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Harry estava concentrado, enquanto digitava uma petição inicial em seu MacBook, que por sinal foi presente de Louis.

Era uma terça, às dez horas. Seu chefe o pediu para chegar mais cedo, assim teria a tarde livre.

No domingo havia sido aniversário de seu namorado e o dia havia sido incrível. Fazia muito tempo que ele não se divertia assim.

Felizmente, após terem chegado em casa tarde, seu namorado preferiu cancelar sua ida ao baile, mesmo após muito pensar. O motivo inicial foi a disposição que estava em falta.

Mas Harry soube que Louis preferiu não arriscar sua pele, pois havia suspeita de uma possível troca de tiros.

O morro do 18 finalmente estava sob ameaça.

Até o momento, Louis havia dito que era besteira se preocupar, afinal de contas o morro era seguro e ele tinha contatos fora dele, que o alertavam quando as coisas poderiam apertar.

Ou seja, era apenas especulação.

Porém, Harry agora tinha que lidar com um Louis ainda mais protetor. A cada momento recebia uma mensagem lhe perguntando onde estava ou se estava tudo bem.

No dia anterior, na segunda, Louis havia ficado todo dia fora de casa. Ele andou por todo morro, checou pontos de venda e postos de vigia. Se reunião com lideranças vizinhas.

Harry, enquanto isso, se concentrava no estágio e em suas provas finais na faculdade. A formatura já parecia tocar sua porta, ele estava pronto para ter uma vida melhor.

E Louis ao seu lado lhe dava todo apoio possível e todo carinho do mundo.

Afinal, eles se amavam.

Harry terminava de apontar os pedidos na petição, quando ouviu a porta da sala abrir-se. Um homem entrou ali, puxando a cadeira para se sentar em frente a Harry, na mesa.

— Tudo bem por aqui? — seu chefe perguntou.

Henrique era um homem jovem, tinha trinta e dois. Harry sabia que ele era dono do escritório e que havia constituído tudo sozinho.

O homem era alto, tinha cabelos escuros e olhos castanhos. Havia ouvido um dos estagiários dizer que era divorciado e tinha uma filha de sete anos.

Ele era uma boa pessoa, embora Harry tenha tido muito pouco tempo de conversa com ele, desde a sua entrevista.

— Tudo ótimo — Harry acenou, se encostando no assento, tirando um curto momento de descanso — tô finalizando a petição daquele caso de cobrança alimentícia.

— Muito bom — acenou, se acomodando no assento e cruzando as pernas, seu terno cinza foi ajeitado em um movimento curto — posso te fazer uma pergunta? Duas, no caso.

— Claro.

— Depois que se formar, pretende continuar aqui?

— Na verdade, sim — disse — embora eu tenha feito o seletivo para área civil, eu tenho pretensão de seguir a área criminal.

— Eu confesso que não é muito a minha — sorriu — mas temos um setor aqui, que foca em casos da área criminal. Eu posso te realocar pra lá quando você terminar o curso.

— Seria muito bom, eu agradeço desde já.

Henrique o admirou por um momento, observando as expressões sempre claras que o garoto esboçava. Harry era bastante simpático e educado, algo que ele admirava.

— A segunda pergunta já é um pouco mais informal, mas ainda tem haver com o trabalho — disse — eu gostaria de saber se está livre quinta à noite.

COMPLEXO 18Where stories live. Discover now