Capítulo 9 ― Nove.
Annelise decides to meet Illyria.
"Tem certeza que ela está melhor desse jeito, mãe?"
Annelise ouviu a voz de sua sobrinha parecia longe junto de um eco e um barulho da máquina que checava seu batimento cardíaco.
"Sim, querida, os médicos disseram que ela estava com muita dificuldade para respirar e por isso está de bruços... Mas, ainda pode ler sua história para ela." Arabela sabia que aquilo estava animando os filhos mesmo que a recuperação de sua irmã mais nova estivesse passando por dificuldades.
Seus batimentos diminuíram nos dias anteriores e haviam precisado aumentar a dose de alguns medicamentos enquanto a respiração precisou voltar a ser acompanhada por um tubo.
"Mas, ela pode ouvir melhor agora?" Ela reconheceu a voz de Ravi.
"Sim, os médicos concordaram em diminuir seus medicamentos aos poucos enquanto esperam por uma resposta de seus pulmões."
Aquilo fez com que Annelise despertasse e se assustou ao perceber que estava deitada de bruços como havia ouvido sua irmã comentar, respirou fundo quando ficou de joelhos na cama e observou o ambiente que estava por alguns segundos.
― Ainda estou aqui. ― Ela murmurou e esfregou os olhos antes de se levantar.
Talvez tivesse já se passado um mês que estava acordando em um quarto na casa do Vento e cumprimentava a todos como se estivesse intimidade com eles sendo que antes os conhecia como personagens de uma saga literária.
Foi para o banheiro e esfregou de leve sua cabeça sentindo uma dor incomoda na região e pensando se não era culpa própria já que havia dormido com a cabeça fora do travesseiro e por isso a região podia estar dolorida. Saiu do quarto percebendo que não se alimentava bem durante sua estadia ali e comia pouco podendo aproveitar o quanto lhe ofereciam.
― Não, não, não parece certo. ― Ela negou seu pensamento. ― Caramba, o que aconteceu? ― Disse assustada quando viu o estado da pequena illyriana.
― Oi, tia, bom dia! ― Louise a saudou. ― Eu estava treinando meu voo hoje cedo e cai num arbusto que tem na janela do meu quarto, acho que a tia Elain acabou trocando de lugar e eu cai em um cheio de espinhos, dói um pouco.
― Meu Deus... ― Annelise murmurou podendo ver a menina cheia de pontos pretos. ― Eu vou tirá-los.
― Vai doer muito? ― Louise perguntou demonstrando um leve receio.
― Bem... Prepara-se. ― Foi tudo que a moça disse enquanto apontava para o sofá e as duas se sentaram. ― Ninguém lhe ouviu?
― Tia Morrigan ouviu e foi chamar Madja, a curandeira, mas ela está demorando. ― A menina se mexeu com dificuldade.
― Eu vou tirando seus espinhos enquanto isso, talvez com uma pinça seja melhor. ― Annelise a analisou vendo que a maioria se concentrava em seu tronco e na região da barriga com somente dois em seu rosto na região do queixo. ― Madja não é moradora daqui? ― Tentou distrair a pequena.
Ela ficou surpresa quando viu o objeto ao seu lado e o pegou percebendo que era um de aço.
― Obrigada, casa. ― Agradeceu. ― Vou começar, querida.
― Hm, Madja é uma curandeira que vive nas montanhas de Illyria... Ela é a melhor, foi ela quem fez o meu parto e o do meu irmão. ― Louise fazia algumas caretas enquanto Annelise tentava ser cuidadosa e não lhe machucar mais.
― Eu imagino que aqui não tenha remédios para dor e muito menos infantis... ― A moça mordeu os próprios lábios. ― Casa, eu preciso de uma compressa morna embebida em chá de alecrim, por favor.
Ela logo foi atendida e colocou sobre o queixo da menina.
― Oh, a dor está passando. ― Ela ficou surpresa.
― Alecrim é uma planta que tem um ótimo poder anestésico e seu chá ajuda muito. ― Annelise ainda tinha um bom conhecimento em plantas medicinais. ― Você disse que Madja mora nas montanhas de Illyria?
― Hm sim! Lá é onde vivem os illyrianos, são féericos com asas e meu pai diz que sem cérebro também que pensam somente em lutar, quebrar ossos e outras coisas de adulto. ― Louise fez um leve bico com os lábios.
A pequena seguia falando enquanto Annelise pedia por mais compressas molhadas com o chá da planta anestesiando o corpo dela e impedindo que continuasse sentindo dor enquanto os espinhos eram retirados de seu corpo. A féerica os colocava em cima de uma toalha e tentou acelerar a retirada deles obtendo êxito em seu processo e logo faltava bem pouco para a menina ficar livre deles.
― Chegamos! ― Morrigan se aproximou correndo. ― Oh... ― Ela parou quando observou a sobrinha.
― Oi, tia! ― Louise sorriu.
― Irei tirar o último. ― Annelise a comunicou ainda mantendo sua concentração e puxou o maldito. ― Oba! ― As duas comemoraram e Louise a abraçou antes de ser colocada no colo da tia.
― Consegui tirar todos os espinhos dela. ― A moça de pele escura disse com um sorriso nos lábios.
