capítulo um

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Por onde começar... meu nome é Florence Wood, tenho 21 anos e nesse exato segunfo estou viajando para a Califórnia para realizar meu sonho de ver o mar. Na verdade, faço 22 anos amanhã e chegarem na Califórnia hoje a noite, então vou poder passar meu aniversário em contato com o oceano.

Está tudo perfeito, exceto o fato de que minha família anda muito estranha ultimamente. Por um momento pensei que eles soubesse
sobre Adelaide e eu.
Adelaide era minha melhor amiga no ensino médio, até que em uma festa de pijama na casa de outras amigas nós nos beijamos e isso, mais coisas, vem acontecendo desde então.
Agora ambas trabalhamos em um restaurante, eu como garçonete e Adelaide como ajudante de cozinha. Nós não nos amamos nem nada, não é uma paixão ou coisa do tipo, apenas gostamos de passar tempo uma com a outra.

Infelizmente nossa sociedade abomina tudo isso. Abomina duas mulheres serem felizes juntas sem precisarem de homem algum.
Enfim, alguns dias depois de estarem agindo estranho meus pais viram me contar sobre nossa viajem para a praia. Então deve estar tudo certo.
Provavelmente era algum problema com Jack, meu irmão mais velho.

Ele casou com Anne assim que se formou na escola, agora tem duas filhas, minhas sobrinhas Beatrice e Mary. Mesmo com um emprego bom, duas filhas e uma esposa maravilhosa, ele entrou para as drogas e trai Anne constantemente. No fim, sobra para os meus pais.

Chegamos a uma cidade chamada Lucia por volta das nove horas da noite e paramos em um hotel, aparentemente o único nessa cidade. Meu pai entrou para ver se haviam quartos disponíveis enquanto minha mãe ficou no carro esperando. Eu desci para esticar as pernas quando notei que estávamos bem em cima de um grande penhasco com vista para o mar.

"Mãe... é o mar. É O MAR!" Eu gritei enquanto corria até mais perto da beira. Abri os braços enquanto senti a brisa fresca vinda do oceano no meu rosto. Me sentei no chão de pernas cruzadas e olhos fechados escutando as ondas baterem nas pedras. Por uma vez na eternidade minha mente estava em silêncio.

Até que escuto um carro freiar bruscamente atrás de mim e me levanto assustada, limpando meu vestido. O farol do carro cegava a minha visão enquanto eu tentava me recuperar do susto.

"O que diabos a senhorita pensa que está fazendo sentada no chão de um estacionamento? Eu podia ter te atropelado." uma mulher disse saindo do carro verde.
Ela tinha o cabelo ruivo-escuro, quase marrom, altura mediana, vestia um uniforme verde azulado de enfermeira e usava batom vermelho nos lábios. Que mulher. Eu abri minha boca mas as palavras resistiram em sair.

"Você é surda ou- quer saber? Só não fique sentada no meio do nada na próxima vez." Ela havia pego sua bolsa de dentro do carro e estava prestes a se virar.

"De- Desculpe, senhora. Eu estava admirando a vista. Nunca vi o mar antes, é meu sonho desde criança..." eu digo olhando dentro de seus olhos castanhos.

"Nós temos uma vista incrível aqui, não posso negar. " ela diz conforme se aproxima da beira do penhasco, onde eu estava sentada antes.

"Eu poderia me acostumar com isso. O barulho das ondas, o cheiro, é simplesmente... incrível" eu disse olhando para ela, enquanto ela olhava para o oceano.

"FLORENCE, VENHA AQUI! ONDE VOCÊ PENSA QUE VAI?" meu pai grita enquanto tira as coisas do carro.

"Bem, tenha uma boa noite." eu digo envergonhada enquanto ando até meu pai.

"Você também" a mulher diz mais para si mesma do que para mim.

"O que você estava fazendo, Florence?" minha mãe, Antoniette, me pergunta.

"Eu estava vendo o mar, mãe. Sabia que estamos bem em cima de um penhasco? A vista é linda mesmo de noite. Imagina como isso vai ser de manhã." meu pai, Harge, me entrega minha mala e uma chave enquanto carrega sua própria bagagem, ignorando meus comentários.

"E quem era aquela mulher conversando com você?" ele pergunta.

"Não sei o nome dela, ela quase me atropelou com o carro, daí surgiu a conversa." eu respondo, e não estava mentindo.

"Conseguimos dois quartos, o seu é o 11, o nosso é o 3. Vê se não fica andando por ai, Florence. A mulher esquisita da recepção me disse que tem um serial killer a solta. Tome cuidado." ele diz enquanto abre a porta do quarto para que minha mãe entre.

"Tudo bem, boa noite para vocês."

Ando até achar uma plaquinha sinalizando os quartos 10 e 11. Meu quarto era bem aconchegante e aparentemente não havia ninguém no quarto 10, melhor para mim. Tomei banho, ajeitei minhas coisas e percebi que precisava de gelo. Provavelmente tem uma máquina de gelo do lado de fora, certo?
Coloquei meu robe vermelho e abri a porta do meu quarto, despreocupada pois pensei que estava sozinha.

Fechei minha porta e assim que virei me deparei com um homem parado em frente o quarto 10, esperando a porta ser aberta, e em segundos ela abriu, revelando que alguém ocupava sim o quarto 10, a mulher dos cabelos vermelhos.

Sai como se não tivesse visto nada. O que aquele homem estava fazendo batendo da porta dela uma hora dessas? Ele não é marido dela, ela não tem aliança.

Saindo dos meus pensamentos, volto ao meu quarto e me deito novamente, esquecendo completamente do gelo. Apago as luzes, deixando apenas o abajur do móvel ao lado da cama aceso, para aue eu pudesse ler meu livro.
Alguns segundos passaram até que comecei a ouvir... gemidos? Ah não. Não não não não.
Porque Deus faz isso comigo. Prestando mais atenção, eram apenas gemidos masculinos. Homens. Como eu tenho nojo de homens. Coitada da mulher dos cabelos ruivos.

Alguns poucos minutos depois o barulho para. Escuto a porta abrir e fechar no corredor. Ele foi embora finalmente. Será que ela estava bem? Aposto que ele não a agradou o suficiente. PARE FLORENCE, você não pode esperar que toda mulher pela qual você sinta atração tenha que ser como você.
Guardo meu livro, apago o abajur e finalmente vou dormir, ainda pensando da mulher dos cabelos vermelhos.

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Faz um bom tempo que postei esse capítulo aqui, só estava revisando já que editei minha outra fic, mas em breve posto outro capítulo aqui.
Não tenho certeza de nada, mas espero que aproveitem :)

Beautiful Trauma - Mildred Ratched X Original Character Where stories live. Discover now