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Apenas o som da chuva era ouvido. O clima parecia pesado hoje, os executivos haviam saído e eu não fazia questão de saber aonde foram. -- Emma estava adorando ficar com Kaito, e hoje eu iria ficar até mais tarde para terminar os relatórios.
-- Ainda está aqui -- a voz do senhor Sano me fez erguer o olhar.
-- Estou terminando -- Digo ao mostrar a pilha de relatórios.
-- Termine depois -- Ele diz desviando os olhos para janela, onde um raio corta de fora a fora e todas as luzes do prédio se apagam.
Manjiro liga a lanterna do celular e ilumina o escritório.
-- Boca abençoada, senhor Sano -- acabado dando-lhe uma risada inocente e vejo ele me encarar um pouco divertido, uma fina linha se formou em seus lábios.
-- Eu te acompanho -- ele diz ao pegar meu sobretudo.
O predio estava vazio, agora entendo o que ele quis dizer, ja eram meia noite e eu ainda trabalhava.
Pegamos a escada, já que os elevadores não funcionavam, mas o silêncio entre nós dois, era um silêncio confortável.
-- Como seu filho esta? -- Ele pergunta
-- Muito bem, parece mais animado do que nunca -- sorrio
Voltamos a ficar em silêncio, até que eu acabo escorrendo, pisando em falso e meu salto se quebra. Mas Manjiro me segurou pela cintura usando seu corpo como apoio para não me deixar cair, o seu perfume eu podia sentir o seu perfume. A luz da lanterna se apagou após o tempo estimado, a escuridão nos rondou.
-- você está bem Mika -- ele disse
-- S-sim senhor
Ele liga a lanterna novamente, e eu desvio meu rosto, estávamos perto demais e isso não era respeitosos com meu chefe. Tirei os saltos os levando na mão, não era ruim andar descalça, mas Manjiro me pegou no colo estilo noiva e andou até seu carro.
{...}
Envergonhada, não conseguia olhar para meu chefe por mais de dois segundos.
-- Era o meu melhor salto -- murmuro
-- esta triste por um sapato? -- ele sorriu enquanto dirigia
-- é o meu primeiro sapato da prada, comprei com meu primeiro salário trabalhando para vocês -- sorrio
-- não fique triste por causa de um sapato -- Manjiro olhou para frente, estava quase em casa.
-- Fácil falar, é só estralar os dedos e vocês compram todas as lojas -- murmuro irritada e logo me arrependo, ele é o meu chefe é ele quem me paga.
-- adoro sua sinceridade -- Manjiro segura a minha mão e coloca na sua perna enquanto dirige. -- Poucos foram tão sinceros assim e ainda estão vivos.
-- não vai me demitir né -- o encaro nervosa e ouço outra risada.
Nunca vi ele rir tanto em uma noite. O sorriso do Manjiro era leve, diferente da sua expressão de poder e ser temido. Era um sorriso que te deixa relaxado e a vontade.
-- não vou te demitir, Mika. -- Ele diz -- agora você está entregue, tire o dia de amanhã para descansar.
-- boa noite senhor Sano -- sorrio -- e obrigada pela carona.
Antes que eu saia do carro, Manjiro segurou a minha mão e deixou um beijo entre os dedos. Sem deixar seu olhar desviar dos meus, era como um leão olhando sua presa.
-- Mikey -- ele disse -- apenas Mikey
-- Senhor Mikey? -- digo, constrangida e vejo novamente outro sorriso
-- senhor esta no céu, vamos Mika, não é difícil -- ele diz
-- M-mikey -- murmuro
Sou surpreendida com ele beijando o topo da minha testa, me fazendo arregalar os olhos, ele era meu chefe nunca tivemos esse tipo de contato antes.
-- boa noite.
A Ferrari preta da partida, e eu entro em casa completamente sem reação, tocando minha testa com as pontas das unhas. O que deu nele?
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