Você me vira a cabeçaaaaaa, me tira do sério!

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          Levi Ackerman
Acordo sentindo um vento gelado bater no meu rosto e abro os olhos lentamente para me acostumar com a claridade do cômodo que eu estava. Aquela maluca deve ter deixado as lamparinas acesas.
 
Olho para o lado e vejo S/n dormindo sentada com a mão em um enorme caderno. Observo seu rosto sereno dormindo por alguns segundos, segurando um riso ao ouvi-la balbuciando coisas aleatórias. Pego o caderno de sua mão e encaro o mesmo, vendo que ela havia escrito mais de 20 páginas e isso me deixou um muito surpreso.
 
Olho por suas escritas e planos de retomada de negócios e sorrio de lado muito impressionado com o quão séria ela podia ser quando se dedicava em algo. Admirei também a sua delicada caligrafia que era um pouco controversa com sua personalidade instável.
 
Fechei o caderno o colocando em cima da mesa de cabeceira dela, junto com a pena que poderia perigosamente ferir alguém acidentalmente.
 
Ajeito S/n na cama para que ela deitasse confortavelmente e a cobri antes de me levantar e ir até a janela para fecha-la.
 
Observo o quarto por alguns minutos vendo os retratos, os desenhos, os quadros que tinham nele. Cada canto daquele quarto me fazia pensar o quanto eu não conhecia aquela mulher e isso me instigava mais a saber sobre ela.
 
Eu não sei quando, qual a hora ou o lugar, mas meu interesse por ela se tornou maior do que eu imaginava ter por alguém na minha vida. Ela parecia tão transparente no passado. Eu jamais imaginaria que ela guardava tanto de si, quanto eu tenho visto atualmente.
 
Olhei para a mesa ao lado da cama dela e vi que a gaveta estava um pouco aberta então me aproximei para fechar a mesma, porém vi algo brilhante dentro dela e a abri.
 
Avistei um caderno com pedras brilhantes cravadas e o peguei. Era o diário dela. Eu sei que é errado, mas minha curiosidade sobre o que estava escrito nele, foi mais forte do que eu imaginava, e eu já estava a folhear as páginas do mesmo.
 
Dia 757
 
Hoje foi um dia consideravelmente difícil para mim, meu pai disse que o Sr. Müller ofereceu uma propriedade e 10 mil libras em troca de minha mão. Ele recusou prontamente, afinal, eu tenho só 12 anos de idade e também ele jamais me entregaria para aquele velho caquético.
Mamãe ficou muito irritada com a recusa do meu pai e os dois brigaram muito. E de novo por minha causa.
Eu fiquei preocupada com o papai, ele sofre de uma doença muito terrível do coração, então para evitar que ele passasse por mais estresse, eu disse a mamãe que me casaria com o velho quando mais velha, é claro que é uma mentira, afinal, estarei no reconhecimento quanto for mais velha.”
 
Dia 1486
 
Hoje foi um dia incrível! Meu pai me levou a cidade para ver os soldados do reconhecimento voltarem de uma missão. Eu sei que perderam muitos homens, e isso é triste, mas eu não posso deixar de admirar cada soldado que lutou para nos manter seguros.
Tinha um soldado que eu achei muito bonito, eles falam muito bem dele por aí, dizem que ele é muito forte. Falam por aí também que ele tem uma legião de fãs, espero conhece-lo um dia, e quem sabe servir com ele?”
 
Fechei o diário e suspirei me policiando do quão errado era ler essas páginas do diário dela, mesmo que não tenham sido nada reveladoras.
 
Me aproximo dela mais uma vez pensativo.
 
- O que você fez comigo pirralha? – Questiono ao nada e suspiro pesadamente colocando o diário na gaveta e o fechando.
 
Aproximo meu rosto do seu e beijo sua testa com um estalar demorado. Me afasto e apago a lamparina e saio do quarto. Não conseguiria dormir mais, nem sei como havia dormido mais cedo.
 
Desço as escadas da residência e me aproximo da biblioteca que o criado havia me apresentado mais cedo, já que ficarei acordado, encontraria algo para me distrair.
 
