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      "Não é triste que as flores não vivam para sempre?" Ele questionou, passando os dedos de leve pelas pétalas.

     "Como assim, lindo?"

     "Queria que fossem eternas. Você sabia que o girassol sobrevive em seu cultivo apenas por um ano?"

     "Plantas temporárias deixam você magoado?"

     "Eles são tão bonitos. Mas eles vão murchar, apodrecer, desaparecer, em algum tempo."

     "Nascerão outros, meu querido menino." Sua cintura foi abraçada por dedos largos enquanto o rosto se apoiava em seu ombro.

     "Eu sei, mas é como se fossem só isso. Morrem uns e nascem outros. Nenhum deles significou nada?"

     "Você ainda está falando dos girassois?"

     "Yea." Ele saiu de seus braços em passeio pelo jardim grande e ensolarado. Foi seguido, passo por passo, não sem antes parar para admirar outras flores. Havia de todos os tipos por lá.

     "Você se lembra daquilo sobre todos eles se virarem para o sol?"

     "Eu me lembro."

     "Eu acho que o sol se lembrará deles. E, claro, todas as pessoas que passaram por esse jardim e pararam para oferecer sorrisos as flores. Inclusive você, e eu aposto que foi o sorriso mais bonito que elas já viram." Uma risada foi arrancada e eles se abraçaram outra vez, caminhando juntos aos tropeços.

     "Você acha meu sorriso bonito."

     "Eu acho que tudo em você é bonito. Muito bonito. Nunca vou deixar de te dizer isso." Um beijo é depositado contra a bochecha macia. "Acredito nessa coisa de que as flores crescem melhor quando você dá amor a elas."

     "Eu também. Elas parecem mais alegres."

     "Elas sorriem toda vez que você passa, já notou? Estão sorrindo para você agora."

     As flores sorriam. Sorrisos largos, de dentes grandes e prateados.

     "Sei. As flores. E você também, rapaz. Sorrindo para mim."

     "Todos estão sorrindo para você. Você é a criatura mais bonita que eles já viram. Você é como o sol atraindo o olhar de cada um desses girassóis. Cada uma dessas flores está virando para ver você. Tão bonito e brilhante, meu amor."

     "Você é o meu favorito. Meu girassol favorito." 

     "Contanto que você continue brilhando."

     Uma lenda nos conta que havia uma ninfa chamada Clície naturalmente apaixonada por Apolo, deus do sol. Clície o observava todos os dias passando em sua carrruagem de fogo. Apolo, tão bruto quanto era brilhante, seduziu Clície, mas a deixou por sua irmã, o que fez a ninfa entrar em completo desespero. Ela chorou por dias e dias, observando Apolo passar, sentada no chão, no frio, sem comer, se alimentando das próprias lágrimas. Enquanto o sol estava lá, seus olhos não desviavam nem por um único segundo, mas durante a noite, ela se virava para o chão e voltava a chorar. Com o passar do tempo, seus pés tiveram raízes e seu rosto se tornou uma flor que continuou seguindo o sol. Clície, então, é nosso primeiro girassol.

     Em alguns dias de adaptação em sua nova cidade, Harry recebeu novas propostas de emprego (e antigas também). Ele decidiu sair do escritório em que trabalhava na cidade vizinha, embora tivesse sido proposto o trabalho virtual. Queria experimentar novas coisas, sabia que seria complicado quando tivesse que ir até o escritório e recebeu propostas melhores: ele optou por um novo escritório a poucos quilômetros que também ofertava que ele trabalhasse de casa.

The Last Great American Dynasty || l.s. Onde histórias criam vida. Descubra agora