Capítulo 15

92 6 8
                                    

A loira está quieta demais. Optei por tomarmos um café da manhã numa lanchonete em que eu sempre passava antes de ir pra faculdade - enquanto eu já estou terminando o prato de ovos mexidos com bacon,ela mal tocou na comida.

- Hm,Valen,come senão vai esfriar. Tenho certeza de que você irá amar a comida daqui. - Eu tento animar,mas ela só abre um sorriso forçado - Claro, desculpe estou dispersa. - Ela diz baixo demais,enquanto  pega uma tira de bacon com os dedos. A loira come sem ânimo algum,e eu não sei se devo perguntar o que houve ou esperar ela se abrir. De repente,meu celular toca,e vejo pelo visor que se trata de meu pai. Penso se devo atender,mas só deslizo com o polegar para não atender a chamada. Noto que Valen suspira alto,e eu não aguento mais e acabo dizendo em voz alta :

- Meu pai fez merda né? - Valen ri. Eu até engulo em seco,não esperava essa reação dela - Hm,merda não,mas conseguiu me derrubar. A terapia venho bem á calhar,agora tenho um outro motivo pra ir além do sequestro. - Ela diz irônica,e noto que ela está segurando as lágrimas - Valentina,me desculpa eu só estava curiosa. Não estava esperando isso. - Eu digo desapontada pelo ato do meu pai. Seja lá o que ele tinha feito dessa vez,tinha atingido em cheio a loira - Tá tudo bem. Acho que já me acostumei á perder as pessoas. - Ela diz vagamente,e eu suspiro baixo. Quando ela já tinha acabado de comer,pagamos a conta e fomos embora da lanchonete. Enquanto esperávamos o UBER chegar,uma  viatura para em frente á calçada,e vejo o mesmo policial da praça se esticar para cumprimentar a loira - Nossa,você está um caco. Quer uma carona? - Ele pergunta,enquanto abre a porta para a mesma. Valentina, suspira e ao me abraçar,já entra no carro - Mais tarde eu te ligo,tá? - E vejo a mesma ir embora na viatura com mala e tudo.









- Tá,o que ele fez com você? - Taron pergunta do nada,e eu tento não chorar de novo - Nada,não é da sua conta. - Eu digo com a voz embargada. O moreno me olha meio nervoso,e parando a viatura bruscamente,pousa a mão em meu braço - Me conta,o que houve? Ele te machucou? - Ele pergunta,enquanto eu olho para qualquer ponto nulo sem ser os olhos verde folha preocupados dele - Ele,só... Preferiu se afastar de mim. Disse que só traz problemas pra mim. Que ao vez de me dar segurança,só me causa mais perigo. - Eu digo baixo demais,e escuto Taron bater no volante - Nossa que babaca. Ele mal sabe a sorte que teve e agora,jogou fora. - Ele diz baixo,e eu olho por uns segundos - Quer dizer,ele não podia fazer isso. Você sentia,sente algo por ele ainda não é? - O mesmo pergunta,e eu sinto como se meu coração fosse ficar em pedaços - Sim, infelizmente sim. - Eu digo,enquanto abaixo o rosto. Meio envergonhada talvez. Taron xinga baixo,enquanto liga o carro e segue para o condomínio. Meu corpo está tão pesado,que acabo dormindo no trajeto.

Taron me acorda quando chegamos no condomínio - Olha,se sei lá,quiser sair pra distrair a cabeça,é só me ligar ok? - Ele sugere,e eu meneio um pouco a cabeça. Ele me ajuda á carregar as malas até a portaria e o guardinha me ajuda á levar até a mansão. Dolores vem até mim,e me abraçando me perguntando "se eu estou bem",e eu só sei ignorar. Eu só quero a minha banheira e uma garrafa de vinho.






Quando eu volto pro apartamento do meu pai,vou direto pro quarto dele. O mais velho está arrumando as malas,pronto pra ir pro Chile - Porque você fez isso? Por que com ela? Vai fazer igual com a mamãe,vai desistir? - Eu digo nervosa,enquanto vejo ele me olhar meio cabisbaixo - Só não quero deixar ela em perigo novamente. Apenas isso. - Meu pai diz tão baixo,que eu me culpo por ter gritado com ele. E vou até o mesmo e o abraço - Eu só não quero que você deixe uma pessoa incrível escapar desse jeito. Voce pode ter uma segunda chance. Só não joga ela fora tá? - Eu digo,enquanto faço um carinho nos cabelos dele - Ah,e o Taron deu uma carona pra ela. - Eu provoco,e vejo ele até engolir em seco - Hm,ok. Daqui 15 dias eu volto pra cá. Te amo querida. - Ele diz tão calmo,que eu fico puta por não ter conseguido deixá-lo com ciúmes. Vejo ele fechar o zíper das malas,e eu seguro seu braço - Pai,sério. Você vai fazer isso mesmo? Você não senta nada por ela? - Eu pergunto,e vejo ele segurar as lágrimas - Claro que sim... Mas,não suporto saber que sempre vou deixar ela em perigo. - Ele responde,já levando as malas pra sala - Pai,só liga pra ela. Ela tá tão mal. - Eu digo,puxando o mesmo pelo braço - Vou pensar sobre isso,ok? - Ele responde,já abrindo a porta e deixando as malas no corredor - Deixa a chave do seu apartamento com você,ok? Estou indo. - O mais velho só entra no elevador,e vejo o sorriso dele sumir assim que as portas metálicas se fecham.

Entro de volta no apartamento,e pegando meu celular vejo um SMS do Myles. Ok,não esperava ele vir logo agora. No meio disso tudo. Pelo menos não vou ter que separar as brigas entre ele o meu pai.

Assim que fecho todo o apartamento,desço para a portaria e esperando pelo meu Uber,vejo meu irmão gêmeo vindo pela calçada - Imaginei que você estaria aqui. - Ele vem e me puxa em abraço. Me afastando de leve,e vejo ele fazer uma careta - O que houve? O que ele fez? - Myles pergunta,enquanto deixa a mochila na calçada - Nada,só estou cansada. Vamos pra uma lanchonete?

COLLIDEWhere stories live. Discover now