― Nunca mais faça isso, criança, nunca corri tanto por Illyria atrás de Madja. ― Morrigan sentou ao lado das duas, as pernas já estavam doloridas e sabia que correr de salto não era a melhor alternativa.
― Usou alecrim? ― Madja indagou um pouco surpresa.
― Sim, serve como anestésico local para ferimentos superficiais e o próprio cheiro também ajuda a acalmar caso a pessoa esteja muito nervosa. ― Annelise explicou.
― Eu fiquei bem calminha, depois nem doeu mais. ― Louise deu de ombros.
― Não deve ter doído mesmo, não acredito que tinha tudo isso de espinho. ― Morrigan ficou chocada quando olhou a toalha. ― Eu preciso mostrar isso aos seus pais.
― Não há necessidade disso, tia. ― A pequena balançou a cabeça e desceu do colo de Annelise se aproximando da loira. ― Não precisa.
― É mesmo? ― Morrigan arqueou uma de suas sobrancelhas enquanto a menina assentia.
― Você tem conhecimento nessas coisas? ― Madja acabou demonstrando sua curiosidade.
― Ah sim, eu era médica um tempo atrás... Lidava com traumas, ossos quebrados e essas coisas. ― Annelise levou uma mecha do cabelo para atrás de uma das orelhas. ― Você gostaria de ajuda com isso em Illyria? Pelo que Louise me disse, isso deve acontecer muito lá.
A loira parou de brincar com a sobrinha e as duas arregalaram os olhos quando ouviram o pedido de Annelise.
― Não pode estar falando sério. ― Morrigan resmungou surpresa.
― Eu não sei quanto tempo tenho aqui ou se ficarei para sempre, preciso arranjar um trabalho e fazer alguma coisa... Essa é minha única experiência, gostaria de tentar.
― Tem certeza que quer me acompanhar em Illyria? ― Madja também estava um pouco incrédula com o que ouvia.
― Sim, quero voltar a ajudar como eu fazia antes. ― Annelise tinha certeza.
― É melhor comunicar a todos aqui primeiro. ― A terceira no comando tentou insistir.
― Tudo bem, eu faço isso depois quando todos apareceram... Por enquanto, Madja, eu poderia lhe acompanhar na volta para lá? ― A moça se ergueu do sofá.
― Claro. ― E a curandeira não se opôs a decisão dela.
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― Apesar do grão senhor ficar muito irritado com todos eles, somos bem pagas por ajudar a todos. ― Madja lhe contou enquanto seguiam para dentro da casa dela onde tinha anexado uma espécie de consultório.
― Isso é ótimo. ― Annelise foi sincera.
Rhysand até havia lhe sugerido pagar uma mesada enquanto continuasse em Velaris, mas aquilo a deixou incomodada e ela prontamente descartou a ideia apesar de querer retribuir e dar a ele algum pagamento por toda a hospitalidade e por ter lhe ajudado desde o primeiro instante que chegou naquele lugar.
― Tudo bem? ― A curandeira lhe indagou quando a moça levou uma das mãos até a cabeça.
― Tudo bem sim, só uma leve dor. ― Ela fez uma careta e amarrou seu cabelo.
― Eu tenho um tônico que pode lhe ajudar.
Annelise não sentiu muita confiança quando lhe ouviu dizer aquilo, mas aceitou o líquido engarrafado quando lhe foi entregue e tomou um gole logo ficando surpresa quando sentiu que o efeito dele era quase imediato.
― Que incrível. ― Annelise murmurou, a dor parecida estar indo embora quase de forma instantânea.
― Levou anos até que eu conseguisse achar a fórmula exata para o efeito ser rápido e prático, mas consegui. ― Madja sorriu fraco. ― Vou te mostrar o lugar.
Enquanto as duas conversavam trocando experiências mesmo em mundos diferentes, perceberam que já passaram por situações parecidas e depois dos sustos agora riram ao contar.
― Eu ouvi algumas histórias de Morrigan, mas não me assustam, já lidei com muitos tipos de pacientes e alguns violentos também. ― Annelise seguiu contando. ― Alguns chegavam furiosos ou ficavam furiosos depois de tudo, alguns parentes vinham descontar sua raiva...
Ela admita que teve sorte por Caspian estar perto nas vezes em que aquilo aconteceu e ele a defendeu até mesmo de um homem furioso por conta da demora da recuperação de seu filho após ela colocar seus ossos de volta no lugar e cuidar dele.
Mas, havia momentos que soube se defender também não precisando apelar para a força física.
― Parece que há uma nova aprendiz com Madja, uma moça que veio de outro mundo. ― Nyx parou de arrumar suas adagas quando ouviu o comentário de duas moças. ― Espero que os machos idiotas não a expulsem daqui como fazem com todas, somente Madja aguenta.
― Também espero. ― A outra concordou com ela e ele fez uma leve careta antes de voltar a atenção para suas armas.
Estranhou por pensar em sua tia recém chegada, mas logo deu de ombros.
Devia ser apenas uma coincidência boba se passando por sua mente, nada demais.~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Em breve tem mais, beijos :3
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A Court Of Love Between Worlds [CASSIAN]
FanfictionACOTAR Quando Annelise sofre um grave acidente de carro perdendo seu marido durante a tragédia e entrando em um coma profundo, ela nunca imaginou que cairia no mundo de Prythian com personagens de uma saga de um livro que sua sobrinha havia indicado...