YOU TOO

If you love it then you cut the thing loose ,

Jimin pode sentir fisicamente seus olhares infinitos . Ele já pode imaginar que sua própria existência já é desconfortável, como se estivessem tentando abrir um buraco nele, talvez um buraco no peito para tirar o vermelho e bater dele e pegá-lo para si. Embora Jimin tenha certeza de que ele mesmo o entregará sem nenhuma objeção, porque ele é medroso .

Ele não  quer beijar amigos, não quer fazer novos amigos, que manter só os seus. Não quer adormecer e acordar na mesma cama com eles  . Ou com ele . Ambos sabem disso, porque ambos se controlam, ambos ignoram magistralmente a forte tensão que só pode ser cortada com uma motosserra, ou, bem, destruída simplesmente se fundindo em um beijo ardente, mas isso nunca foi uma opção.

É uma tortura sinistra que eles continuem fazendo aquilo de novo , e de novo e de novo e de novo . Andam voluntariamente sobre brasas, sobre pregos que furam os pés e chegam até o coração, fazendo-o sangrar furiosamente. Eles preferem morrer de perda de sangue a parar de se torturar.  A pararem de se falar .

Talvez a comunicação deles tenha sido um erro? Desde o primeiro dia, desde o primeiro minuto, até mesmo um segundo... porque, só de vê-lo, as entranhas de Jimin se contraíam em uma doce dor que fazia seu estômago se revirar toda vez que Jungkook sorria docemente para os outros . Ele se perdeu tantas vezes naqueles olhos que a chuva vinha à sua garganta e lá ficava presa tortuosamente , engolida com um esforço e palavras doces escritas no ar . E assim, a dor, permaneceu até o primeiro nauseante, inocente “Eu te amo” , que com um sopro leve e repentino destruiu o castelo de cartas das esperanças de algo mais do que apenas amizade. Doía dizer aquelas 3 palavras . Jimin não queria magoá-lo … não queria se magoar .

Tudo começou tão espontaneamente, como em uma rom-com barata, quando, durante outro colapso, Jimin confundiu o último dígito do número de telefone e mandou uma mensagem para Jungkook em vez de outro amigo . Então ele derramou toda a sua alma não tão profunda para um completo estranho que ouviu e apoiou. que continuou a fazê-lo nas semanas seguintes, até que se ofereceu para ficar ali “para sempre” . Jungkook traía as boas memórias de Jimin com a superestimação das ruins , consciente de que há algo errado , mas impotente sobre qualquer questão .

Uma situação lamentável que lhe empurrava para a frente em direção a um futuro que se constrói rápido , em contrapartida com o tempo de vida . Mas se não bastasse isso ,a diversidade de emoções é quase uma combinação infinita que se adequa a quem a sente . No caso de Jimin, sentia-as como a gravidade ; potentes e sutis .

Algo brilhante e perceptivelmente quente como uma supernova brilhou entre eles no exato segundo em que se viram pela primeira vez. Naquela noite eles se beijaram no carro de Jungkook pela primeira vez. E a última também. Foram atraídos um pelo outro como pólos opostos de um ímã, então era impossível resistir. Jimin cheirava a cigarro nojento que costumava fumar, e Jeon tinha gosto de... Jeon . Gelado, sensível, agradável .  Jimin teve que usar todas as suas forças para fugir dele.

Em silêncio constrangedor, algo inexplorado cedo, queimando, derramou nas veias, confiantemente começou a se mover direto para o coração, tentando quebrá-lo, como uma parede de vidro, apenas Jeon não permitiu temporariamente. Agora era hora de quebrar aquele silêncio constrangedor, mas Jimin chegou antes dele. Ele tenta manipular seus próprios sentimentos para descobrir as sensações que sentiria se Jeon viesse até ele naquele momento . Ofegante fugiria e gritaria sem pensar sequer uma vez . Jeon olharia em seus olhos marejados e expressaria sua preocupação tentando esconder a pena que tanto sabe que odeia , iria até Jimin em passos lentos e delicados como se pudesse espantar todo aquele medo , chegaria perto e ofereceria seus braços como consolo , como já fez nas últimas vezes .

- Marlboro cheira a você, uma abominação. Vai mascar chiclete?

Um aceno de cabeça em resposta, um pacote estendido e duas almofadas "órbitas" acabaram na boca, na qual alguns minutos atrás estava o cigarro do Park . Jeon descobriu naquela noite que Jimin tinha gosto de cigarro e ameixa.

Jeon não é tão idiota quanto às vezes pode parecer, ele entende, vê os sentimentos de Jimin por ele. Sente fisicamente como se controla para não fazer o que seus amigos fazem. Porque o próprio Jimin queima por dentro e com muita dificuldade tenta apagar esse fogo. Jimin não era a cara metade de algo ou alguém para encher-se de sentimentos que não eram inteiramente dele . Não deveria transbordar como um copo d'água por coisas que não foram causadas por ele próprio , quem dirá por terras que não foram adubadas por suas próprias mãos .

Jungkook era terra erosiva , não dava para se plantar ali .

Em vez disso, Jimin se odeia por sua covardia. ele poderia ter estado com Jungkook  há muito tempo, depois daquele beijo desajeitado, mas entorpecente no carro. Se não fosse por seus medos e inseguranças consigo mesmo e com seu futuro, ele não teria se dado bem com uma ex-namorada, relacionamento com o qual só traria dor de cabeça. Por alguma razão, a dor física é muito mais fácil de suportar do que a dor moral. E por alguma razão, os abraços de Jungkook sozinhos aliviam instantaneamente aquela mesma dor de cabeça, fazem você sentir apenas paz e conforto. Mas também trazem choros ,dúvidas e novos medos . Jimin está pronto para começar a chorar com o quanto ele quer e o quanto ele tem medo, ele escolhe destruir seu pobre coração com suas próprias mãos.

Sempre foi óbvio e Jungkook sempre soube : As promessas ditas de cabeça quente lhe davam ânsia de morte . Fica com desejo de morrer por fora só porque estava a morrer por dentro , mas mesmo assim , sabendo o que sabia , prometeu o que não podia cumprir .

Na ausência de palavras foi aí que Jeon se deu conta de que Jimin também tinha sentimentos afinal . E tinha até mais que isso .

Para Jungkook ele tinha tudo , só não tinha um ponto final porque não queria que nada deles acabasse , mas ele tinha tudo .

Até tinha certezas ,

Até deixar de ter palavras .