Rotina

443 48 39
                                    


No dia seguinte, Clara acordou com o escândalo da bebê que chorava a plenos pulmões. Levantou irritada e rumou até o banheiro. Bateu na porta algumas vezes e não foi ouvida, abriu a porta do banheiro e notou que sua mulher tomava banho ouvindo música super alta. 

Pela silhueta do vidro temperado ela conseguia ver Helena dançando e rebolando ao som de "Sax" da Fleur East. Ela gritou uma, duas, e na terceira vez, Helena abriu a porta do box com tudo fazendo Clara ter a visão do corpo perfeito da mulher completamente nua. Imediatamente ela corou, virando o rosto para o outro lado enquanto Helena sorria.

— O que é?

— É que, a bebê está chorando.

— E daí? - Clara a olhou sem entender – Ei não me olha assim, terça é o seu dia, escute, tente não chegar atrasada na creche, sim? – ela disse fechando a porta do box, logo em seguida voltando a dançar e cantar.

Clara observava a bebê a sua frente há alguns minutos no trocador, enquanto Rafael a observava atentamente de cima do brinquedo onde estava sentado.

Depois de respirar fundo, Clara retirou a fralda suja e quase teve um troço com a quantidade de cocô "SANTA MÃE DE DEUS!" Ela procurou um lugar pra jogar a fralda suja, e ao olhar pra Rafael, viu o menino apontar a lixeirinha ao lado do móvel, onde logo ela colocou aquela bomba nuclear.

Depois de ver a mãe confusa, Rafael apontou a caixa de lenços humedecidos e a pomada, procedimentos que ela fez respectivamente. Enquanto ela colocava a outra fralda, Rafael finalmente se pronunciou.

— Você não é minha mãe verdadeira, é? – ele perguntou fazendo Clara arregalar os olhos e depois suspirar -

— Não, eu não sou. Esta não é minha vida, é só um vislumbre.

— E onde está a minha mãe de verdade?

— Eu não sei, mas não se preocupe, ela te ama, e tenho certeza de que vai voltar logo.

Clara observou quando Rafael desceu do brinquedo, caminhou até perto dela, pegou uma cadeirinha e subiu nela, para ficar quase da sua altura.

— O que está fazendo? – ela perguntou enquanto Rafael tocava em seu rosto, mexia em seu nariz observando cada detalhe.

— Eles fizeram um bom trabalho

— Eles quem?

— Os alienígenas da nave espacial, você é igualzinha a ela – ele disse fazendo Clara sorrir.

— Oh, obrigada! Um pouquinho mais bonita talvez – ela disse e Rafael ficou com os olhinhos cheios de lágrimas, e fez um beicinho fazendo Clara ficar nervosa – Ei, não chore, eu não quero que você chore, não sei lidar com isso.

— Você gosta de crianças?

— Bom, depende da criança.

— Sabe fazer leite com chocolate?

— Se eu tentar acho que consigo.

— Promete não sequestrar a mim e minha irmã e por um chip no nosso cérebro?

— Prometo. – ela disse fazendo o menino sorrir abertamente -

— Bem-vinda a Terra!

Algum tempo depois, Clara com a ajuda de Rafael, levou Rosa para a creche e seguiu até a escola para deixar o menino.

— Eu tenho acampamento de inverno as 16h e judô às 17:30

— Anotado.

— Por favor não se atrase, nenhuma criança gosta de ser deixada por último.

Uma Mulher de Família - ClarenaOnde histórias criam vida. Descubra agora