Por lados opostos

O parente misterioso

  Era certo que minha família havia sido morta na grande guerra. Desde então, além de tia Ali eu não conhecia mais nenhum de nossos parentes.

  Às nove da noite, já em minha cama, escrevendo em meu diário, escutei barulhos na rua. Imediatamente levantei como em um pulo, o toque de recolher já havia sido à duas horas atrás, porém uma mulher estranha, com malas estava sendo interrogada por Soldados, eles estavam com fuzis carregados prontos para atirar, antes que pudesse descer as escadas a fim de ajudar a senhora tia ali abre a porta.

— E PARE COM ISTO! ESTÁ MULHER É UMA VEENHUIS.

  Gritava incessantemente tia Ali, perguntei-me como assim uma Veenhuis?
Os soldados soltaram-na, ela correu e entrou em casa, imediatamente sai do meu quarto para ver o que estava acontecendo.

— Tia Aleida, o que está havendo a estas horas?
— Bom Trix, esta é a minha prima Brigitta. Brigitta, esta é a sobrinha do meu marido Beatrix.
— Olá querida! Diz Brigitta com um sorriso.
— Olá Brigitta! É verdade que és uma veenhuis, não pude deixar de ouvir a tia Ali lá do meu aposento.
— Na verdade sou uma Van Der Meer, assim como Aleida antes de casar-se com seu tio.

   Achei incrível ter uma nova pessoa nesta casa, apesar de ter ficado surpresa por não imaginar que ainda existiam Veenhuis e Van der Meer por aí. Me despedi e fui para cama, até porque estava cansada, Benno ainda não havia chegado.

  De manhã acordei, desci as escadas para tomar o desjejum, mas ouvi tia Ali conversando com a nova parente misteriosa, a prima Brigitta.

— Poisé Almeida, as coisas em Amsterdã, não são nada fáceis para os judeus. Todos estão falsificando documentos, retirando as estrelas de Davi do peito e fugindo para o interior.

Entrei na sala de jantar, comprimentei as duas e me sentei.

— Onde está Benno, tia?
— Benno não voltou desde ontem.
— Quem é Este Benno? Perguntou Brigitta.
— É o oficial alemão que estamos abrigando.
— Um oficial aqui Aleida, isso é perigoso.
— Benno é um bom homem Prima Brigitta. Disse enfurecida
— Continua sendo alemão, querida Beatrix.

  Levantei-me da mesa, irada com Brigitta. Como ela pôde falar de Benno sem nem o conhecer? Não fazia sentido, não faz sentido odiar alguém por sua nacionalidade. Sai de casa e fui até o centro comprar algumas frutas e legumes.
E aproveitar para procurar Benno, o qual havia desaparecido desde ontem.

  O que eu não esperava era encontrar na fonte o piloto, que anteriormente teria encontrado misteriosamente na floresta. Alguns dias atrás descobri que era italiano, e isso explicava seu sotaque e também sua farda diferente das demais.

— Mancare espere! Bongiorno!
— Bom dia senhor! Posso ajudá-lo?
— Eu que a pergunto, precisa de ajuda com as sacolas?
— Oh obrigada, mas não será necessário!
— Perdoe-me a falta de modos, me chamo Enrico.
— É de extremo prazer conhecê-lo Enrico, mas por hora estou ocupada. Até mais!
— Espere, a moça não me disse o vosso nome!
— É Beatrix, senhor!

Segui em direção ao palácio e um soldado me abordou:

— É proibido a entrada de qualquer cidadão neste local, a senhorita deverá se retirar!
— Eu preciso falar com o Tenente Müller.
— Sinto dizer, mas não será possível.
— Ora, não seja rude senhor apenas de meu recado ao seu superior.
— Andreas, avise ao tenente que a moça deseja vê-lo.
— Sim, senhor!
— pode subir senhorita.
— Obrigada, Cabo.

  Subi as escadas e estava tudo muito movimentado, soldados e cabos por toda a parte. Chegando ao topo, havia uma enorme porta de madeira, bati nela e antes mesmo de terminar o segundo toque Benno abriu a porta.

— Trix, bom dia! Estava com saudades.
— Benno, que bom que estás bem, eu estava preocupada convosco!
— Eu tive que ficar no turno da noite ontem mais, daqui a pouco estarei indo para casa.
— Hoje às Sete horas tivemos uma reunião, e vamos revistar todas as casas da vila, de acordo com o comandante da operação, para encontrar traidores.
— Minha nossa!
— Fique tranquila Trix, não há o que temer.

  Benno tinha ração, não estávamos escondendo nada e no final das contas tudo ficaria bem.