15. A VISITA REVELADORA

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Mesmo com a chuva torrencial que caía lá fora, o hospital estava abarrotado de jornalistas quando Lúcia deixou seu carro no estacionamento, o que a deixou profundamente irritada e preparada para socar qualquer um que viesse lhe fazer perguntas insignificantes. Esses malditos não tinham coisa melhor para fazer além de infernizar a vida da polícia? Pelo visto, não tinham. Assim que se colocou à entrada do hospital, ela o olhou por um momento e respirou fundo. As paredes cinzas, com toques em branco e com vidraças enormes no alto lhe deixou apreensiva. Ao entrar naquele lugar, encontraria amigos feridos e ela estava apavorada com a ideia de algum deles deixassem este mundo. Criando coragem no íntimo de sua mente, Lúcia entrou, ignorando totalmente as pessoas que estavam ao seu redor e os flashes de câmeras que atingiam os seus olhos. Quando chegou na recepção, Lúcia avistou um de seus policiais de braços cruzados, à entrada de um dos corredores. Ao vê-lo, soube que o mesmo estava fazendo a proteção do lugar, impedindo que qualquer pessoa de atravessar por aqueles corredores para colher informações confidenciais. Assim que o policial a viu, assentiu para ela.

Lúcia se aproximou dele, o abraçando fortemente. Vê-lo bem e cumprindo sua função deixou-a mais segura, o que lhe dizia que tudo correria bem dali em diante. O policial se surpreendeu com a atitude de sua chefe, porém, logo que sentiu os braços dela sob seu pescoço, também sentiu um peso sair sob os seus ombros. Assim como Lúcia, ele também estava preocupado com os amigos e não recebera qualquer resposta dos médicos ou de alguém que trabalhava naquele maldito hospital desde que tinham chego ali. Os jornalistas e as pessoas que estavam na recepção os olharam surpresos, e de imediato, aproveitando aquela oportunidade, tiraram dezenas de fotos.

– Idiotas – sussurrou Lúcia ao sair do abraço com o policial. – Enfim, alguma notícia, Gomes?

Gomes tentou manter a compostura depois daquele breve momento de afeição com sua superior. Os seus olhos escuros a olharam e ele respondeu:

– Sem qualquer resposta. Mas pelo o que ouvi, somente Luciana e Victor estão em situação grave e foram levados para a sala de cirurgia. Os que estavam com ferimentos leves, foram levados para uma ala reservada para serem cuidados. Estão bem, pelo menos isso.

Lúcia trincou os dentes, controlando-se. O que ela mais queria agora era ver os amigos para poder cuidar de cada um, mas pelo visto, não conseguiria nem tão cedo. Esperava ansiosamente que Luciana e Victor saíssem dessa logo.

– E já descobriram como uma bomba foi para dentro da nossa delegacia? – perguntou Lúcia, cruzando os braços. – Ainda não entendo como esse tipo coisa foi acontecer.

– Conseguimos ver que foi uma encomenda que chegou mais cedo para a senhora – respondeu Gomes, sussurrando e olhando ao redor. – Tudo indica que o alvo era a senhora, delegada. Mas estamos esperando os vídeos das outras câmeras de segurança para afirmar.

Então, isso quer dizer que se tivesse ficado mais um pouco em sua sala, também seria atingida. Possivelmente, a bomba chegou durante a manhã agitada que eles tiveram e como Lúcia não tinha se aguentado de ansiedade, acabou saindo da delegacia para ir até o colégio para contar à Diego sobre como tinha ficado o processo de adoção. 

Uma movimentação no corredor atrás de Gomes fez Lúcia perder a sua linha de pensamento. Dezenas de médicos em seus jalecos brancos, enfermeiros usando roupas verdes, começaram a correr e falar rapidamente entre si. Naquele momento, Lúcia sentiu um aperto no peito, um arrepio e um zumbido invadindo os seus ouvidos. Ela soube que no meio de toda aquela movimentação indicava uma coisa: um problema acontecerá e envolvia Luciana ou Victor. Aquele aperto no peito tinha sido o primeiro sinal.

***

Com o fim do In Memoriam feito por Tony, os alunos tiveram que voltar às suas aulas normais da tarde, o que lhes deu um gás de ânimo por incrível que pudesse parecer. As turmas entraram nas salas com um desejo desenfreado de não perder a esperança ou a alegria. Porém, o que muitos não perceberam, principalmente a turma de 2º ano, era que novamente uma aluna não estava presente na sala. Durante toda a chatice feita no auditório, Alex aproveitou a oportunidade e capturou uma de suas vítimas na saída dos alunos. Foi fácil e rápido, sem qualquer problema e sem chamar a atenção. Afinal, uma de suas maiores habilidades estava em se mover nas sombras de forma rápida e rasteira.

A Escola das Sombras: O Assassino das Trevas [LIVRO UM]Where stories live. Discover now