Demonstração

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Depois da intrigante experiência de dormir com seu mentor, a situação entre ambos mudou. Os diálogos que eram tão eloquentes, agora soavam provocativos. Tudo aquilo parecia não ter passado de um sonho, e Graham se via imerso numa espécie de transe, lembrando de cada momento. Quando consultava o lituano para sua avaliação corriqueira, sua mente se abria para uma vasta porção de assuntos, e agora, estava preso por um momento.

"Parece que para ele aquilo foi insignificante, mas para mim havia mais do que sexo. O que me fazia pensar que aquela relação era certa?" Pensou o jovem e promissor de Jack Crowford. O FBI começava a suspeitar do caso de Abigail Hobbs, e sua coincidências, algumas coisas levavam Will a Hannibal, mas por qual motivo? O mesmo não compreendia.

Então, naquela noite gélida, Will estava na sala de sua casa, com o suor que pingava, mesmo com o frio sobejamente do lado de fora. Mesmo assim, acendeu a lareira e sentou em frente com seus cães fazendo companhia.

Novamente perdia o sono por cenas do pai de Abgail na sua cabeça, a instabilidade emocional retornava. A terapia com Lecter não funcionava?

Mais uma vez lembrava do diálogo de Hannibal em sua mente sobre como homens se relacionam, quando soltou um comentário enfadonho, por vezes achava que tinha sido infeliz na sua fala, mas queria provocar o médico, porque sabia muito bem que ele odiava qualquer tipo de comentário estupido, mas vindo de Will era uma ofensa ainda maior. Riu estridente enquanto com o dedo indicador e o polegar manipulava um pequeno pedaço de madeira, deslizando-o entre seus dedos.

O coração inquieto palpitou quando lembrou da cena de Hannibal com a sobrancelha arqueada o olhando com indignação. Maldito seja, o diabo sabia provocar, o diabo que lhe tentava todas as noites. Quantas vezes se tocou lembrando do loiro, da expressão erótica do mesmo enquanto lhe penetrava, do gemido quase inaudível, da mão do mesmo segurando em suas pernas no intuito de ter equilíbrio enquanto investia em si.

Hannibal Lecter, maldito Diabo.

Continuou imaginando as cenas, até ouvir o ranger de sua sacada, e paralisar. Ficou estático por breves segundos, e se ouviu duas batidas em sua porta. Rapidamente Will assumiu uma posição de defesa pelo medo de estar em perigo, afinal não sabia se já tinha desconfianças sobre ele no FBI.

Mesmo receoso, foi a porta e a abriu lentamente, na metade de sua visão já se via os cabelos loiros bem alinhado, o sobretudo cinza bem-passado, e a afeição neutra.

— Hannibal?
— Surpreso com a visita? Esperava uma recepção solicita, Will. — Hannibal sorriu de canto e entrou sem nem mesmo ser convidado.

Graham fechou a porta ainda instável com a presença, quando justamente pensava no homem, ali estava ele, na sua frente, com seu típico sorriso indecifrável. O rastro de ar gelado pelo sobretudo foi com Lecter, Will estremeceu, mas manteve a postura, fechando a porta logo em seguida.

— Bem, o que o traz aqui, Hannibal?

— Está a gir estranho Will, como se fossemos completo estranhos. Achei estarmos próximos.

— Próximo é algo muito plural para se dizer assim.

— Neste caso não é Will — Tirou William da sua zona de conforto quando mencionou. — Sabe o que quero dizer com próximos…

— Estou confuso Hannibal.

— O que acha que somos? Sabe, estava deitado após realizar uma leitura que citava o seguinte trecho" Os gregos não opunham, como duas escolhas excludentes, o amor pelo mesmo gênero, ao amor pelo sexo oposto. Amar é ser alma, não pela genitália, ser livre de rótulos" — Enfatizou, sorrindo sutilmente, numa expressão que demonstrava a espera da reação de seu consorte.

O DiaboWhere stories live. Discover now