Capitulo 2

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"— Onde estou?"
           — Meu ombro doía muito e ainda tinha várias memórias e lembranças sobre antes e algumas eram mais horriveis de lembrar do que outras e escutava também vozes como em um sonho onde pareciam estar discutindo talvez uma mulher e um homem?Apesar de tentar me manter acordada a vontade de descansar e não me lembrar de nada foi mais forte e acabei apagando novamente.
            — Estou agora ao lado dos meus pais na mesma casa que fui criada até a mudança poucos momentos antes da morte e desgraça acontecer,gostaria de poder voltar no tempo e ficar nessa lembrança boa porque o meu presente estava se esvaindo como fumaça.
            — Dessa vez o barulho de vozes se chocando ao meu redor fez com que aos poucos abrisse meus olhos e tentasse de alguma maneira entender onde era aquela confusão porque parecia uma briga porém ao perceber que aquele quarto onde estava não era nem de longe o que eu dividia com minha tia porque é gigante,acredito que nosso quarto caberia três vezes naquele pequeno mundo e ainda tinha a cama de casal enorme onde estou deitada e parecia ser feita de madeira e a cabeceira acolchoada e branca e ao tentar me levantar um pouco sinto uma fisgada de dor no ombro.
     "– Aí!"
          — Me xingo mentalmente porque não parecia ser real o que estava acontecendo comigo e meu ombro que tinha sido enfaixado e agora parecia estar tudo voltando como uma avalanche de lembranças sobre minha cabeça.
         "– Os estupros."
          — Falei essa parte tão baixa que até para mim mesma está sendo difícil assimilar o que de fato ocorreu porque foi real só que além de mim tinha mais outra pessoa no quarto e agora que tinha visto seus tênis brancos,mesmo tentando não me assustar acabei me levantando com toda a pressa que ainda existia no meu corpo e mesmo a dor persistindo não iria me render tão facilmente,deveria ter feito o que desejava fazer antes e por uma estranha ironia do destino apenas não acabei com tudo pelo motivo de alguém ter tentado fazer isso antes comigo.
         "— Quem é você!?"
           — Essa moça parada na minha frente e vestindo o que parecia ser um uniforme todo branco com calça social e uma jaqueta de tecido com um zíper de prata bem no meio tinha apenas os cabelos ruivos e lisos quase da cor de sangue para destacar de todo o resto porém aqueles olhos castanhos quase que negros pareciam ser um pouco gentis o que era absurdo porque desde a noite passada isso era a única coisa que não tinha acontecido ainda comigo.
           "— Você já está acordada que bom."
        — Apenas aquela cama separava essa mulher de mim e não tinha curiosidade alguma em saber seu nome ou o motivo de estar sendo mantida presa naquele quarto porque queria retornar para minha casa e mesmo que estivesse pronta para terminar com meu namorado droga!
           "— Por que está chorando?"
          — Não conseguia me segurar e apenas em pensar nele e no que tinha me causado fazia todas as lágrimas da noite anterior transbordarem novamente.
         "— Por que eu?"
        "— Olha calma me chamo Ivete e você?
         — Por que as palavras sempre se perdem no momento que mais precisamos delas!?Estava com a resposta pronta na garganta só que por medo e vergonha estou muda,não era assim que estava pensando desde que essa garota apareceu e tinha um plano de fuga que não incluía chorar e me sentir triste!
           "— Meu nome é Ursula."
          — Tinha criado forças que estavam além da minha compreensão porém fico agradecida a Deus por me dar coragem de ter falado antes de querer enlouquecer mais uma vez.
Ivete:– É um lindo nome assim como você.
         — Não era tão acostumada a levar elogios de graça assim,especialmente de alguém que nem sabia quem era por isso minhas bochechas esquentaram um pouco,era impressão minha ou a porta tinha ficado semi aberta naquele momento?
Ivete:– Eu preciso que tome esse comprimido tá bem?
Ursula:– Eu não vou tomar nada que me der!
           — Naquele segundo sua testa se franziu um pouco e Ivete cruza os braços porém não se deixa levar pelo meu tom,tinha esperança que aquilo lhe fizesse entender que não faria nada que não quisesse porém ela parecia mais obstinada que eu.
Ivete:– Olha eu não sei como falar de outra maneira porém você foi violentada e agora precisa tomar contraceptivos para não ter uma gravidez indesejada então a decisão é sua.
          — Mesmo que nem soubesse quem ela era aquele argumento por si só já tinha me convencido e só de pensar que poderia engravidar de qualquer um deles fazia meu sangue gelar e antes que pudesse pensar mais acabo engolindo e comprimido e a água.
Ivete:– Viu só?Não foi tão ruim assim né?
          — Meus olhos estavam marejados então acredito que aquelas palavras não foram colocadas de uma maneira no mínimo coerente.
Ivete:– Droga!Sou uma idiota!
          — Não precisava concordar em palavras então dei apenas um meio sorriso para Ivete que também tinha entendido.
Ivete:– Se me permitir hoje mesmo você poderia ter uma consulta com o psicólogo daqui para tentar diminuir alguma dor interna ou não sei desabafar com ele sobre o que te aconteceu?
            — Ivete estava tomando cuidado com as palavras porém não tinha jeito de todo aquele buraco que foi aberto no meu peito ser de alguma forma tampado e a ferida estava lá para quem quisesse enxergar.
Ursula:– E melhor eu voltar para casa e quando receberei alta desse hospital?
           — Notei que Ivete ficou surpresa com aquilo que tinha falado porém não entendia qual era a surpresa?
Ursula:– Eu posso usar o telefone daqui?Queria ligar para a minha tia e dizer que ficarei bem.
          — Acho que com o tempo acabei ficando boa em mentir e dizer que tudo estaria bem porém era algo que precisava trabalhar comigo mesma e esperava que algum dia pudesse falar toda a verdade para assim me aliviar de tudo de alguma forma.
Ivete:– Por que não descansa primeiro?
          — Algo estava muito estranho no rumo que aquela conversa estava pegando e não sei dizer porém a maneira que olhou para mim parecia que estava querendo me revelar alguma coisa.
Ursula:– Ivete não é?
         — Ela faz uma afirmação com a cabeça enquanto cruzava os braços e esperava que eu fosse falar.
Ursula:– O que está acontecendo?

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