Epílogo

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Uma semana havia se passado desde a partida de Percy Weasley para Durmstrang. Gina havia ficado profundamente melancólica nos primeiros dias, porém, com a promessa de que poderia visitar o irmão em breve, ela havia, lentamente, começado a se sentir melhor.

Harry, por outro lado, ainda se sentia culpado por tudo o que havia acontecido e ainda sentia-se profundamente contrariado toda vez que precisava sair do lado da esposa, assim como naquela tarde.

Hermione havia o chamado para o palácio, para uma reunião de emergência, de forma que ele não pudesse recusar o pedido. Ele mesmo tinha algumas coisas que precisava dizer à monarca.

Quando chegou, a Sra. McGonagall o levou para o jardim sul, onde Hermione o esperava. Diferentemente do que havia esperado, Hermione não estava o esperando em uma mesa posta ou em uma postura tensa que denunciava sua posição, como ele havia pensado. Na verdade, a monarca parecia em um momento de lazer, sentada em uma toalha sobre o gramado, observando enquanto Draco lia um conto de fadas para os filhos gêmeos.

Lorde Malfoy, ao ver Harry, acenou rapidamente, porém não desviou a atenção da leitura. Rose, com os cabelos loiros espalhados em volta de sua cabeça como uma aura, apontava para uma das ilustrações do livro e balbuciava palavras incompreensíveis, enquanto Scorpius, quase dormindo, repousava a cabeça no ombro do pai.

—Majestade —Harry chamou em voz baixa, chamando a atenção da monarca que ficou em pé imediatamente.

—Harry, perdoe-me. Acabei me distraindo com Draco e as crianças —ela justificou, soltando um suspiro feliz ao dar mais uma olhada para a família. —Venha comigo.

Hermione não levou Harry para o interior do castelo, muito menos para seu escritório. Ela caminhou ao seu lado pelo caminho que levava do palácio à Arena, onde aconteciam os treinos da guarda-real. Harry suspirou, nostálgico.

—São muitas memórias, não é? —Hermione sorriu, cruzando os dedos em frente ao corpo. Harry concordou com um aceno de cabeça. —Eu lembro dos meus primeiros dias aqui no palácio. Você me pegou quando eu tentava escapar de Draco e das infinitas cartas que eu precisava responder. Você me levou para um passeio pelo jardim e disse que eu só precisava de tempo para me habituar aos meus compromissos como rainha.

—Eu lembro. —Harry riu. —Eu prometi que a ajudaria a fugir de Malfoy sempre que precisasse. Por acaso é por isso que me chamou?

—Não, de forma alguma —Hermione riu. —Embora eu agradeça a preocupação.

Hermione e Harry ficaram em silêncio por alguns minutos. Por algum motivo, Harry teve a impressão que Hermione escolhia as palavras que diria a seguir e decidiu lhe dar algum tempo para pensar. Ele observou os caramanchões que, naquela época do ano, apenas sustentavam os galhos secos e retorcidos das árvores. Inúmeras vezes, Harry havia passado por aqueles caminhos. Por que agora ele sentia um sabor agridoce ao fazer isso mais uma vez?

—Sabe, eu o chamei aqui hoje para lhe fazer uma proposta. —Hermione começou virando levemente para ele. Ela tinha um sorriso sem humor em seus lábios. — Estou expandindo o parlamento e vou criar o ministério do comércio e da justiça. Eu tinha esperança que você aceitasse assumir o último.

—Majestade, eu...

—Mas você veio aqui hoje para me dizer que não será mais meu conselheiro —Hermione suspirou, um sorriso triste pintava seus lábios. —E, sinceramente, Harry, eu sinto que não tenho argumentos para convencê-lo a ficar.

Harry soltou um suspiro resignado. Ele deveria imaginar que a garota adivinharia seus pensamentos antes que ele mesmo fosse capaz de elaborá-los. Hermione sempre pareceu ter essa habilidade de saber tudo o que os outros estavam pensando.

Murky WaterWhere stories live. Discover now