14. οικειότητα

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A casa de Jungkook é familiar.

Diferente de um reconhecimento a vista que seus olhos lembram de tudo que viram, é familiar de uma forma estranha. Mais familiar do que o lugar onde moro que não aparenta ser meu, sempre que adentro a casa minha casa — sinto que sou alheia a tudo. Como se um estranho estivesse prestes a me expulsar e reivindicar o lugar como seu. 

Meu quarto é o único cômodo que sei ser meu, meu espaço, minhas coisas espalhadas pelo chão, minha cama e suas cobertas quentes, os livros esperando para serem lidos; meu mundo. Destoante do restante da casa, é confortável.

Minha definição de lar não se limitava ao ambiente, não eram as paredes erguidas, não os móveis de sempre. Na realidade casa como um bem material nunca me remeteu a sensação que deveria, que todos sentiam. Para mim lar era a minha família.

Era o sorriso extravagante do meu irmão e sua vontade imparável de viver, eram os biscoitos da minha mãe e suas canções sem título, era o abraço protetor do meu pai e o beijo de boa noite na minha testa. Não importava onde, eles eram meu lar.

Baseado nisto é facilmente crível que a casa material seja uma completa estranha para mim tanto quanto sou para ela.

Mas, a casa dele causa uma familiaridade nova, estranhamente aconchegante e alarmante em equivalente medida. Gosto dos tons neutros nas paredes, de como a cozinha é perfeitamente organizada e limpa, gosto da lareira e a sensação quente que traz e amo os livros alinhados pedindo para serem descobertos.

Gosto mais ainda do sorriso que oferece como recepção quando chego.

Esse sim, é o causador da familiaridade que sinto.

Apenas é certo que a sensação seja esta, que o calor de seus olhos inundem o meu corpo e me derreta tão facilmente que por segundos, minutos, esqueço minhas reservas e meus muros. 

Jungkook carrega consigo estabilidade, emana de suas grandes frases de seus pequenos gestos, é algo não provindo de outras coisas, cresce nele e toma uma forma linda. Embora sua estabilidade não signifique que ele é uma escolha segura. 

Gentil e educado, a voz sempre calma mas que pode carregar uma rouquidão desejada. O sorriso dele que poderia derreter as calotas polares embora esteja satisfeito em me tornar uma poça, às opiniões fortes e como suas palavras vêm sempre acompanhadas de ações. Nunca promessas vazias, e é estranho.

Ele tem todas as características que sempre quis.

Agora, simplesmente não sei o que fazer com isso.

Conheço garotos jovens e bobos prontos para provarem ser homens feitos, sem saberem como. Homens que estão mais ligados à promessas falsas do que serem homens de palavra, conheço uma diversidade de personalidades masculinas falhas e insípidas.

Jungkook é um homem que sabe exatamente o que quer e verbaliza com uma segurança ainda maior, feito e projetado em uma base constante.

Ele me deseja.

Oferece mais do que os outros, imagino que seja por isso que nenhum outro chamou minha atenção e verdadeiramente acredito ainda mais que nem sempre quando desejamos algo signifique que estamos prontos para obtê-la.

Porque ele é uma parte das coisas que desejo para mim, mas tenho reservas demais para viver como um dia pensei que viveria. 

Engraçado como a vida brinca conosco. Ela me encara, fulminante e cheia de sabedoria para mostrar que se eu estivesse preparada para um homem como ele seria perda de tempo. 

Porque se eu estivesse ciente de que ele aconteceria, teria evitado. Mas, quando chegou eu estava vulnerável, sem nenhum alerta piscando para avisar que ele seria a minha queda, então estou interessada e curiosa sobre o que ele quer de mim. 

Partenon • Jjk • LongficWhere stories live. Discover now