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O quanto consigo correr? Minhas pernas aguentam a velocidade de meus pensamentos? E o meu coração? Parece que vai explodir a cada passada, nunca pensei em como queria salvar Taryn, em milhares de pensamentos essa situação não aparecia ou antes se aparecia certamente não dessa maneira. Tento respirar e controlar o som ruidoso, meus sapatos batendo contra o piso de granito, a tempestade abafada pelas paredes e o palpitar cardíaco incessante. Está tudo errado, não era para isso acontecer, eu deveria estar aqui com ela á horas, ela não deveria estar sozinha. Prometi a mim mesmo que chegaria de manhã, e como sempre quebro minhas promessas feitas, e sempre as que faço para mim. Nunca fui fiel a mim, não cumpro minhas regras e estou sempre me subestimando. Em baixo de camadas pesadas meu eu frágil e incorrigível se esconde, tento não me diminuir e encontrar qualidades em minhas atitudes. Até mesmo mentir se tornou um hábito, quero que na minha cabeças as coisas sejam mais fáceis e implanto mentiras sobre como me sinto e como mereço o que acontece.

Quando o assunto sou eu acabo sendo incompetente e mesmo assim para Taryn quero dar o meu melhor, ser condescendente com as pessoas a minha volta e o sobra fica para alimentar a mente. Deve ser por isso que Taryn não me ama, ela já deve ter percebido o quanto sou mentalmente fraco e imaturo, essa personalidade criada não deve agradá-la, mas não consigo ser diferente do que me tornei. Ainda quero dar a ela o melhor, ainda me engano e ainda me desprezo, mas tudo que é posto em comparação com ela perde significado e utilidade, ela é minha prioridade, e me odeio por amá-la tanto. Reverter agora não é mais possível, devo viver com isso ou dar um fim à minha existência? São minhas únicas opções, as únicas opções que quero e aceito. Mesmo agora estou correndo cegamente em sua direção.
Chego na porta de seu apartamento e vejo o detetive que contratei para vigiá-la tentar abrir a porta.

_Senhor, não está apenas trancada e sim bloqueada. Parece que ele não conseguiu alcançá-la ainda, devemos agir imediatamente.

_Vamos nós dois, um, dois, três!

Meu ombro se choca contra a porta, machuca mas é suportável, ninguém nunca me disse que por abaixo uma porta era tão doloroso. Ouço gritos, me desespero e com muito mais determinação nós lançamos sobre ela novamente, ouço um estrondo e me ergo, está escuro mas isso não importa. Percebo aos sons e corro mais uma vez, vejo um silhueta e não tento argumentar, o ataco. Como ele ousa tocar um fio de cabelo dela? Esse cara quer morrer, não? O derrubo e luto contra ele, desgraçado! Sinto um chute e antes que tente escapar imobilizo suas mãos e aplico um chave de braço, duvido que saia daqui agora. Aperto bom muita raiva, ele deve aprender que não se pode mexer com um Cumberck, nem uma ex Cumberck. A luz é acessa e demoro para me situar.

_Senhor, assim vai matá-lo, sei que está zangado mas isso seria um crime. Mesmo que ele mereça, o senhor precisa parar. Ele está ficando roxo!

Aperto um pouco mais apenas para desmaia-lo, quero matá-lo? Quero, mas conheço alguém que faz isso com destreza e sem vestígios, o entregarei a Fer Farx. Nunca precisei recorrer a ele antes, mas para tudo se tem um primeira vez.
Solto o pescoço e me ergo, o copo do infeliz no chão, vejo um machado perto de onde estou. Olho ao redor, suas coisas estão reviradas, sou grato a Deus por perceber que ela está no banheiro.

_Por sorte ele não conseguiu entrar, irei dar uma olhada ao redor para ter certeza que ele é o único malfeitor.

Ouço o detetive falar já indo em direção a sala, faço um gesto e limpo o suor da testa e afasto os cabelos do rosto. Respiro fundo, antes de ir até Taryn tento me recompor. Não quero assustar mas do que já está assustada, acredito que já consigo controlar as batidas do meu coração. Sigo até a porta e empurro, está trancada. Sei que ela não vai abrir mesmo que eu esteja chamando, me preparo para transpor mais uma porta, está não é tão resistente quanto a primeira. Consigo na segunda tentativa. Arfo com a dor no ombro, o que aconteceu aqui dentro? Está inundado, coisas quebradas e a encanação de onde imagino ser a torneira jorrando água. O box de vidro está fechado, espero que ele não esteja machucada, senão mato aquele filho da puta com minhas mãos. Não bato em ninguém desde o ensino médio, onde sempre conseguia brigar com os estudantes.

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