capítulo 28

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Capítulo por Ayana

📍 Rio de Janeiro, Lagoa - 2022
🗓️ Segunda-feira

Levantei imediatamente da cama e corri para o banheiro vomitar. Não aguento mais passar mal desde quinta-feira. Hoje, não tenho opção e vou ter que ir ao consultório para fazer um exame de sangue. Dependendo do resultado, espero que a minha vida não faça isso comigo, porque não sei o que seria capaz de fazer caso esteja grávida, principalmente do lixo do Pedro.

Escovei os dentes e fui tomar banho. Achava que estava um pouco atrasada para o trabalho, mas a realidade bateu na minha porta e comecei a chorar, sentindo-me sem rumo e completamente impotente. Meus dias têm se baseado em ser assim, uma completa inútil que só sabe chorar, mas eu juro que estou tentando me levantar. Tenho certeza de que, em algum momento, tudo isso vai passar. Preciso acreditar nisso.

Terminei meu banho e deitei novamente, mas o sono não vinha. Então, liguei para o Diego e pedi para ele vir aqui em casa para resolvermos logo o que tínhamos para conversar.

Depois de um tempo, ouvi o barulho da garagem sendo aberta e sabia que era ele. Segundos depois, ele entrou no meu quarto, fechou a porta e sentou ao meu lado. Ficamos alguns segundos em silêncio.

- Como você está? - quebrou o silêncio, visivelmente sem graça.

- Como você acha? - abaixou a cabeça, olhando para algum ponto do quarto.

- Preta, eu não tenho nem mais o que falar... O erro que tivemos com você naquela época não tem nem justificativa, e eu me arrependo, mano. Eu me senti péssimo por ter feito você se sentir daquela forma, mas de coração mesmo, não foi com essa intenção. Você é minha família, eu nunca ia querer te ver mal novamente.

- Eu sei que você não fez por mal, mas isso não anula o quanto estou brava. Mas não vou ficar me estendendo com esse assunto, porque já estou cansada de ficar me explicando. Eu te amo e não quero ficar nesse clima contigo, mas da próxima vez que você fizer algo do tipo, pode esquecer que eu existo - Ele balançou a cabeça em concordância e me deu um abraço.

Diego é sangue do meu sangue e sempre me ajudou em tudo o que tivesse ou fosse além do seu alcance. Seu erro, na minha visão, foi grave, mas eu não vou virar as costas para alguém que, apesar dos pesares, sempre esteve comigo.

- O que a gente vai fazer? - Diego perguntou.

- Não sei - sussurrei.

- O restaurante tem seguro, é só a gente esperar a perícia do incêndio e recorrer.

- Perícia pra quê? Perda de tempo. Eu nem sei se eu vou adiante com isso.

- Pra saber ao certo o que aconteceu. O gás era recente e como a válvula estava danificada?

- Não sei - A porta do quarto abriu, dando a visão da Bruna com a cara toda amassada, de quem acabou de acordar.

- Graças a Deus vocês se resolveram - disse sonolenta, se jogando em cima da gente - Daqui a pouco a gente tem que sair, viu Aya?

- Sair pra onde? - perguntou Diego.

- Fazer um exame pra ver se você vai ser titio - ela deu risada, mas parou de rir em um instante - Não tem nem como achar graça, lembrei de quem pode ser.

- Tio? Daquele verme?

- Relaxa que isso não vai acontecer, é só pra eu ter certeza - levantei da cama.

- Tu não toma remédio? Como é que tu tá num vacilo desse, principalmente com esse cara, Ayana?

- Chega desse assunto - respondi.

Velha infância | L7NNON Where stories live. Discover now