₊🩸❜ ⋮ PILOTO

250 25 2
                                    

 O ar que entra pelos pulmões de Pedro parece intoxicado

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

 O ar que entra pelos pulmões de Pedro parece intoxicado. A fumaça escura parecia entrar dentro de seu corpo, rodar e sair pelo seu nariz, apenas para ter a certeza de que ele havia conseguido. Mais uma vez. Ele tinha sorte, em algum momento aquilo ainda iria o matar, mas enquanto conseguisse fazer seu trabalho ele estava satisfeito. Seus olhos estavam hipnotizados no fogo, a fumaça preta subindo pelo ar e espiralando para o céu noturno. O odor pungente fazia o estômago de Pedro se embrulhar, mas ele continuava ali. Continuava vendo seu trabalho, como um artista que terminava seu quadro de maior prestígio.

Mas não era uma pintura o que Pedro tanto olhava, e tampouco sua obra-prima. Os olhos do corpo sem vida sendo consumido pelas chamas encaravam Pedro com terror. Se em algum momento tivesse havido um pouco de humanidade naquele monstro, ele temeu a morte final, já que seu corpo em si já havia falecido há décadas.

Um outro corpo para a contagem de Pedro. Um outro monstro que havia sido derrotado. O suspiro pesado foi o que saiu de seus lábios, junto do corpo relaxando enquanto observava o amontoado de pedaços do que antes era um corpo, queimando em uma fogueira viva com as chamas iluminando o beco mais escuro daquela cidade.

— Ei, você. — A voz feminina e adolescente chegou aos seus ouvidos, quebrando toda sua linha de pensamento. Ele virou, encontrando a dona da fala arrogante e que o olhava parecendo ser muito mais velha do que realmente era. — Você o matou.

Pedro olhou novamente para a pilha, dando de ombros e virou para a garota.

— Não chore por alguém que já estava morto, garota.

— Você o matou. — A voz saiu quebrada, enquanto os olhos lacrimejavam. De repente, do choro silencioso saiu uma risada estridente, desesperada.

Pedro não soube o que fazer. Ele não era bom consolando pessoas. E também não tinha vontade o suficiente para tentar. Muito menos queria. Então apenas ficou quieto.

— Merda, você o matou. Eu quem iria acabar com esse desgraçado! — Ela disse, limpando os olhos enquanto apontava para a fogueira. — Você me deve uma.

— Que merda você está falando, garota?

Foi quando a luz da lua iluminou a garota. Ela era pequena, usava roupas surradas e o cabelo escuro estava preso em um rabo de cavalo. Mas o que chamou a atenção de Pedro, naquele momento, foi quando a mordida prateada foi iluminada pela lua. No mesmo instante Pedro se adiantou e levantou a arma na direção da garota.

— Ei, ei! Calma aí! — Ela levantou as mãos, brandindo mais marcas de mordida. — Eu não sou uma deles! Não sou! Calma aí!

— Prove.

O tom grave de Pedro combinava com seu olhar. Ele atiraria sem pensar duas vezes. Seus olhos escuros acompanharam a garota tirar uma faca escondida entre o cós da calça, levando até o braço devagar e passando a lâmina na pele. Diferente do que aconteceria se a garota fosse uma criatura fria, a faca fez um corte superficial, e o sangue se acumulou na linha reta.

— Você tem marcas de mordida. Por que? — Pedro ainda estava com a guarda alta, e com a arma em riste apontada para a cabeça dela.

— Cara, você acha mesmo que conseguiria matar um vampiro com uma arma mixuruca dessa? Vai se ferrar.

— O seu amigo não diria a mesma coisa. As marcas. Por que?

A garota levantou os ombros, olhando para os lados enquanto assumia uma postura relaxada e descontraída. Pedro franziu as sobrancelhas, olhando com atenção cada passo que ela poderia dar.

Ele ouviu falar sobre híbridos uma vez. Nunca havia encontrado com esses pequenos diabos, mas ela poderia muito bem ser uma. Destravou a arma, deixando claro que atiraria se ela não começasse a abrir a boca logo.

— Tá bom, tá bom. Cara, você é um pé no saco. — Puxou as mangas da camiseta, mostrando as marcas com clareza. — O veneno deles de alguma forma não faz nada comigo, mas eu tenho um fator de cura acelerado. Então, bem, o nosso grande amigo que virou carvão, achou que eu era um ótimo lanchinho a longo prazo.

Talvez fosse a idade. Mas ele teve que virar o rosto, tomado por lembranças de Nicole. A garota franziu a testa, olhando para as mãos tremendo do caçador e, com curiosidade, viu ele abaixando a arma aos poucos enquanto parecia ter uma luta interna dentro de sua cabeça.

— Você vai me matar? — Ela perguntou, dando um passo à frente e pondo as mãos para trás. Ela não parecia com medo, porra, longe disso.

Dentro de Pedro havia milhões de incertezas. E ele não soube responder aquilo de imediato.

 E ele não soube responder aquilo de imediato

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: May 12, 2023 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

LIGNE ROUGE, twiligth.Where stories live. Discover now