☆ conselhos ☆

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Musiquinhas do capítulo:

⭑ Fools - Troye Sivan 

⭑ Apocalypse - Cigarettes After Sex 

⭑ Sleep Well - d4vd

⭑ Take on me - A-ha  

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Abaixo minha cabeça enquanto risadinhas continuam ecoando na mesa. Começo a beber mais para tentar evitar tamanho constrangimento; ainda há muitas taças intocadas na mesa. Minhas bochechas e orelhas com um calor insuportável e prefiro me fingir de surdo. Não sei se me sinto feliz ou triste por meu ídolo demonstrar interesse por mim.

Digo, ele realmente se interessa por mim? Por minha beleza física, talvez. Ele não me conhece então obviamente não seria por o meu verdadeiro eu. E, bem, as pessoas não costumam se interessar por muito a não ser beleza física - a maioria pelo menos, certo? Não que eu não seja bonito, tenho consciência de que sou pegável. Aliás, estou me importando por qual motivo? Acho que a vergonha afetou os meus neurônios, só pode ser isso. 

Suguei a bebida pelo canudinho colorido, sentindo a ardência do álcool já mais fraca descendo pela garganta, anestesiada. Olhei ao redor, distraído, observando as pessoas dançando felizes no andar inferior, as luzes agraciando os corpos livres e suados. Comecei a sentir o efeito da bebida quando percebi as coisas rodarem levemente. Peguei mais um copo e tomei mais rápido do que deveria.

A falta de juízo me tomou com isso e senti o meu mundo girar. Voltei a me concentrar na mesa e minhas companhias. Estavam todos conversando animadamente e me senti um intruso de repente. É como de um momento para o outro virasse um espectador da minha própria existência e já não me sinto tão feliz. O mundo girou mais uma vez quando eu dei mais um gole naquele Sex On The Beach  que já estava todo capenga ali em cima, numa implorando em sua mudez para que alguém o apreciasse.

Uma punição mental passa rapidamente por minha cabeça, de repente, e tomo consciência, mais uma vez, de que há algo de errado comigo há muito; e talvez eu sou estúpido por não ter procurado ajuda ainda. Mas é que a teimosia sempre foi uma companheira nas horas vagas.

Me levantei tentando não chamar atenção dos demais, com movimentos suaves e silenciosos - do jeito que meu estado me permitia. Desci as escadas barradas por seguranças para as pessoas lá embaixo, não autorizadas, subirem. Alguns fãs restantes ainda se espremiam querendo alguma visão da Pandemonium, passei por eles, quase despercebido. Cambaleei em meus passos.

No andar inferior, estava quente, pessoas pulando e gritando aos montes ao som de alguma melodia do The Weeknd. Algumas em cantos mais escuros trocando carícias, outras apenas observando a movimentação. Abri caminho entre aqueles corpos com um pouco de dificuldade, murmurando um "com licença" a cada dois segundos, meus passos incertos demais. Senti gotas de alguma bebida voando em meu moletom, os corpos ardentes esbarrando em mim, piorando o meu equilíbrio que já estava ruim. 

Quando saí pela porta de entrada principal da Luxury, o vento frio me fez ter um calafrio pela troca brusca de temperatura, do outro lado da avenida, agora não tão movimentada, começava o banco de areia e não suprimi meu desejo de ir até lá. Caminhei calmamente, com passadas lentas e trôpegas, num silêncio quase mórbido sentindo minha cabeça girar por breves segundos. Sentei na areia fofa ainda quente pelo Sol da tarde, passando minhas mãos suavemente pelos grãos, sentindo um pouco de cócegas e soltei um riso fraco, sem energia. As ondas quebrando não muito longe, os postes iluminando precariamente onde estou. Tiro a touca que cobre minha cabeça e o vento começa a passar seus dedos invisíveis por minhas madeixas. 

Todas As Estrelas Que Eu Vi Em Seus OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora