25- Seus lábios junto aos meus

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Nesse capítulo tem uma cena especial. Pra tornar ela ainda melhor escute All Of The Girls You Loved Before, da Taylor Swift quando aparecer o asterisco (*) no começo da frase. 

Boa leitura!!!

                               ♡

            A noite estava quente apesar da brisa fresca e vez ou outra o vento mais forte fazia meu corpo arrepiar. Em minhas mãos mantinha a taça que havia ganho minutos atrás, estava enrolada em um guardanapo rosa como decoração.

Jungkook ainda não havia voltado, me deixando como única companhia os olhares de meus antigos colegas de faculdade. Evitava encará-los, mas era difícil quando seus olhos estavam nos meus. Abaixei a cabeça algumas vezes, focando apenas em minhas mãos. Ainda conseguia ouvir as risadas e as frases que diziam para rir do meu trabalho.

Confesso que naquela época, meus livros não eram tão bons e o que Soohyun roubara era um de minhas primeiras obras. Mesmo que fosse um fracasso, com alguns erros de ortografia e cheio de redundâncias, ainda era meu. Ainda era algo que eu havia dedicado tempo e amor para construir e que ele não tinha o direito de pegar.

Os cochichos eram quase ensurdecedores e os olhares afiados e carregados de desdém.

Decidi levantar com minha taça em mãos, caminhar, respirar, qualquer coisa que me desse uma desculpa para sair daquela mesa.

Fui seguindo um pequeno caminho entre a grama do jardim, era feito de placas de pedra polida com centímetros de distância uma da outra. Meu salto era ruidoso ao tocar o chão a cada passo.

Quando o caminho acabou, já estava do outro lado do jardim, havia dobrado em uma parede de arbustos, próximo a uma enorme árvore com folhas amarelas. Ao chegar encontrei um pequeno canto secreto, abaixo de uma árvore com um balanço quebrado.

A única iluminação vinha da festa e parecia um lugar agradavelmente solitário, rodeado por arbustos altos e bem aparados.

Próximo ao balanço havia um banco de dois lugares feito de madeira envernizada. Me sentei no mesmo, sentindo sua superfície gélida tocar a parte exposta de minha coxa. Me arrumei, a cobrindo para sentar outra vez.

Mas antes que conseguisse desfrutar ao menos por um minuto de meu momento soturno, os passos ruidosos sobre as placas de pedra me deixaram alerta.

Engoli em seco fazendo o gosto salgado voltar, meu coração acelerou e naquele momento tudo o que conseguia pensar era que estava sozinha em uma casa suspeita. Me arrependi automaticamente de ter saído sem Jungkook e me afastado de todos.

Aquele seria o local perfeito para um assassinato em que eu seria a vitimia. Me arrependi de ter deixado minha bolsa em casa e ainda mais por ter entregue meu celular a Jungkook para guardar em seu bolso.

Busquei rapidamente por algo que pudesse usar para me defender e quando não achei conclui que meu único meio de defesa seria quebrar minha taça e unir seus cacos a gritos desesperados por socorro, que obviamente não seriam ouvidos devido a amplitude da música.

E antes que pudesse quebrar a taça e berrar por ajuda a estrutura alta e esguia de Soohyun dobrou o arbusto e me encarou com um sorriso.

– Eu posso me sentar com você? – perguntou ele.

Suspirei fundo, sentindo meu corpo amolecer no banco de madeira. Meu coração demoraria ainda para voltar ao normal. Mas nunca me senti tão aliviada em ver Soohyun na vida.

– Não tem cadeiras o suficiente do outro lado da festa? – respondi depois de precisar de um minuto para me recuperar.

O garoto assentiu e mesmo depois de minha recusa ele aproximou-se, sentando ao meu lado no banco.

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