Vidro e Fogo

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Este mundo é repleto de mistérios e enigmas que, por mais que tentemos esconder, eventualmente se revelarão. Tudo tem uma explicação, desde os dons especiais das pessoas até a magia e as criaturas ancestrais que deixaram seus vestígios pelo mundo.

As fronteiras entre o natural e o oculto são tênues, e as ameaças que potencialmente colocam em risco este mundo são cada vez mais frequentes. Cabe àqueles que dominam seus dons especiais a tarefa de impedir que tudo se transforme em escombros.

O sol pálido do inverno de Yuron se põe no horizonte, enquanto a cidade murada por uma redoma se ilumina com uma luz ofuscante que esconde a verdadeira natureza daquele lugar. Aqueles que possuem o dom de desafiar as leis da existência são forçados a residir ali.

Com a chegada da lua, uma figura mascarada espera pacientemente enquanto rabisca um diário e conta meticulosamente cada milésimo de segundo com um velho relógio de bolso. Agachado em um galho, o rapaz grisalho cobre seu rosto com um pano e observa atentamente os trilhos do magno-trem, prenunciando a chegada de mais uma remessa de prisioneiros para a cidade.

O trem passa rapidamente, deixando para trás um pequeno resquício de uma areia negra que levanta voo com a velocidade da locomotiva. Ele some como se nunca tivesse estado lá, deixando apenas a marca de sua presença naquele lugar.

No topo do trem, a figura antes mascarada agora tem seu rosto exposto aos ventos, revelando sua face e seus olhos escarlates.

— Não tem mais volta agora, é tudo ou nada...

Seus pensamentos se perdem no vento enquanto o som do caos da cidade se intensifica, anunciando sua chegada na redoma. Um lugar onde a violência é constante, a arquitetura industrial e rústica da cidade contrasta com o grande edifício central, uma estrutura triangular que esbanja a classe e segurança do D.A.D.


Na parte baixa da cidade, a lente de um binóculo se tingia com a cor de grandes olhos verdes esmeralda

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Na parte baixa da cidade, a lente de um binóculo se tingia com a cor de grandes olhos verdes esmeralda. Uma garota de longos cabelos ruivos observava a agitação da multidão e a mobilização de tropas para o recebimento dos prisioneiros. A voz grave de um homem vivido ressoou: — A remessa desse mês é grande. Cada vez mais gente é capturada, a maioria nem desperta. Quando nos trouxeram para cá, não era nem a metade disso. Logo, encontraremos alguém que lutará ao nosso lado...

A garota respondeu, passando seu binóculo para o senhor: — Ramond, estamos nesse telhado há pelo menos dois anos! Tirando o pessoal da Legião das Cinzas, não há ninguém na redoma inteira interessado em nossa causa, muito menos apto a lutar.

O trem chegou à estação e a multidão tentou avançar contra os soldados, iniciando uma grande confusão no terminal. As tropas tentaram dispersar as pessoas usando bastões elétricos, escudos e granadas de gás.

O rapaz grisalho se esgueirou pela parte superior dos vagões, evitando o tumulto pela parte de trás da locomotiva. Ele correu para os becos sem chamar a atenção dos soldados. Na distância, o senhor que estava nos telhados notou sua presença e, com um sorriso em seu rosto cicatrizado, disse para a garota: — Sunna, pegue as coisas. Temos sangue fresco na cidade e parece estar querendo confusão.

Lendas Errantes - Ato I: Projeto ampulheta.Where stories live. Discover now