1. Reencontro

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S/N respirou fundo, se sentindo extremamente irritada e impaciente. Em uma hora e meia precisava estar no jantar da empresa de seu namorado e, enquanto isso, estava presa na escola com seu aluno, Minki.

O menino brincava sozinho no fundo da sala, sem se importar que sua avó, que sempre o buscava, estava atrasada. S/N se preparava mentalmente para dar um discurso sobre responsabilidade para quando ela aparecesse, nem que isso tomasse mais cinco minutos de seu precioso tempo. Seu pé balançando sem parar era um sinal claro de que estava ansiosa e estressada, mas, obviamente, não poderia deixar o menino sozinho e ir embora. S/N aproveitou o imprevisto para organizar algumas atividades, que faria durante a semana. Ficou concentrada, fazendo aquilo por minutos, até que batidas na porta chamaram a sua atenção.

— Papai! - Minki falou alto, correndo até o pai com um enorme sorriso.

Quando S/N finalmente desviou sua atenção para o homem, abriu a boca e arregalou os olhos, em surpresa, perplexa demais para saber o que falar ou fazer. Parado na porta, a poucos metros de si e com seu aluno nos braços, estava a pessoa que S/N costumava chamar de melhor amigo na época do ensino médio. A pessoa que passou por tantas coisas com ela e sempre esteve ao seu lado. E que, agora, não passava de alguém da qual ela guardava tantas memórias com carinho e uma saudade sufocante.

— S/N? - Falou, surpreso, e ela não deixou de notar que a voz dele havia engrossado.

Ele também estava mais musculoso do que a anos atrás e mais alto, e ela não poderia negar que ele havia se tornado um pecado em pessoa. O quão errado era aquela ser uma das primeiras coisas que ela percebeu nele? Toda a lição de moral que passou meia hora planejando foi ralo abaixo e S/N mal se lembrava que tinha um jantar para ir. Como se seu cérebro tivesse largado mão de tudo para apenas focar em processar que aquele homem estava ali, em sua frente.

— Jongin. - Disse o nome dele, como se isso pudesse lhe ajudar a digerir o que estava acontecendo. Quantos anos fez que não o viu mais?

— Não fazia ideia de que trabalha aqui. - Muito menos que você dá aula para o meu filho, pensou.

— E eu não imaginei que você tivesse um filho. - Ela disse, franzindo o cenho. Jongin sempre gostou de crianças, mas S/N nunca imaginou que ele teria um. Principalmente tão cedo. Minki estava em silêncio, observando com curiosidade os adultos conversando.

— Pois é. - Jongin e Minki se encararam, sorrindo um para o outro, e S/N poderia morrer ali mesmo. Sempre foi óbvio que Jongin seria um ótimo pai, mas ver isso com os próprios olhos parecia uma realidade totalmente distante. — Me desculpe pelo atraso, sei que não é sua obrigação ficar aqui, mas tive uns imprevistos de última hora, não que isso justifique. - Seu tom sincero e preocupado fez S/N balançar a cabeça.

— Tudo bem, sem problemas. - Ela sorriu, esquecendo a raiva que sentia a minutos atrás.

— Já vou, para não tomar mais seu tempo. Foi bom te ver. - S/N apenas acenou, assistindo os dois irem embora, enquanto várias memórias do passado inundavam sua mente.

A mulher dirigiu rapidamente para casa e se arrumou com pressa, enquanto ouvia Dahko, seu namorado, reclamando de seu atraso. S/N já odiava essas festas da empresa e o que não precisava no momento era ficar ouvindo-o encher seu saco.

Como o esperado, a festa havia sido um tédio. S/N precisava ficar ao lado de Dahko para onde ele fosse e ouvi-lo conversar com diversas pessoas sobre coisas que ela não entendia, mas precisava sorrir pela mais pura educação. Após a terceira taça de champanhe, S/N começou a finalmente ficar alegre e, assim que começou a dançar, foi puxada pelo namorado para um canto e teve que escutá-lo brigar com ela, como se fosse uma criança. S/N só não iniciava uma discussão pois não queria fazer um show para que os outros passassem semanas comentando sobre. Irritada e sem paciência, fez com que Dahko saísse antes do jantar acabar e foram, finalmente, para casa.

Após tirar o vestido e se jogar na cama, S/N suspirou. Perdeu a conta de quantos minutos teve de ouvir Dahko reclamar sobre seu comportamento enquanto ela mal prestava atenção nele. Já bastava ter de sustentar um sorriso forçado a noite inteira, sendo simpática enquanto a única coisa que queria era se embebedar.

Dahko se deitou, ficando de costas para ela. Não demorou para que ele pegasse no sono, ao mesmo tempo que S/N encarava o teto. Não queria admitir para si mesma que passou a noite relembrando de Jongin, ignorando as pessoas que conversavam em sua frente, e pensando em como a saudade que tinha do ex-melhor amigo, que ela guardava no fundo do seu coração, agora, gritava para se libertar e fazer a mulher sofrer sozinha com todas as lembranças que possuía dele. Ou melhor, deles.

Meses antes do ensino médio acabar, a promessa de que nunca iriam se separar parecia a maior certeza que tinham na vida, mas, como nem tudo ocorre como o planejado, S/N recebeu uma carta. Foi aprovada na faculdade, localizada em uma cidade a quatro horas dali. A instituição era muito melhor do que a de sua cidade e recusar essa oportunidade era estupidez. Os dois sabiam disso. E mesmo que não tocaram no assunto por meses, tinham noção do que poderia acontecer.

Jongin foi quem dirigiu até a cidade, levando S/N e suas duas malas, mesmo depois de ter sido egoísta e tentado feito ela ficar de várias maneiras. Haviam brigado, diversas vezes, e passado dias sem conversar, mas se não fosse Jongin dirigindo aquele carro, se não fosse ele que a ajudasse a levar as malas até seu novo quarto e se não fosse ele dando um último abraço aconchegante e apertado nela, falando que tudo ficaria bem, nada daquilo iria parecer certo. S/N sabia que não precisava da aprovação dele para nada, mas ter seu melhor amigo lhe apoiando era tudo o que ela necessitava naquele momento. E, como o bom melhor amigo que era, ele jamais negaria aquilo, por mais que doesse tanto.

Haviam passado por tantas coisas juntos que, enquanto S/N via o carro de Jongin se afastar da faculdade, sentia um pedaço de si sendo levado junto com ele. Mesmo que rezasse para estar errada, sabia que a amizade dos dois não seria mais a mesma. E, infelizmente, ela nunca esteve tão certa.

Minki - Jongin (Kai)Onde histórias criam vida. Descubra agora