VII

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Capítulo sete

Will passa apressado pelo pai, que o observa entrar, mas não diz nada. A mãe está sentada na mesa da cozinha com uma xícara de café na frente dela, mas se recusa a encontrar seu olho. Ela diz sua menor expressão de boa noite, apontando sua voz para dentro da xícara.
Will tenta contornar a mesa para subir as escadas.
Mas o pai se vira e o encara. Seus olhos estão ensanguentados e suas bochechas inchadas, sombreadas por uma barba pesada. "Ei, Will."
"Olá, pai".
"Você não quer falar com o seu pai, quer?"
"Eu disse olá".
O pai dá um passo na direção dele e ele se retira, desliza pela mãe e vai até as escadas. O pai congelou no lugar.
A mãe está levantando a xícara de café.
"Boa noite", diz Will.
"Boa noite", responde ela.
"Boa noite, papai".
Ele sobe as escadas correndo. Ele tenta recuperar o fôlego.
Ele diz boa noite para a janela através das sebes. Ele vai para a cama ainda vestindo as mesmas roupas para o caso de ter que correr. Ele se deita na cama com cobertores até o queixo.

Ele espera problemas ao adormecer.
Ele parece dormir profundamente por um longo tempo, depois acorda. Há uma luz no corredor. É muito tarde da noite.
Do corredor do lado de fora da porta, uma voz diz, "Will". O coração de Will para, depois bate. A náusea passa por ele. Ele fica perfeitamente imóvel com os olhos fechados. A sombra de seu pai aparece através da porta.
"Você se divertiu quando saiu hoje à noite, Will?" Ele escuta o som de algo deslizando contra a parede. "Estou falando com você, Will. Eu sei que você está acordado. Eu vi seus olhos se abrirem. Você se divertiu hoje à noite?"
Ainda silêncio.
"É melhor você me responder ou eu vou entrar aí".
"Sim, senhor. Eu me diverti muito". Suave.
"Sua mãe foi quem disse que não havia problema para você sair. Não fui eu. Não gosto disso".
"Sim, senhor."
Ele fecha os olhos, pois assim, ele não vê. Novamente ouve o som de algo deslizando. Mais perto desta vez.
"Para onde vocês foram?"
"Nadar. Para o rio".
"Você também nadou?"
"Não, senhor."
"Isso mesmo. Você não sabe nadar".
Uma respiração profunda. A sombra se move.
"Estou feliz que você se divertiu". Silêncio. Suavidade do ar contra a janela. "Abra seus olhos. Will. Olhe para o seu pai".
"Estou com sono".
"Abre os olhos."
A mãe sussurra das escadas. A voz dela contém um arremesso alto familiar. Will se lembra do som, que ele não ouviu nesta nova casa. "Querido. Querido. O que você está fazendo aí em cima?"
"Estou falando com Will". O deslizamento para.
"Venha para a cama. Deixe Will em paz. Ele está cansado".
"Deixe-me ver como ele está. Vou descer daqui a pouco."
"Você me prometeu que não o incomodaria". A nota de histeria começou a subir.
"Eu lhe disse que está tudo bem. Estou verificando se ele se divertiu". No silêncio há sua rudeza ao respirar, o cheiro azedo de seu corpo, em seguida, retirando-se.
"Você não deve deixá-lo sair assim. Ele deveria vir à igreja conosco".
"Ele pode ir conosco à igreja no domingo. Venha aqui embaixo".
Lentamente, a sensação da presença do pai desvanece-se. Quando Will abre os olhos, o quarto está vazio.
Sob os cobertores, ele treme. A luz da lua flui pela janela. Will escuta até a casa ficar em silêncio. Ele escorrega da cama, rastejando pelo chão.
Até de manhã ele se senta à janela, não fechando os olhos por um momento sequer.

Dream Boy -Hannigram-Where stories live. Discover now