5 - Doutor Kim

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Kim Minju

Segunda-feira, 01h:57m, Bar Faca Afiada, Busan, Coréia do Sul. 

Eu prometo por tudo que é mais sagrado que não ponho mais os pés naquele maldito lugar.

Ha, esse pensamento parece uma piada ridícula agora. Uma piada sem graça nenhuma. Uma piada um tanto quanto deprimente até. E, o pior de tudo, uma piada definitivamente real.

Cá estou eu de volta ao Faca Afiada, bar suspeito que eu jurei jamais voltar todas as vezes em que o deixei. Cá estou eu engolindo de volta todas as minhas palavras para morrer engasgada com todas elas. Cá estou eu cara a cara outra vez com Seokjin, o dono sem noção do Faca Afiada. Pior ainda. Cá estou eu confiando minha preciosa vida aos cuidados médicos desse cara maluco.

Jungkook quem deu essa ideia absurda. Não foi nem uma ideia, ele só nos trouxe para cá e disse que Jin resolveria nosso problema. Ou seja, não tive a chance de me opor com todas as forças, assim como gostaria, a essa solução terrível para nossos arranhões.

Mas não há como voltar atrás. Já estou sentada num dos bancos altos perto do balcão, com Jungkook e Jin de pé, de frente para mim, me encarando como se eu fosse um sapo a ser analisado numa aula de ciências. Jin está com uma caixa de madeira velha e empoeirada nas mãos. Um tipo de kit de primeiros socorros horrendo que me faz ter certeza de que terei sorte se sair daqui viva até o fim da noite.

Enquanto isso, Jungkook está quieto, apenas observando tudo com as mãos nos bolsos da calça jeans sem nenhum interesse, deixando claro que só está aqui ainda por puro protocolo.

Jin tirou um vidrinho escuro da caixa junto a uma bolinha de algodão. Molhou o algodão com o líquido dentro do frasco e aproximou a bolinha de mim depois de largar o projeto de kit primeiros socorros no banco ao meu lado.

— Sai para lá com isso! — Exclamo, me esquivando do algodão encharcado daquele líquido suspeito.

— Isso é só antisséptico para limpar as suas feridas. — Explica Jin, sem paciência. — Fica quieta.

— Não! — Rebato me esquivando novamente de Jin e seu algodão radioativo. — Não confio em você! Nenhum pouco!

— Ah, pelo amor de Deus! — Vocifera o Kim, exasperado. — O que você acha que tem nesse algodão? E o mais importante, o que você acha que eu ganho te fazendo algum mal? Além, é claro, do prazer de nunca mais ouvir a sua voz?

— Aí está! — Acuso, apontando o dedo indicador para ele enquanto arregalo os olhos. — Você mesmo acabou de dar um ótimo motivo para querer me ver morta! Nem vem, eu não confio em você, seu médico de araque! Sai!

Jin tenta aproximar o algodão das palmas das minhas mãos que estão raladas, mas o empurro com meu pé bom. O outro ainda está impossibilitado de fazer qualquer movimento sem me causar uma dor lancinante.

— Socorro! — Berro a plenos pulmões enquanto Jin tenta segurar meus braços para passar o maldito algodão em mim.

— Fica quieta! — Jin agarra um dos meus braços enquanto tenta me imobilizar.

Uso minha mão livre para distribuir tapas por toda região livre do Kim que encontro. Ele se afasta assim que lhe dou um tapa no topo da cabeça. Quando encaro seu rosto, vejo que está furioso, com os olhos cerrados e o rosto vermelho de raiva. Ele solta o ar pelo nariz com força. Jungkook continua assistindo a tudo completamente desinteressado.

— Eu sei que prometi que te ajudaria, — Jin se vira para o moreno, a respiração descompassada. — mas achei que você me traria uma pessoa e não uma criatura selvagem.

Busan, amarga Busan •  JEON JUNGKOOKDonde viven las historias. Descúbrelo ahora