Entro na biblioteca e avisto uma lamparina acesa e a pequena Elizabeth lendo um livro enorme com os olhinhos brilhando.
 
- Acho que não deveria estar acordada a essa hora Srta. Elizabeth. – Chamo sua atenção e ela dá um pulo se assustando.
 
- Capitão Levi? Ai meu Deus, não conta pra mana que eu to acordada, por favor! – Ela disse rapidamente e eu apenas me aproximei dela.
 
- O que está lendo? – Pergunto me sentando de frente para ela.
 
- É um livro muito interessante que eu encontrei na biblioteca do professor do Andrew. – Ela disse baixinho como se contasse um segredo. – O Sr. Schirodinger é tipo um cientista sabe? Ele ensina várias coisas legais pro Andrew, mas ele é burro e não entende nada. – Ela explicou empolgada. – Esse livro é tipo como um.... um... um livro de receitas! – Contou. – Aqui tem vários experimentos legais pra fazer, tem um que pode até fazer luz sem precisar de fogo!
 
- Realmente é muito interessante. – Profiro sincero. – Mas você roubou esse livro Srta. Elizabeth, e isso não é legal.
 
- Eu sei, mas é que... – Ela baixou o olhar. – Diana nunca me deixa ler nada além de contos de fada. E pra ser sincera, eu não to mais na idade de ler essas histórias bobas. – Ela cruzou os braços.
 
- Que você é inteligente demais para sua idade é inegável, porém você tem que aproveitar esse tempo que tem. – Digo com sinceridade. – A infância é muito importante. Você estudar não tem problema nenhum, eu até acho impressionante. – Suspiro. – Mas não foque somente nisso, aproveite bem sua infância, ela vai ser uma lembrança boa no futuro.
 
- É, você tem razão mesmo! – Ela assentiu rapidamente.
 
- Agora chega de ciência por hoje e vá dormir. – Eu fecho o livro e ela sorri.
 
- Tudo bem, boa noite capitão! – Ela se aproximou de mim e me deu um abraço apertado me deixando sem reação. – E pode me chamar de Lizzy! – Ela disse sorrindo e saiu saltitando pela porta da biblioteca.
 
[...]
 
Fiquei na biblioteca por algumas horas e assim que enjoei de ler o livro que havia pego, me direcionei novamente para o quarto de S/n. Já havia amanhecido há duas horas, então eu iria tomar um banho para ir a cidade resolver algumas coisas que eu havia postergado.
 
Ao entrar no quarto, encontrei S/n acordada escrevendo novamente em seu caderno gigante. Ela me olhou assim que eu entrei e sorriu.
 
- Bom dia capitão, levantou antes de mim hoje. – Ela disse e bocejou. – Aliás, acabei de terminar o plano de retomada, e Guilles veio me trazer uma carta resposta que Hilde me enviou, ela aceitou a ficar com a Lizzy! – Ela explicou empolgada e eu sorri ao vê-la feliz. – Então já que eu terminei, estava pensando se não podíamos ir para aquela casa no lago. Seria legal ficar lá, mesmo que só por hoje.
 
- Se já terminou o que faria aqui, não tem porque ficarmos. – Profiro e me aproximo mais da cama.
 
- Na verdade, eu não aguentaria mais ficar aqui por muito tempo. E também, Diana pode inventar de te... – Ela parou de falar e corou. – Enfim, que horas você acordou?
 
- Há umas cinco horas. – Respondo e ela assentiu.
 
Me peguei encarando ela de cima a baixo, como havia virado rotina para mim, já que por algum motivo, tudo nessa mulher parecia extremamente atraente pra mim, até mesmo a cara amassada e os cabelos emaranhados dela. Eu queria beija-la de novo. Mas ela parecia querer me afastar de todo jeito e eu a entendo.
 
Um choque de realidade me atingiu nesse momento.
 
Apesar de me sentir monstruosamente atraído por ela, eu não sou a pessoa mais adequada pra qualquer pessoa.
 
