Cap. 24 - Mudança

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Maraisa havia deixado Yasmin na escola naquela manhã, mal havia visto os pais, e iria até a casa de Marília. No caminho, lembrou que tinha esquecido em casa os equipamentos básicos que ela usaria na mudança.

Deu a volta com o carro, estacionando na frente da mansão, saiu às pressas do automóvel, o travando apenas com o controle. Maraisa foi em passos apressados até os fundos, entrando no quartinho que era mais como um depósito, buscando por algumas ferramentas que precisaria para poder ajudar a desmontar as últimas coisas de Marília. Juntou todos os equipamentos necessários dentro de uma caixa de papelão, a empilhando uma a uma até ter seis ou sete.

A doutora voltou a atravessar a casa, indo para o lado da frente agora, abriu o porta malas do seu carro ao chegar na calçada, e encaixou todas as coisas ali da melhor maneira.

- Vai onde mesmo? - a morena se assustou, ao ter a voz da mãe em seus ouvidos, assim que fechou o porta mala.

- Ai mãe, assim você me mata. - colocou a mão sobre o peito, respirando fundo.

- Não seja fresca, menina. - Almira revirou os olhos entregando a garrafinha térmica de água, que estava em suas mãos, para a filha.

- Obrigado mamãe - Maraisa sorriu tímida, pegando a garrafa de cor roxa, levando até os lábios de forma delicada, sorvendo o líquido com rapidez.

- Estava esquecendo de tomar água, que feio dona Carla Maraisa. - a repreendeu. - Inclusive, muito obrigada por ter levado sua irmã para a aula hoje, seu pai se atrasou e acabou por chegar tarde, até mesmo no hospital.

- Papai não toma jeito. - Maraisa negou com a cabeça, entregando a garrafinha de 500ml vazia nas mãos de sua mãe. - Eu tinha prometido a ela mesmo, já que agora quase nunca estou em casa.

- Eu é quem o diga Maraisa, acho que te perdi pra Marília de vez. - a mais velha debochou e Maraisa caiu em uma gargalhada gostosa.

- Não diga isso, te amo demais. - Maraisa abraçou a mais velha.

- Sei que está cuidando dela e verificando tudo para que o bebê esteja bem, fico feliz por isso. - Admitiu.

- Obrigada mãe. - a mais nova sorriu. - Respondendo sua pergunta, é hoje que Marília se muda para uma casa aqui no condomínio ao lado do nosso, então vou ajudar a empacotar as últimas coisas e ajudar com a mudança, é claro. - Maraisa explicou como se fosse a coisa mais obvia do mundo.

- Hum. - murmurou apenas, pensando. - E as coisas do Murilo? - Maraisa suspirou ao se lembrar dele.

- Raul já apareceu ontem a noite para buscar. - Almira assentiu. - Mãe, eu vou indo, já temos que esvaziar a casa por completo.

- Tudo bem querida, vá. Tomem cuidado e não esqueçam de comer antes de dormir.

- Não vou dormir lá. - Maraisa explicou, e ficou sem entender ao ver a mãe cair em uma gargalhada. - O que houve?

- Conte-me outra filha, eu quem lhe pari, sei de tudo que se passa nessa sua cabeça. - Almira sorriu terna. - Vai logo, eu te amo.

- Tudo bem, também amo a senhora, caso eu fique na casa, te aviso antes. - Almira assentiu só pra filha parar de falar, mas ela sabia que Maraisa dormiria fora.

A morena caminhou até a porta da frente do automóvel, entrando no carro em segundos. Almira estava em pé na calçada enquanto pensava coisas e mais coisas. Antes que Maraisa pudesse girar a chave na ignição, ela disse :

- Ah, e Maraisa... - A morena lhe fitou. - Você e Marília formam um belo casal, ainda mais com meu netinho. - Maraisa sentiu as bochechas esquentarem com o comentário da mãe, apenas mandou um tchau com a mão e partiu em direção a antiga casa dos amigos.

Durante o caminho todo, Maraisa ficou pensando sobre o que a mãe lhe tinha dito. Era óbvio que ela amava Marília, e que imaginava as duas cuidando do bebê, que ela esperava ser uma menina para lhe poder colocar laços e mais laços no topo de sua cabeça.

Nem havia percebido que estava sorrindo mais do que de costume, quando estacionou o carro atrás do caminhão de mudanças, que já estava com dois empregados arrumando as diversas caixas acima da carreta. Maraisa se aproximou.

- Bom dia. - disse educada com um enorme sorriso.

- Oh, bom dia doutora. - O ruivo, de aparência mais velha, lhe apertou a mão.

- Como estão as coisas por aqui? - Maraisa perguntou curiosa, colocando as mãos dentro do jeans desfiado.

- Bem, já tenho três homens que já estão na casa, fazendo a montação dos móveis em que a dona Marília pediu para levar.- Maraisa assentiu.- Esse foi o último móvel, já estamos indo doutora.

- Positivo, nos encontramos lá então. - o homem sorriu simpático e bateu na cabine do caminhão, o automóvel logo se ligou e partiu em direção a casa.

Maraisa sorriu indo de volta até seu carro, abrindo o porta malas, pode perceber que não precisaria das ferramentas, e que de tanta euforia tinha se esquecido que havia contratado homens especialmente para a mudança.

Ela e Marília escolheram novos móveis para a sala, cozinha, e quarto de Marília e dos hóspedes. Ficaram de ver o do bebê apenas quando soubessem o que seria. Elas compraram tudo pela internet, e acabou chegando na mesma semana e sendo colocados dentro da antiga casa.

Elas também haviam decidido as cores novas das paredes, e mandado pintar, assim como aonde e de que forma os móveis ficariam. Marília apenas passou em uma folha, o desenho da planta da casa, para que os homens pudessem montar e arrumar.

Junto a essa equipe, estava um arquiteto para poder ajudar a decorar, Harry era o melhor naquilo que fazia.

- Vai ficar parada aí ou vai me ajudar a pegar minhas malas aqui dentro, Mara? - a voz de Marília lhe despertou de seus pensamentos, um sorriso tomou conta de seus lábios, prontamente Maraisa se virou rindo para a loira, e caminhou em sua direção.

- Cheguei, vossa alteza. - Marília riu do comentário da amiga, Maraisa abraçou sua cintura, deixando um beijo casto na testa da mais nova, e em seguida um beijo em sua pequena barriga.

***

Quatro horas depois, com a equipe tão competente, a nova casa estava com os cômodos essenciais todos devidamente mobiliados. Ambas estavam deitadas no sofá cama que ficou no quarto vazio, que seria o do bebê.

- Se for menina podemos fazer rosa bebê com chevron.- Maraisa murmurou para Marília, enquanto acariciava a barriga com dois de seus dedos.

-Eu gostei, é uma combinação nova e bonita. - Marília suspirou.

- Se for menino, a gente escolhe com calma outra hora. - Marília riu por saber que Maraisa estava louca por uma menina.

- Tudo bem então, dona Maraisa.

- Lila?

- Hum?

- Você vai fazer o chá no próximo mês ?

- Não sei Mara, vai que o bebê não quer se mostrar. - deu ombros.

- Eu já te disse para fazermos a morfológica.

- Não quero forçar, ele tem que demonstrar o sexo biológico dele quando ele quiser. - repreendeu a morena , que sentiu seu entusiasmo se esvaziar.

- Tudo bem patroa, cê que manda.

Um caminho para o destino | Malila Adapt.Onde histórias criam vida. Descubra agora