Capitulo 12 - Questão de escolha. E.M

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Autora:

Enquanto a moça corria de volta para sua casa o rapaz continuava parado olhando ela ficar cada vez mais distante até que desaparecesse completamente de sua visão. Embora ele nunca fosse admitir ou falar em alto e bom som, ele sentiu medo, não do "Velho Muller ", na verdade ele nunca sentiu medo de qualquer homem que fosse, ele sempre foi corajoso, mas seu medo era outro, seu medo era que com a chegada daquele homem, a sua pequena garota de cabelos loiros visse o que ele mesmo via ao olhar o espelho, um homem sem maneiras ou educação. Medo que tudo que Jhon achasse dele fosse realmente verdade e que ela acreditasse também. Ele nunca havia se importado com que os outros pensavam sobre ele, mas ele percebeu que se importava com  o que sua garota pensaria.

Ele não se considerava o cara certo para ela, mas se ela o queria lá estava ele, Justin havia jurado que nunca mais a deixaria, se Emile não o quisesse ela o deixava por sua própria escolha e era esse o medo que corroía o tão novo coração que batia daquele rapaz.

Mas lá no fundo talvez ele tivesse alguma razão em sentir medo, a bolha que os protegia furou, um pequeno furo, mas ainda está lá e corre o risco de ficar maior. Era arriscado o que eles estavam sentindo, amor nunca deveria ser errado. Mas eles sabiam que era, eles sabiam que se não fosse forte e verdadeiro o suficiente aquele pequeno furo seria o suficiente para destruir o que sempre  pareceu tão bonito e intenso porém  frágil.


Emille Muller -

Meu coração batia a cada cavalgada, me embriagava com o ar que entrava por meus pulmões, um sorriso estava rasgando meu rosto, meus olhos estavam assustados e cheios de medos, mas ainda assim felizes. Puta merda! Mas que saudade eu sentia, que droga de saudade, como alguém pode conviver com essa agonia dentro do peito, a vontade que eu sentia era só de chorar, não sabia o que fazer, meu pai finalmente havia voltado para casa e queria me ver e em todos esses dias eu ainda não sei como devo me portar diante dele, uma filha não devia se sentir assim.

Quando finalmente cheguei a fazenda eu não sabia se queria realmente descer e ir até lá, eu fiquei parada encarando a minha casa e pensando no que diria, se eu poderia abraçá-lo ou não. Esperei por esse momento desde que voltei e agora não sei se tenho coragem para encará-lo, forço meu corpo a se mover e descer do cavalo, meus pés tocam o chão ainda com insegurança e me assusto ao sentir mãos frias tocarem meu ombro.

— Calma, sou eu dona Emile — Lola sorri, mas logo percebe meu rosto preocupado. — Não vai entrar ? — Ela pergunta me olhando desconfiada e eu apenas aceno positivamente, caminhando em passos lentos e cautelosos até minha casa.

A porta está aberta e eu sinto minhas mãos tremerem ao tocar na fechadura, meu coração bate freneticamente e eu não sei exatamente qual meu sentimento no momento, se é medo ou apreensão. Meus olhos correm em direção a sala e do outro lado eu o vejo de costas, uma de suas mãos está em seu bolso e a outra segura um grande charuto que posso ver a fumaça subir enquanto traga, ele não percebe minha presença, parece mergulhado em seus próprios pensamentos, com o  olhar fixos no grande quadro da minha mãe pendurado sob a lareira, não é difícil saber o que ele está pensando.

— Pai ? — Minha voz soa baixo e insegura enquanto o chamo, mesmo me ouvindo ele demora mais de um segundo para se virar em minha direção, mas quando o faz sinto que minhas mãos suam frio e não sei como reagir ao seu olhar sob mim.

Nunca pensei que me sentiria tão vulnerável em frente ao meu próprio pai, ele me encarava, ou melhor nos encarávamos em silêncio, seu rosto é uma incógnita  indecifrável, não consigo ou não quero saber o que ele está sentindo ao me ver. A ruga em suas grossas sobrancelhas é tão visível, isso não mudou com os anos, sua grande barba também está lá em seu rosto, apenas alguns fios estão mais grisalhos do que me lembrava, mas do resto é exatamente como sempre lembrei dele, ainda com seu rosto autoritário, sua postura ereta e elegante, suas roupas limpas e bem passadas condiz com seu jeito, logo percebe-se que ele é o senhor de seu império mantendo sempre um ar de superioridade.

Coração Selvagem.Where stories live. Discover now