× A Paz da Ametista ×

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Apuh atravessou o portal...

Naquele momento, um milhão de pensamentos diferentes atravessavam a sua cabeça, mas ele só queria paz para pensar.

Estava numa planície, ao lado de uma floresta, se queria sobreviver onde quer que estivesse teria de recolher os recursos básicos. Assim fez, recolheu uma pequena quantidade de madeira, matou algumas ovelhas para ter lã para fazer uma cama, deu aquela mineradinha básica em busca de carvão e começou a construir uma casa. O sol quente da tardia batia quando ele terminou de construir.

Questionava-se sobre um monte de coisas: "Onde estaria ele?", "Estaria muito longe de Topcity?", "Será que todos tinham conseguido fugir de Topcity? Claro que conseguiram, eu confio no Pedrux, tenho a certeza de que ele conseguiu evacuar a cidade"; ele confiava no seu irmão, mas mesmo assim, tinha algumas dúvidas e receios.

Dirigiu-se a um lago ali perto e olhou para o reflexo da água, olhou para si próprio. Os seus olhos outra hora negros, antes azuis num tom esverdeado, encontravam-se agora vermelhos.

Olhou em seu redor, como se esperasse algo, algum sinal. Apuh sentia uma aura estranha, porém familiar. Então chamou:

- EIIII, EU SEI QUE ESTÁS AÍ! NÃO ME VAIS ABANDONAR AGORA, POIS NÃO?! EU NÃO ESTOU COM DISPOSIÇÃO PARA BRINCAR ESCONDE-ESCONDE/ESCONDIDAS!! NÃO ME IGNORES!!!

De repente, começou uma movimentação estranha num arbusto ali perto. Alguém murmurou:

- Admite, eu sei que tinhas saudades minhas.

Um Apuh saiu detrás dos arbustos só que um Apuh em tons de vermelho, que voava acima do chão.

- Eu até mentiria, mas tu perceberias. Espero que saibas que tens muitas coisas para me explicar, em primeiro lugar, porque é que tu desapare... - o mesmo foi interrompido pelo outro.

- Tudo a seu tempo, tens de aprender a ser paciente - quando viu a cara mal-humorada de Apuh afirmou - Vamos ficar muito tempo aqui, temos tempo para tudo. Entretanto, fico feliz que aceitaste a verdade, a verdade pode doer mas podemos fugir dela ou aprender com ela, neste caso, tu aprendes enquanto foges.

- Não mudaste nada. - disse num tom irónico.

- É melhor ires para casa, está a escurecer e deves e estás cansado. Adivinhei?

- Tu sabes, não adivinhas. - ripostou o ruivo.

Então dirigiram-se os dois para casa, Apuh estava ansioso para recomeçar e conquistar a paz que tanto queria, mas ao mesmo tempo sentia-se culpado e arrependido.

- Ei! - bradou o Apuh - Ainda não me disseste como te chamo.

- Chama-me Ametista Vermelha. Foi o que sempre fizeste, não foi? Porquê mudar agora?

- Ah sei lá - disse olhando para a sua faixa presidencial com uma certa incerteza. Tirou-a e pousou-a em cima da mesa de cabeceira e deitou-se na sua cama.

- Bem, boa noite - disse a Ametista Vermelha fazendo uma posição relaxada no ar e descendo, acabando por atravessar o chão.

- Boa noite - disse o Apuh.

Apuh ansiara o dia inteiro pelo momento em que poderia relaxar e organizar os seus pensamentos.

Sentia-se arrependido por não ter acreditado no Lg, por ter acabado com a vida do próprio melhor amigo, mas principalmente, sentia-se aliviado por ter pagado o preço pelo seu erro.

Questionava-se porque é que tinha abandonado a sua paz para voltar para Topcity.

Perguntava-se se o esforço que tinha feito para construir Topcity tinha valido a pena, se no fundo ninguém conseguia reconhecer os dias que passou a pavimentar as ruas ou as noites que tinha passado a minerar diamantes para pagar algum serviço público. No final, fora tudo em vão, foi tudo destruído num piscar de olhos, fora tudo destruído pela sua ganância e fome de poder.

Também se perguntava se Pedrux estaria bem, Pedrux foi um dos únicos que se importou com ele, mas era inútil, também o tinha abandonado, tal como todos os outros habitantes de Topcity deixados para trás, entregues à sua própria sorte.

Apuh relembrava o Ralls, um dos únicos que lhe fora leal do princípio ao fim; Ralls mataria qualquer um se essa fosse a ordem do Apuh; não importavam as consequências, o Ralls apoiaria o Apuh até ao fim. Infelizmente, Ralls enlouquecera, não o culpava, Topcity enlouquece qualquer um.

Apuh sentia que onde quer que passasse destruía a vida de alguém. Ele devia ter ouvido a Ametista Vermelha, fora demasiado covarde para aceitar a verdade e agora vira o preço da mentira. Um prefeito/presidente que simplesmente queria a organização mas ficara obececado por poder.

Mas no fundo, estava feliz!
Feliz, porque poderia recomeçar uma nova vida. Feliz, porque tinha aprendido com os erros. Feliz, porque agora que estava sozinho, não magoaria mais ninguém. Feliz, porque teria finalmente a paz que tanto desejara...

Ou será que não?

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Espero que tenham gostado, foi a minha primeira vez a escrever uma fanfic ;)

Deu 754 palavras.

Topcraft 2?Where stories live. Discover now