7. Defensor

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      San se tornou um amigo próximo de Yeosang.

      Eles saíam bastante juntos para as festividades que aconteciam na praça central da colônia. Viam shows de música, teatros, saíam para fazer compras...San tinha até dado um presentinho para Yeosang: um globo mágico que caía neve de verdade.

Os dois estavam sempre grudados, nunca faziam atividades de lazer sem a companhia do outro. Yeosang tinha quase toda a quantidade suficiente de dinheiro para ter uma nova casa para alugar, mas até sobre isso estava conversando com San. Eles planejavam alugar um lugar juntos ou ao menos perto um do outro.

E Yeosang fazia isso tudo sozinho.

Depois de seu beijo com Mingi, ele ficou muito envergonhado, então os dois mal conversavam um com o outro. Toda vez que o olhava, seu rosto esquentava e ele só queria sair logo dali.

       E Mingi...ele ainda tentava controlar seus sentimentos. Yeosang era delicadamente adorável. O cabelo preto comprido, os olhos pretos como buracos negros, o sorriso bonito, os vícios que ele tinha de fazer biquinho e se balançar enquanto ri de algo...

Não era nem um pouco parecido com Yuju, mas seu coração acelerava igual.

Ele via Yeosang sair com San quase todos os dias, e não negava que sentia uma certa inveja. Mingi queria conhecer Yeosang melhor, se aproximar e descobrir novas coisas sobre seu colega de casa.

Naquele momento, Kang estava se arrumando para sair com San. Tinha vestido uma camiseta branca e uma calça jeans, colocou um sobretudo leve que era amarelo-escuro. Estava se maquiando, passando um batom e fazendo seu delineado.

-Você gosta dele?- Mingi perguntou. Estava brincando com um Tamagotchi, jogado em sua cama e tentando alimentar seu bichinho (o que era um trabalho extremamente difícil). -Tá se maquiando todo pra ele.

-Eu gosto de maquiagem. - Yeosang ajeitou os cantos de seu batom borrado. -Não estou passando só por causa do San.

-Mas você gosta muito dele. -Mingi falou, estava animando seu bichinho, que ele tinha chamado de Kang Yeosang. -Sempre saem juntos.

-Somos amigos. Você entenderia se tivesse algum.

Mingi ficou em silêncio. Ele deixou o brinquedo de lado e se levantou.

-O que?

-Não cansa dessa solidão?- Yeosang passou uma sombra alaranjada. As maquiagens para fantasmas eram diferentes, mais leves e que pareciam mais com algo mágico. Mas funcionavam igual. -É bom ter amigos.

Mingi riu, sem humor. -Eu já tenho contato o suficiente com as pessoas.

-Eu e Iansã? Isso não me parece suficiente.

Eles se olharam. -Você e eu temos ideais diferentes, Yeosang. Não somos uma única pessoa.

Kang deu de ombros. -Não concordo com o fato de você gostar de viver sozinho. Eu passei toda a vida sem nenhum amigo. Eu dou graças a nosso Deus que não passo mais por isso. Conheço os garotos do purgatório, Jongho, as mortes. Isso sim é o suficiente.

Mingi revirou os olhos. Estava cansando daquele assunto.

        -Eu não mereço companhia, esse é o problema.

         Os dois ficaram em silêncio, Yeosang só encarou Mingi sem dizer nada. Ele até ia consola-lo e perguntar por que ele achava aquilo, mas foi interrompido pelo som do apito do computador. Os dois olharam para a tela e viram o radar piscando com um ponto em verde bem no meio dele. Mingi bufou.

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