Denso Como A Noite

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O meu dia não foi bom.

Voltar pra casa era pior ainda, eu morava no centro da cidade, um bairro que a burguesia e a aristocracia japonesa viviam. Eu só queria me matar toda vez que eles minimamente falavam comigo.

Não nascendo de uma família tradicional no jujutsu, foi um choque descobrir a minha força.
Mas eu digo que não nasci em uma família tradicional... Porém tenho ligação com eles, além disso... A Família imperial japonesa é o tipo de coisa que não seja tradicional em algo.

— Amanhã eu tenho que ir até o colégio jujutsu, desmarque os meus compromissos, por favor — Digo para minha assistente.

— Você tem um encontro com seus pais amanhã, senhorita — Ela me mostra o Tablet.

— Que merda... Desmarca do mesmo jeito — balanço minha mão, eu não quero conversar com eles!

— Sim senhorita — ela concorda com a cabeça e eu Sorrio um pouco depois.

— Obrigada pelo trabalho, Senhorita Takeshi — faço uma breve reverência e vou pro meu quarto.

Tranquei a porta do meu quarto e tirei minhas roupas, indo para o banheiro verifiquei o mesmo de sempre, todos aqueles detalhes em dourado e pinturas tradicionais feitas a mão nas porcelanas... A mesma breguice.

Liguei a água da banheira no mais quente possível enquanto tratava do meu cabelo, aproveitei para me olhar no espelho de corpo todo. Minha pele tá roxa em vários pontos onde eu cai ou me bateram

— Ainda bem que está apodrecendo no quinto dos infernos — Murmuro com um pouco de raiva daqueles caras.

Eles assediaram uma menina, na real, tinha coisa pior pra acontecer ali... Ainda bem que eu cheguei, não queria usar Jujutsu só que foi necessário, depois que aquele cara das compras foi embora, eu coloquei a menina em um taxi pra casa.

Mas... Falando no cara das compras, ele é tão gostoso que chega a ser pecado... Eu adoro caras fortes e com cara de mal

No que eu tô pensando? O cara é viúvo e tem um bebê! Eu tenho que tomar emenda na vida, é por isso que meus pais vivem enchendo meu saco pra casar.

É exatamente por isso que eu tô evitando esses velhos. Eu só tenho 26 anos!
Já dizem que eu tô velha demais e tenho que casar logo. Acho que eu vou me matar.

A banheira pareceu tentadora agora...

Enfim, eu acordei na manhã seguinte bem rapidinho, correndo pra me arrumar enquanto ouvia música. Meu quarto tinha bem mais personalidade, algumas paredes pintadas de laranja com pôsteres de várias coisas que eu gostava, bandas, filmes e esportes, uma miscelânea do que era eu mesma.

Prendi meus cabelos em um rabo de cavalo usando uma fita amarela que fica solta pelos lados como uma mecha extra do meu cabelo.

Com sorte, não encontrei meus pais em casa e meti o pé de lá com a minha assistente.

— Hikari-Saaaan! — a voz do Satoru foi a primeira que eu ouvi.

— Oi pirralhos — aceno pra ele e seu "melhor amigo" Getou.

— Cadê o Nanami? — falei pondo as mãos no bolso do meu uniforme.

Getou deu uma risada, mexendo nas pontas de seus cabelos.

— Ele deve estar ouvindo alguma banda emo escondido no quarto escuro

Depois disso uma lata voou na nuca de Getou, eu e o platinado rimos.

— Não fica se achando. — Falou o garoto loiro com as pontas tingidas de roxo, Nanami Kento

Ele chegou junto com a Shoko que tinha a mesma cara de emo de sempre, uns fofos.

— Vocês estão com muitas missões? — dei uma perguntada sobre isso já que esses são os alunos mais fortes que esse colégio já formou.

— Nem fala — os quatro suspiram ao mesmo tempo.

— Então chega de treinamento só  por hoje! — Digo isso e vejo aquele pessoal de 15 a 17 anos sorrindo de alívio.

Eu acho que são tão novos pra ter tanta responsabilidade.

— Onde a gente vai, Nanase-sensei? — Satoru me pergunta com um sorrisinho malicioso, ele é muito novo mas já tem fama de ser charmoso.

— Eu tava pensando em levar vocês na Disney — Levanto meus ombros, vendo eles se entre olhando... Eu não acredito nisso — vocês estão com vergonha de ficarem felizes com isso?

— Eu não tô não! — Getou diz com um sorrisinho tranquilo — eu quero uma orelha do Mickey azul.

— Azul é a minha cor, dãã — diz Satoru abaixando levemente seus óculos só pra exibir os olhos abençoados que ele tem.

— Você sabe que verde combina mais com você, Getou — Shoko diz com a voz apática — eu quero um rosa

Sorrio um pouco, ainda são crianças...

A gente realmente foi parar na Disney sob minha jurisprudência... O problema foi os meus pais descobrirem.

— Vocês podiam me dar um dia de paz... Pelo menos um — Digo cansada quando vejo a cara do meu pai... Na verdade, um óculos... Eu via o meu pai como um grande óculos de armações grossas.

— E você poderia ser uma mulher decente e responsável — Minha mãe fala com seu nariz empinado, boa demais pra estar nesse lugar repleto de alegria. Ela deve ter alergia a esse tipo de sentimento.

— Esse negócio de casamento de novo não né? — massageio minhas têmporas, não é possível.

— Sim, é exatamente isso — meu pai estava inflexível — Nem exigimos muito, desde que se case...

Eu juro... Esse inferno não acabava.
Mas eu jurei que apresentaria um noivo em breve e eles foram embora!!!
É claro que iriam, meus pais são as pessoas mais anti-parques de diversão possíveis, eles se merecem.

Eu vi os meus alunos se divertindo, parece que tinham outras pessoas por aqui que praticavam jujutsu e fiquei feliz que eram os colegas de Kyoto.

Enquanto isso eu converso com outro sensei sobre o meu problema.

— Precisa se casar com alguém... Mas isso não parece difícil — pra eles nunca parece difícil.

— É sim, precisa ser uma pessoa minimamente decente, precisa não ser feiticeiro jujutsu mas saber que jujutsu existe e não se impressionar com a riqueza e o status da minha família — conto nos dedos a quantidade de coisas

— Essa é a falta de critérios que eles estavam falando? — o sensei parecia impressionado agora.

— Pois é — Suspiro e apoio minhas costas em uma parede. É uma pena eu não poder fumar.

— Tem uma pessoa que é tudo isso... Mas precisaria pagar ele — o sensei diz segurando o próprio queixo.

— Quem é esse cara? Quer que eu contrate um merceario pra fingir que é meu noivo? — Acabo rindo mas o sorriso se desfaz quando ele concorda.

— Dizem que ele tem Restrição Celestial também, é um ex membro do clã Zenin que foi expulso por isso — o homem ajeita os óculos — Toji Zenin... Ou Fushiguro como tem chamado agora..

Fushiguro?

— Você consegue uma foto dele pra mim? — pergunto depois de lembrar do homem da noite passada.

— Vai ser meio velha

— Serve.

Quando ele me mostrou... Era exatamente o cara!

Então eu vou te achar, Toji Zenin.





A Princesa e o Assassino - Toji Fushiguro Onde histórias criam vida. Descubra agora