Need to Trust.

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– Pare de gritar e me escute!

– Escutar? Meu Deus! Você só pode estar brincando com a minha cara!

Antes mesmo de se afastar da porta, Lauren passou a chave nela. Buscou um pedaço de papel higiênico, dobrou alguns pedaços e enfiou no nariz. Estava tão sensível e dolorido. Camila tinha muita força. Ela chorava tanto. O coração de Lauren ficou arrasado.

– Não chore, Cams. – Queria se aproximar, mas Camila não permitiu. Ela buscou refúgio dentro da banheira vazia.

– Me deixe sair daqui, Lauren. Eu quero ir para casa.

– Você só vai sair daqui depois de me escutar. – Se inclinando sobre a pia, ela puxou o papel sujo da narina, lavou parte do rosto e aguardou até que o sangue diminuísse.

– Eu sei o quanto está chateada.

– É tudo que você mais queria, me ver um fracasso. Ótimo, conseguiu.

– Nós duas já nos ferimos demais, sinceramente? Eu cansei. – Lauren fez uma pausa para lavar o nariz, e por Deus, era doloroso demais. O punho de Camila foi como um serrote bem no ossinho, envergando-o com a porrada. – Disse a você que estava prestes a fazer terapia... Merda! – Xingou. – Por que tinha que bater justamente no meu nariz?

– Não pedi para você me tocar, o fez, mereceu!

Novamente, Lauren realizou o procedimento com o papel higiênico.

– Fique quieta, Camila... – Olhou-a nada feliz. – Me escute, apenas me escute.

– Não me mande ficar quieta, você não tem moral para isso.

– Sangue de Cristo! – Ela fuzilou o teto, fechando o punho. – Você é tão teimosa! Custa me ouvir?

– Se você estivesse no meu lugar, tacaria fogo em mim! – Limpando o rosto com o dorso da mão, deu uma levantada e, em seguida, assentou na borda da banheira.

Lauren desfez a cara amarrada na hora! Camila estava exagerando.

– Não sou tão estressada assim... – De pouquinho, ela se sentou perto da banheira.

– Você é o Demônio quando está irritada!

– Bem.. – Mudou de assunto. Ainda achava exagero da parte dela. – Você vai me ouvir?

– Nada do que você disser me fará mudar de ideia. Não consigo mais confiar em suas palavras.

A respiração dela falhou, ficou pela metade. Camila tinha tanta sinceridade nas palavras. Letal.

– Está agindo como minha mãe. Ela me dava amor, quando eu me empolgava, ela sumia, me ignorava... E eu só queria que ela me notasse, que entendesse que aqui dentro batia um coração necessitado de carinho, amor, compreensão. – Revelou, sentindo as dores do passado no agora. – Me sinto tão usada, Lauren. Eu não sei, sinceramente, eu não sei se já a fiz passar por isso, mas é apavorante. Você se sente especial para alguém a quem tanto ama, depois, ela muda, some, evapora. Volta, os sentimentos se repetem, a dor... – Gesticulava. – Me desculpe por tudo o que fiz, mas já é hora de estender a mão e oferecer o perdão. Isso não a fará mais fraca, não passará por cima da sua crença, você só precisa olhar para dentro, reconhecer os teus sentimentos, deixá-los fluir... – Camila não chorava, mas, o olhar era tão triste. – Se você me ama como diz, não se aproveite da minha fraqueza por você, não seja rival do seu amor por mim. Não quero ser usada e jogada de lado quando se cansar. Meu coração te ama tanto, mas... – Hesitou, prendendo o nó na garganta. – Eu não aguento mais sofrer e esperar por você se decidir. – Percebeu que não a deixava falar. Não foi por querer, precisava desabafar. – Passarei um tempo na Itália, até as coisas esfriarem e nem isso eu aguento mais, me forçar a se afastar pra não ser tão machucada.

Been Like This.Where stories live. Discover now