agora sei que não estou sozinha

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O beijo intensificava-se. A minha mão procurava o fecho das suas calças e a dela desenvencilhava-se do meu casaco. Então, alguém obviamente inconveniente, decidiu interromper o momento maravilhoso que estávamos a ter. Ouviram-se batidas na porta.

- Sim! - Gritei enquanto Carina saia o mais depressa possível de cima de mim. Não é que ninguém soubesse da nossa relação, mas não é muito apropriado fazer o que estávamos prestes a fazer no trabalho, principalmente no meu gabinete de capitã.

- Olá, Capitã Bishop? Desculpe por interromper. Ah... A sua mãe está aqui...?

Nisto, uma mulher loira de olhos azuis, já com alguma idade, entra no gabinete.

- Olá! - Diz.

- Mãe. - Falei no tom mais seco que conhecia. Não é que eu não gostasse dela, mas a relação que estabelecia com os meus pais e eles comigo não era propriamente candidata a melhor do ano. Não os culpo. O meu pai só queria que eu tivesse sucesso enquanto atleta e a minha mãe só queria o meu bem. Erraram muito, mas toda a gente erra, certo? - Hum, O que estás a fazer aqui...? Não avisaste que vinhas... Porquê?

- Só te vim visitar e ver onde traballhas. A Gande Capitã!

- Olá. - Carina falou finalmente. Esteve os últimos segundos a olhar para mim sem saber o que dizer. 

Ela não sabe nada sobre a minha família. Não é um assunto que eu goste de falar. Sempre que aparecia, eu desviava a conversa, ou inventava uma desculpa para sair.

«Sim, eu amo muito o meu irmão. E a tua família, Maya? tu nunca falas deles.»

«Ah, sim. Estão bem. Olha, eu disse à Vic que ia ter com ela mais cedo à estação, tenho de ir. Adeus, amo-te!»

«Espera... Maya...! Mas que raio!?»

- Olá, prazer em conhecer-te, hum...? - Perguntou a minha mãe.

- Carina! - Estendeu a mão para a cumprimentar, gesto que foi retribuído pela mais velha.

- És uma das bombeiras que a Maya lidera? - Eu nunca contei aos meus pais sobre a minha sexualidade, nunca houve abertura para isso. No entanto, eu não os menosprezo por isso. Sei que naquela altura tudo era mais difícil para todos. Como o meu pai dizia, eles deram-me casa, cama, comida. Tinha isso tudo quando há pessoas que nem isso conseguem, por isso não me posso queixar. Pelo menos, era o que ele costumava dizer.

- Ahah! Não, sou médica.

- Ah, então és a médica da Maya?

- Não, eu sou médica, mas não sou mé-

- Na verdade, ela é minha... Minha namorada, mãe. - Não sei porque é que disse isto assim. A minha mãe não tinha nada a ver com aquilo, mas soube bem dizê-lo, de qualquer forma. E arrancou um sorriso lindo de Carina. Um sorriso que faz tudo valer a pena. 

- Ah, então parabéns... Estou feliz por ti! - Respondeu a minha mãe de improviso.

- Sim, obrigada... Hum... Onde está o pai?

- Então, sobre isso... Eu separei-me dele.

Nisto, a sirene toca. Era uma emergência, por isso, deixei um beijo leve nos lábios de Carina e sussurrei "Amo-te" para que só ela ouvisse. Sai do gabinete sem olhar sequer para a minha mãe.

Porque é que ela o teria deixado? Ele ás vezes era um pouco bruto, mas essa era a sua maneira de ser. Era sentimental. Foi graças a ele que ganhei a minha medalha olímpica.

...

A crise foi rapidamente resolvida, já que era só um pequeno incêndio causado pela queda de uma vela. Ninguém morreu nem ficou ferido. Apenas uma mesa de madeira ficou reduzida a cinzas.

If I had admit it... (marina one-shot)Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin