilizou dos corpos para costurar roupas e se aquecer no inverno, comeu suas carnes e fez ensopado com seus órgãos, viveu feliz e em completa calmaria até seus últimos dias.
O velho alfaiate recebeu um castigo divino, se tornar uma criatura desmembrada, um ser humanóide que arranca seus braços, pernas e até cabeça, vivendo em sofrimento constante e desespero sem fim, cuidado ao encontrar um vilarejo abandonado pois o alfaiate pode estar ali esperando para comer sua carne.
CITEȘTI
Historietas assombradas
Proză scurtă-Nome inspirado no desenho de terror infantil. Tudo consiste em histórias feitas por mim em um pico de criatividade, das de "terror psicológico" até as de "mistério", espero agradar quem puder ler esses pequenos contos.