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                                   Point of view
                                     Wandinha

Admito que sou impulsiva e que odeio que gritem comigo, mas Enid abriu meus olhos para tentar investigar esse situação de outra forma.

Uma pessoa que mal entende de sentimentos é a pessoa menos indicada para ajudar alguém nesse tipo de situação.

Maldita hora que eu resolvi me envolver nisso tudo. Mas no final, Xavier é uma bom amigo, e eu não gosto de injustiças, e se ele realmente estiver passando por uma questão psicológica, sei que ele não merece passar por isso.

Ele é um bom amigo, acho que eu que não sei ser uma boa amiga para ninguém.

Eu posso investigar mais sobre esse assunto, ou simplesmente chamar para uma conversa e confiar na sorte?

Tá, acho que é mais fácil simplesmente chamar para conversar e tirar isso a limpo. Só preciso de algumas horas para derrubar alguns bloqueios pessoais para não travar do nada.

Ai... acho que eu preciso de uma bala na cabeça.

Se para, de forma simples, convidar alguém para uma festa, eu quase travei de vez, imagine para conversar com alguém sobre um assunto delicado desses?!

Queria que um raio atingisse minha cabeça, pelo menos morta eu não passava por uma dessa.

Tá, eu estou pensando demais nesse assunto, isso já está indo contra mim mesma.

                                   Point of view
                                         Xavier

É, eu menti pra Wandinha. Eu não queria ter feito isso, mas eu não me senti seguro para conversar.

Eu me sinto bem com ela? Sim. Até porquê, mesmo sendo quem é, ela é uma ótima amiga.

Mas... será que é certo eu querer tê-la por perto depois do mal que ela me fez?

E eu também disse tantas coisas. A última coisa que eu preciso agora é de confusões mentais.

Eu tenho consciência de que eu preciso me abrir com alguém. Mas toda vez que eu estou caminhando para isso, minha insegurança vem e me derruba.

Acho que eu posso pelo menos começar fazendo algo que já devia ter feito. Conversar com meu melhor amigo.

Foi mancada minha sequer ter falado com Ajax quando cheguei aqui.

Estou me sentindo um pouquinho melhor nos últimos dias, então eu posso sim tentar conversar com o irmão que a vida me deu.

Como eu arrisco ele não responder uma mensagem logo, é melhor ligar. Nunca pensei que eu ia sentir tanto medo de falar com a pessoa que mais confio.

- Xavier? - ouvi a voz de Ajax na linha.
- Oi - respondi.
- Surpresa você estar falando comigo. Mas eai, como você está?
- Será que você pode vir no meu dormitório? - arrisquei - Preciso conversar com você.

- Está bem. Que horas? - perguntou.
- Pode ser agora? É urgente.
- Okay. Estou indo.
- Obrigada - falei e desliguei a ligação.

Acho que era para eu ter feito isso desde o começo. Mas ainda posso fazer as coisas direito.

                                   Point of view
                                           Ajax

Realmente me surpreendi com essa ligação de Xavier. Mas estou preocupado com meu amigo, então já estou indo até seu dormitório.

E fico feliz que ele tenha resolvido conversar comigo. Eu já estava agoniado com essa situação.

Dou três batidas na porta e espero ela ser aberta. Estou curioso sobre o que ele quer conversar comigo.

- Que bom que veio - Xavier abriu a porta - bom, entra logo.
- Está bem - entrei no quarto.

Me encostei em sua escrivaninha e fiquei esperando o que ele ia falar.
- Bem... primeiramente, eu queria me desculpar... - falou receoso.
- Você não precisa - interrompi.

- Mas eu vou falar - insistiu - você é meu melhor amigo, e foi uma grande mancada eu praticamente não ter falado com você desde que eu cheguei. É que... eu não tô muito bem.

- Isso eu percebi - respondi - mas o que foi?
- São questões psicológicas - explicou - e me desculpa mais uma vez. Eu não queria que isso afetasse nossa amizade, mas não foi bem assim, né.

- Não se preocupe, o importante é que você decidiu falar agora.
- E... - falou arrastado - eu não me sinto tão confortável ainda para falar especificamente sobre isso.

- Não precisa se forçar a nada - quis deixá-lo confortável - E... olha. Eu, Enid e Wandinha estávamos tentando descobrir o que se passava com você. Estávamos preocupados - generalizei porquê sei que, lá no fundo, Wandinha se importa sim.

- Já era esperado - soltou um suspiro pesado - Wandinha até me perguntou sobre isso.
- Mas, você e ela são amigos, né? Contou pra ela sobre o que está acontecendo? No caso, contou de forma específica?

- Nem contei que não estou bem e nem contei de forma específica - desviou o olhar para o chão.
- Sabe que ela odeia que escondam as coisas dela, não é?

- Claro que eu sei disso, Ajax. Mas eu não consegui.
Reparei que tinha uma gase em seu braço, perto de seu pulso.
- O que foi isso? - perguntei.

- Ah... - cruzou os braços para esconder.
- Andou se cortando?! - percebi seu olhar.
- Olha... me desculpa - falou.
- E para de pedir desculpas. Caramba, Xavier. Isso é sério. Você não pode querer lidar com esse tipo de situação sozinho.

Ele se calou e ficou encarando o chão por um tempo. Eu nunca passei por esse tipo de situação, mas imagino que não deve ser nada fácil.

Me aproximei e lhe dei um abraço.
- Tudo vai ficar bem - falei o abraçando - você tem seus amigos por perto. E fique a vontade para contar quando estiver pronto.

- Obrigada - falou - até me sinto um pouco melhor agora.
- Viu? Pode contar com seus amigos - soltei um riso - e obrigada por confiar em mim.

Entendendo toda a situação fica, de certa forma, até um pouco mais fácil ajudar.

Sei que pode parecer incompetente da minha parte pensar nisso agora, mas foi o que me veio em mente no momento.

Ano passado, ele gostava da Wandinha. Será que ele ainda sente o mesmo, ou tem apenas um sentimento fraterno?

Nota da Autora: Falou com o irmãozinho, já é um passo. Até o próximo capítulo <3 (Não sejam leitores fantasmas, votem e comentem, please. Se não de noite eu vou tá debaixo da sua cam-)

More than Friends | Wavier - 1° TemporadaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora