Capítulo 12

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E as lágrimas começam a rolar pelo seu rosto
Quando você perde algo que não pode substituir
Quando você ama alguém, mas é desperdiçado
Poderia ser pior?

Luzes te guiarão até em casa
E aquecerão seus ossos
E vou tentar te consertar
Fix You, 2005

No século XVII o imperador mongol Shane Jahan ordenou a construção de um imenso mausoléu para honrar a memória da sua esposa preferida, hoje tal construção é conhecida como Taj Mahal um símbolo de prova de amor. Numa cidadezinha na Coreia uma casa de dois andares de arquitetura arrojada também foi construída para uma mulher, essa em vida o que torna tudo mais significativo já que musa para qual a construção era dedicada poderia usufruir do presente. Qual a relação entre as duas? Visto de pronto nenhuma, visto da minha perspectiva as duas construções tinha equivalência quanto a prova de amor. Quando meu pai conheceu minha mãe ainda na América, ele sabia que poderia perder o apoio e o convívio com a sua família, porém ele não se intimidou com esforço e trabalho duro construiu uma casa e constituiu uma família com a mulher que amou, quando morreu ninguém se pronunciou ou mandou flores ou lamentou o ente perdido. Ele deixou uma filha e pra essa filha, a casa uma dívida, uma estrela e agora recém descoberta uma apólice de seguro de vida.

Quando o avião pousou no aeroporto de Incheon, senti meu coração afundar no peito, o fato de correr no sentido oposto ao meu pequeno conto de fadas me deixou sem chão, porém não poderia ignorar a oportunidade de salvar a casa dos meus pais. Quando vi as ligações e mensagens, abri os e-mails para confirmar, não, não era delírio ou um surto, meu pai havia deixado uma apólice de seguro, porém só poderia resgatar com algumas exigências cumpridas, uma delas era ter a via do assegurado, a data limite era dali a dois dias e eu não fazia ideia de onde estava a bendita via, a única coisa que tinha era uma pista que francamente não fazia nenhum sentido.

"Só se vê bem com o coração ."

Tínhamos dois dias, a casa não era tão grande, e podia contar com Halmeoni nem que fosse para me ajudar com ideias mirabolantes e teorias do que aquela frase significava. Ao me ver passar pelo portão de desembarque ela logo sorriu, me fazendo sorrir junto, não fazia o menor sentido ela ter se deslocado até o aeroporto já que eu iríamos pegar um taxi de toda forma, porém já desisti de entende-la, ela segura um cartaz que diz "bailarina número 1"me curvo para cumprimenta-la, ela me beija e abraça, vamos em busca de um táxi, a perna doe porém concentro ao máximo, a dor não vai me parar agora. No caminho até em casa explico tudo sobre a apólice, as exigências e o prazo de 48 horas, iriamos colocar a casa abaixo, ela já começou as suas teorias palpites, passamos bem próximo ao café MAGNATE então lembrei de onde conhecia a pista, fora o que a raposa disse para o principezinho.

Quando cheguei em casa fui direto para o escritório, afinal era onde estava todos os exemplares do livro, obviamente estaria dentro de algum, ledo engano, mas se não estava lá onde estaria? Volto frustrada para a sala, a cabeça doe dando sinais do jet lag, a perna doe reclamando todo o excesso feito nos últimos dias, sentei no sofá pra descansar um pouco, alguns minutos não faria muita diferença.
Acordo no mais completo breu, sento e tento me localizar, levanto um pouco desorientada e acendo a luz, volto a sentar no sofá, observo meu reflexo na TV, estou um desastre, meus cabelos bagunçados a roupa amarrotada, passo a mão no rosto e percebo que babei enquanto dormia, rio sozinha, o quão linda eu pareceria aos olhos de um certo idol nesse exato momento? Lembro da pista " Só se vê bem com o coração" . Eu não tinha a mínima ideia de como aquela frase se aplicava no contexto atual, olho para o relógio e vejo que já perdi 10 horas das 48. Se pudesse definir em uma palavra o que eu sentia essa palavra seria incompetência, desespero cairia melhor? Talvez mas, já venho sentindo a algum tempo, incompetência cai melhor já que estou às vésperas de perder tudo o que meus pais construíram. Me envolvo com o pensamento, me arrasto para o canto do sofá, encosto a cabeça no apoio, olho com atenção tentando absorver cada detalhe do ambiente, o móvel embaixo da TV, lembro que depois da reforma meu pai ficou responsável pela organização daquele espaço, havia alguns livros da minha mãe, alguns porta-retratos e um globo de neve onde dentro estavam sentados o principezinho ao lado da sua raposa.

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