Eu sei que isso soaria autodepreciativo, mas a realidade é que eu sou quebrado. Tenho limitações diversas e sou extremamente problemático. S/n não merece alguém como eu. Eu não deveria ter beijado ela, deveria ter resistido ao máximo, por mais que cada parte de mim, cada membro do meu corpo me fizessem fracassar. Eu deveria ter sido mais forte e resistido aos meus instintos. Pois desde que a beijei pela primeira vez, eu sentia essa coisa estranha e consideravelmente assustadora no meu peito. Essa coisa persistente e que consome mais do que deveria dos meus pensamentos. Essa maluca não sai da minha mente.
 
Mas eu não podia jamais, deixar que esse sentimento me dominasse, por mais rendido que eu já esteja me sentindo, pois S/n não merece alguém tão quebrado quanto eu. Ela merece alguém melhor e disso eu tenho absoluta certeza.
 
[...]
 
                S/n on
 
Eu corei ao sentir o olhar intenso de Levi sobre mim, ele parecia pensativo sobre algo, e isso estava me deixando um pouco nervosa. Na verdade, pela expressão dele, poderia explodir a qualquer momento.
 
- Então... você quer ir tomar café? – Pergunto num fio de voz, temendo por minha vida.
 
- Não estou com fome. – Ele desviou o olhar de mim e caminhou apressado para o banheiro e se trancou lá.
 
[...]
 
Dias depois...
 
Faziam alguns dias desde que o capitão ficou estranho pra caralho e simplesmente resolveu dar a louca e começar a falar comigo somente o necessário. Quando fomos para a casa no lago, ele simplesmente sumiu e voltou apenas quando iriamos para o QG. Hange disse que eu deveria dar um tempo pra ele e eu estava dando. Mas confesso que estava triste pra uma caralho, aquele anão me fez ficar com uma dependência ridícula dele, e agora eu fico toda tristinha pelos cantos.
 
Os cadetes tentaram me animar várias vezes essa semana, mas a única coisa que me fez rir, foi quando a Fifi fez o Jean cair de boca no chão quando fez ele tropeçar em cima dela.
 
- Anima essa caraaaaaaaaa! – Sasha me balançava pra lá e pra cá e eu apenas suspirei. – Caralho S/n, por que você tá assim? Pior que você só o capitão que parece que está com a macaca solta!
 
- Ele tá pegando pesado com vocês não é? – Perguntou vendo a cara de acabada da minha cadete.
 
- É, e dessa vez nem você tá conseguindo salvar a gente. Ele quebrou o dedo no Connie no treinamento de hoje... – Eu arregalei os olhos.
 
- Tá de brincadeira? – Pergunto assustada e ela negou. – Aquele filho da...
 
- Olha a boca. – Ouço a voz de Erwin atrás de mim e me viro rapidamente o abraçando fortemente. – ERWIN QUE SAUDADE! – Digo sorrindo e ele riu me retribuindo.
 
- É pequena, mas agora vou ficar aqui por alguns dias, então, passaremos bastante tempo juntos. – Ele disse sorrindo. – Você está bem?
 
- Melhor agora que você chegou. – Pisco pra ele e ele riu anasalado. – Já falou com a Hange? – Pergunto e ele assentiu.
 
- Ela ficou animada com a minha estadia. – Ele contou. – Vai ser legal passar um tempo com vocês depois de tanto tempo e... Como está Levi? Recebi reclamações ao seu respeito vindo dos cadetes. – Olho para a direção que o comandante olhava, e encontrei os olhos gélidos de Levi me encarando como se fosse me matar. Eu tremi e abracei Erwin de novo, vendo Levi soltar um “tsc".
 
- Esses molengas acham que vão evoluir se eu os deixar soltos por aí. – Ele disse com um tom cortante. – Vai ficar se agarrando ao Erwin por mais quanto tempo Tenente? Não tinha dado á tarefa de limpar meu escritório a você? – Indagou irritado.
 
- Vish, melhor eu ir antes que sobre pra mim, boa sorte S/n. – Sasha disse saindo correndo de perto de nós.
 
