um pai perfeito

capítulo 43

Mais uma vez, Dulce pensou que Charles estava as­sistindo televisão em excesso e, pior, assistindo uma programação inadequada para a idade dele. Se pudesse ficar o dia inteiro com ele... Mas, não era possível. Decidiu conversar com Mandy na primeira oportuni­dade. Ajeitou o filho na cama e saiu do quarto.

Sentou-se na sala para esperar. Não entendia o motivo de estar tão nervosa. A noite anterior já era passado. Não significara nada, como dissera a ele. Aquele beijo também não significara nada, absolutamente nada.

A casa de Dulce era muito pequena. Parecia uma casa de boneca, Ucker observou ao descer do carro. Construída de madeira pintada de branco, a casa era recuada e rodeada por um jardim bem cuidado.

A porta se abriu antes que ele subisse os degraus da varanda. O olhar de Dulce não era muito receptivo.

-     Você veio dirigindo? - Ela apontou para a Blazer estacionada diante da casa. - Quem o autorizou a dirigir?

Ucker ainda estava no segundo degrau, de frente para Dulce. Os olhos dela não escondiam a frustração.

-     Será que preciso de sua autorização antes de alu­gar um carro e sair dirigindo, baixinha? - perguntou, esperando fazê-la arfar novamente.

Fez. Ela arfava. A insinuação de que estava levando a sério demais seu papel, o peito de Dulce começou a subir e descer rapidamente. O tecido da blusa acom­panhava os movimentos. Ou fora o tratamento insultuoso que a ofendera? Ou a proximidade dele, a súbita constatação de que, no dia anterior, haviam estado tão próximos, a ponto de perderem o controle?

Ucker conteve o impulso de introduzir as mãos sob a blusa para tocar a pele macia, até descansar nos seios fartos e rijos. Depois...

Tratou de afastar tais fantasias. Com a atenção voltada para o carro, Dulce sequer olhava para ele. Não era a proximidade que alterava a respiração dela. Dulce estava zangada, muito zangada. Tudo porque ele se sentara ao volante de um carro sem avisá-la antes, ele sorriu.