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Eu queria ser como uma criança
Cheia de esperança e feliz
E queria dar tudo que há em mim
Tudo em troca de uma amizade
E sonhar, e viver
Esquecer o rancor
E cantar, e sorrir
E sentir só o amor.
Lílian.— Sou rebelde.

JIMIN.

Segunda feira.

Busan. 06:30 AM.

Sabem aquele sentimento ruim que insiste em ficar em você? O sentimento de aperto no peito, da falta de ânimo, da tristeza totalmente descomunal consumindo seu corpo, da vontade de chorar quase que lhe matando por dentro, da vontade de algum dia ser alguém feliz e normal, do arrependimento de algo que fez ou deixou de fazer, da vontade imensa de sumir e nunca mais voltar ou talvez até da vontade de dormir e nunca mais acordar.

Mas sabe o que era pior de tudo isso? Era a sensação de estar sujo.

Era esse sentimento que Park Jimin carregava em seu peito desde a infância. E vai por mim, não era porque ele queria, e sim, porque aquela coisa ruim insistia em lhe perseguir, mesmo que tanto tempo se passasse.

Park era um garoto totalmente diferente dos outros. Ele era especial e muito, muito bonito. Mas a verdade, era que ele não acreditava em nada disso.

Ele não conseguia enxergar o quão bonito e incrível ele era. Não conseguia enxergar nada de bom a não ser tantos defeitos que ele mesmo havia criado em sua cabecinha.

A real é que Jimin já ouviu tanta coisa ruim sobre sua aparência, que chegou ao ponto de se odiar por completo. E ele se odiava tanto, que nem mesmo o seu jeito escapava — este que para muitos, era extremamente adorável! Mas aos olhos do loirinho, era umas das coisas que ele mais odiava em si mesmo.

Não havia exatamente nada que ele gostasse sobre sua aparência. E aquilo, de alguma forma, o magoava. Porque não teve um único momento em sua vida que se olhou no espelho e gostou pelo o menos um pouco do que via, nem mesmo quando mais novo.

A verdade era que esse sentimento de insuficiência sempre o acompanhou, não importasse onde estivesse, e também não importasse tantas palavras de apoio e carinho que escutasse vindos de sua mãe.

Já haviam se passado um pouco do horário adequado ao se chegar quando ele entrou na sala de aula, fechou a porta atrás de suas costas e num instante sentou-se junto aos demais, onde os cumprimentou com um leve sorriso de canto nos lábios e seguiu prestando atenção na explicação do professor.

Ou talvez não.

Park passou a aula toda com o pensamento à mil, e com a mente totalmente distante de tudo. Não era a primeira vez que se sentia assim, aquele sentimento ruim de não ser bom em nada e a sensação de estar sendo julgado por todos ao seu redor, sempre lhe perseguiam e martelavam sua cabeça como nunca antes.

Ele sentia vergonha.

Vergonha do seu jeito, da sua aparência, da sua voz, do seu andar, de tudo.

O negócio é que ele já havia passado por tantas coisas, por tantos momentos de humilhação que ser observado para ele havia se tornado um grande pesadelo, porque ele sentia medo do que iriam pensar ou falar. Aquilo lhe sufocava de um modo sem igual, de um modo que lhe dava vontade de gritar até que suas últimas forças vocais chegassem ao fim e ele finalmente desmaiasse sobre o chão, fraco e derrotado.

Aquilo era horrível.

Era horrível você não se sentir bem consigo mesmo, horrível não se reconhecer, horrível odiar cada mínimo detalhe de sua aparência, características, manias e jeito.

A Esperança Em Seus Olhos.Where stories live. Discover now