ᴄᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ 8: ᴇɴᴛʀᴇ ᴇsᴄᴏᴍʙʀᴏs, ʜᴀ́ ᴀ ᴛᴏʀʀᴇ.

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"Reze toda vez que você me verEu desfaço suas crençasEstou arruinando seu dia com meu rosto pálido e mortoE não me importo se você está putoCães selvagens têm medo de mim e do fogoIsso não é uma coincidência"

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"Reze toda vez que você me ver
Eu desfaço suas crenças
Estou arruinando seu dia com meu rosto pálido e morto
E não me importo se você está puto
Cães selvagens têm medo de mim e do fogo
Isso não é uma coincidência"

Грустная Сука (Sad Bitch) — IC3PEAK.

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Com os dedos penteio o cabelo branco que cai sobre meu rosto. Respirar fundo sempre foi tão difícil? Todo o meu corpo parece estar paralisado, suspiro sem saber o que fazer em meio a tanta escuridão, mal consigo enxergar a mais de um palmo de distância. É como se tivesse ficado cega, após dias nessa escuridão.

O que penso ser água está rapidamente alcançando meus joelhos, deixo que um grunhido me escape enquanto meus pés descalços tentam achar uma superfície alta o bastante para me manter longe disso. Tateio o ar, mas tudo o que encontro é ainda mais do mesmo vazio.

Não importa o quanto eu corra, algo pesado me impede de fazer progresso, pois está preso em minhas costas e é como se saísse de dentro de mim. Minhas mãos tremem quando as estico até minha retaguarda para tocar o que, com um franzir de sobrancelhas e uma careta, descubro serem três pares gigantes de asas, enfileiradas em minhas costas, tão grandes que não consigo achar seu fim.

Tento berrar um palavrão pelo pavor que me atinge, mas de repente o líquido que inunda e eletrocuta cada centímetro de espaço vago em meus pulmões, bate contra mim tão repentinamente e com tanta força, que meu corpo é jogado para trás, numa imensidão oceânica de eletricidade tão profunda que não consigo nadar para fora.

Minha mente entra em um completo caos, me debato freneticamente enquanto sinto a escuridão que me cerca se infiltrar naquela "água" para agarrar e cobrir cada polegada de minha pele. Sinto minha derme tatuada ser lentamente perfurada, uma sensação doente e venenosa sufoca cada um de meus órgãos, enquanto minha mente luta para não se perder.

Meus olhos roxos paralisam enquanto ao longe consigo perceber uma silhueta monstruosamente grande e obscura cortando a neblina densa, a fazendo se esvair rapidamente como se fosse um caminho que se abre a partir do puro medo; a escuridão substituída por um resplandecer feroz que emana diretamente dele.

Não consigo ver seu rosto enquanto ele submerge, me surpreendo por conseguir nadar até mim tendo asas tão grandes cortando a correnteza que me puxa para baixo. Mesmo desconfiada estendo minhas mãos e agarro os ombros do homem, afundando minhas unhas em sua pele e o puxando contra mim.

O desespero de ter uma chance de continuar viva é tão primitivo que não me importo se seu ar é cortado, quando abraço seu pescoço tão forte que consigo ouvir um estalo vindo dele e um grunhido deixando seus lábios. Escondo meu rosto entre meu braço e seu pescoço, seu perfume me acalma e traz desconfiança ao me fazer constatar que é estranhamente familiar.

𝐓𝐈𝐆𝐑𝐄𝐒 𝐀𝐒𝐈𝐀́𝐓𝐈𝐂𝐎𝐒.Onde histórias criam vida. Descubra agora