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Ao chegarmos em casa, posso ouvir a voz do meu pai perguntando o que tinha acontecido, como eu havia parado na casa da minha mãe, por que a Lexi não tava comigo...
Mas eu só ignoro tudo, entro no meu quarto, fecho a porta e me deito na cama escutando meu nome ser chamado várias vezes novamente por ele. Ele bate na porta e entra, eu pego a coberta e cubro meu rosto esperando que ele vá embora e me deixe sozinha.

- Cecília. - Ele me chama novamente e eu bufo irritada -  A gente precisa conversar, a Lexi me ligou e me contou o quê...

- PAI! - Eu retiro a coberta de cima de mim e sento na cama o encarando, ele para de falar - Eu não quero conversar agora! Não quero saber o que a Lexi te contou ou não, eu só quero ficar sozinha um pouco! - Ele cruza os braços.

- Sinto dizer mas você precisa me explicar o que aconteceu, Cecília. Não aja como uma garotinha mimada porque não te criamos assim, me explica agora o que você fez.

Sinto minha dor de cabeça piorar, meu estômago revira e posso sentir um nó na garganta. Eu coloco minha mão na minha barriga, respirando fundo.

- Anda Cecília, o que aconteceu?

Eu respiro fundo novamente, encarando o chão e o meu estômago revira ainda mais.

- Cecília.

Porra, cala a boca. Me deixa em paz, eu não quero conversar agora caralho.

- Cecília!

Cacete. Eu vou vomitar.

- Você falou com a Stephanie?

Sinto um "bolo" subindo pela minha garganta e eu levanto correndo, empurrando meu pai que estava na minha frente e indo diretamente pro banheiro. Levanto a tampa do vaso com pressa e tremendo, vomitando somente líquido por não ter comido nada. Meu pai me observa na porta do banheiro.

- Só de tocar no assunto você reage desse jeito? - Ele diz, e por um momento sinto vontade de bater minha cabeça contra a porcelana do vaso.

Eu levanto do chão, abaixo a tampa e dou descarga. Vou até a pia e lavo minha boca, sentindo aquele gosto amargo horrível. Me afasto e encaro meu pai na porta, cruzo os braços e saio do banheiro esbarrando em seu corpo de propósito.

- Vai ficar de birra?

Ele pergunta e eu sento na cama novamente tirando mexas do meu cabelo da frente do rosto, suspirando cansada.

- Pai, eu não tô com cabeça pra isso agora. Por favor, só me deixa dormir um pouco. Prometo que quando eu acordar, eu vou contar tudo pro senhor, só me deixa descansar. Por favor. - Eu peço calma encarando seu rosto.

Ele pensa um pouco sobre meu pedido, e logo suspira.

- Tudo bem...mas nada de fugir, ouviu mocinha?

Eu assinto e se vira, saindo do meu quarto. Eu solto o ar que nem mesmo sabia que estava prendendo e me deito na cama de novo fechando os olhos. Seguro o cobertor e o puxo, cobrindo meu corpo. O gosto estranho continuava em minha boca e sinto vontade de escovar os dentes novamente, mas não tinha energias nem ânimo pra levantar da cama.
Não demorou muito pra que eu pegasse no sono.

[...]

Acordo com meu pai batendo na porta, eu abro os olhos vendo que estava anoitecendo. Pego meu celular na mesinha do lado vendo a hora, cinco e cinquenta e três da tarde. Como as batidas ainda continuavam, eu bufo sentindo meus olhos ainda pesados.

- Já tô indo!

- Vou te esperar na sala! - Meu pai responde de volta. Eu reviro os olhos, será que não dava pra ele me deixar dormir mais um pouquinho?

Eu odeio amar você.Where stories live. Discover now