-Ei Levi, pra que isso tudo? – Erwin questionou vendo o quão azedo esse bocó tava.
 
- Essa maluca não faz nada direito e fica perdendo tempo com...
 
- Está com ciúmes Levi? – Perguntou Erwin vendo o olhar de Levi arregalar-se e o mesmo vacilar por um milésimo de segundo.
 
- Dessa dai? Ela não é nada pra mim. – Tá, isso doeu muito.
 
- Levi que mer....
 
- Deixa Erwin, ele tem razão. – Profiro tentando usar um tom firme. – Ele é meu capitão e eu sou apenas a tenente dele. Eu gostando ou não, devo obedecer as ordens dele. – Termino e passo por ele pisando fundo, sentindo uma vontade imensa de virar e esganar o pescoço dele.
 
No caminho até o escritório, eu me neguei a chorar por causa daquele imbecil, onde já se viu? Tratar uma mulher linda dessas desse jeito? Ah mas esse filho de uma mãe boa vai ver só, eu vou catar aquele pescocinho dele e... espera, será que ele tá assim porque eu disse um “ NÃO NEM FODENDO!” quando ele perguntou se éramos amigos? Bem, é possível, eu sai correndo do quarto...
 
Mas não é motivo pra ficar assim, sem contar que ele tava normal comigo naquela manhã, até ele ficar pensativo do nada e se comportar estranhamente... AAAAAAH EU NÃO SEI DE MAIS NADAAAAA!
 
Chego no escritório dele e estava uma verdadeira ZONA. Ele fez de propósito aquele desgraçado! Ele ta querendo o que? Morrer? Olha essa merda? Ele tá tão irritado que virou porco do nada?
 
Começo a limpar o escritório na força do ódio.
 
- Aquele anão de uma figa! Ele me paga! Espera só eu catar ele sozinho em algum lugar! Ele vai me ouvir esse puto de merda. – Resmungo irritada limpando a mesa dele com álcool destilado. – Ele acha que é quem pra falar assim comigo? Eu vou encher a cara dele de bofetadas e ele vai aprender quem é a Tenente S/n.
 
- Menos falatório e mais serviço garota. – A voz dele ecoou e ele entrou na sala indo para sua mesa. Que agora tava limpa e organizada.
 
- Você quer saber? – Jogo o pano no chão e ele se vira pra mim. – Vai se foder! Eu sei lá porque você tá assim, mas VAI SE FODER! – Solto me sentindo extremamente irritada. – Seja lá o que eu tenha feito pra você Levi Ackerman, não é motivo pra essa merda toda na sua sala, e muito menos fazer o que está fazendo com os cadetes! – Minha voz sai mais firme que o esperado, e isso me surpreendeu. – Quer me tratar mal, beleza, mas não desconta neles suas frustrações de merda e deixa de ser imbecil! – Me aproximo dele sentindo meu rosto fervendo de raiva. – Alias o que eu te fiz, hein?
 
- Acha que está falando com quem? – Ele disse com um tom irritado e segurou meu braço com força. – Eu sou seu capitão porra. – Eu mordi meus lábios a fim de segurar minha vontade de bater nele.. – Não faz essa merda! – Mandou aproximando mais seu rosto meu. – Sabe o que você fez sua maluca? Você simplesmente entrou como a porra de um parasita na minha cabeça, alugou um quarto enorme nela e por isso eu to tão puto com você! – Eu arregalei os olhos com a resposta dele. – Você é o que? Uma espécie de bruxa? Quer me explicar que merda você fez comigo? Eu não consigo parar de pensar em você caralho! Você me vira a cabeça S/n e me tira do sério porra!! – Ele me jogou bruscamente no sofá de couro marrom da sala dele.

Levi começou a andar de um lado pro outro dentro do escritório e eu simplesmente não podia acreditar no que eu havia acabado de ouvir.

COMO QUE EU REAJO A ISSO MEU PAI?
 
 
 

A maluca da minha Tenente - Imagine Levi AckermanDonde viven las historias. Descúbrelo ahora