Feroz (Bethyl)

Capítulo 3

Seus dedos tamborilavam em um ritmo contra sua coxa enquanto caminhavam, sua cabeça girando para que ela pudesse manter seus olhos vagando pela floresta. Não era uma caminhada longa, mas a sensação de estar sendo observada formigava em sua nuca. Talvez fosse saber que Morgan ainda estava aqui.

Morgan…

Ele nunca disse antes e ela nunca perguntou. Outro nome. Isso fez três. Ela tinha certeza de três agora, incluindo a dela. Havia outros, ela tinha certeza disso também, mas esses três específicos eram o que ela achava importante naquele momento. Enquanto ela acompanhava Daryl, ela murmurou seu próprio nome para si mesma. Beth. Seu nariz enrugou. Tinha um gosto estranho em sua boca, como se não combinasse com outras coisas que ela conhecia. Ela tentou novamente. Beth. Não, ainda era estranho. Beth.

Beth!

A parte de trás de sua cabeça latejava e ela levantou a mão para esfregá-la com cuidado. Daryl deu a ela um olhar de soslaio, mas ela apenas balançou a cabeça lentamente, os lábios pressionados com força. Tudo bem, chega disso. Havia muitas coisas aqui para matá-los, nenhuma das quais precisava de ajuda. 

Mas os pensamentos que se agitavam em sua mente não eram fáceis de afastar. Eles se infiltraram em sua cabeça como raposas se esgueirando pelo galinheiro, chamando sua atenção, fazendo-a querer parar e considerá-los. Não ajudava que eles estivessem se aproximando da parede. Aquele cheiro horrível estava voltando para seu nariz, deixando-a nervosa. Seus dedos aceleraram suas batidas, seu polegar estendendo-se para deslizar ao longo do cabo grosso de sua faca. Quanto mais perto eles chegavam, mais seus instintos gritavam para ela fugir na direção oposta. Não é seguro. Essas duas palavras eram como um mantra em sua mente.

Seus olhos dispararam sobre as costas de Daryl com uma carranca profunda. A maneira como ele a chamou - foi tão familiar. Ele puxou fragmentos de memória que ela não percebeu que possuía, juntou-os para dar a ela outro pedaço de antes. Eles correram juntos, caçaram juntos, sobreviveram. Ela se lembrava disso, ou de partes pelo menos.

Moonshine queimando sua boca enquanto ela engolia, tentando não deixar que tocasse sua língua enquanto ele ria secamente da cara que ela fazia.

Daryl agarrou seu braço enquanto eles disparavam por entre as árvores, empurrando-a para trás e acertando a besta na mandíbula de um caminhante.

Rastreando o caminho de um coelho o dia todo enquanto ele murmurava lições para ela rispidamente.

"Eu não vou deixar você!"

Seu olhar caiu para a bainha bronzeada em seu quadril e ela o reconheceu, passando distraidamente a ponta do polegar sobre a preta pendurada em seu cinto. Como ele conseguiu? Ela tinha dado a ele? Ela não podia imaginá-lo pegando. O que trouxe outra questão; como eles foram separados? Como eles se conheceram? Assim que o nome dele lhe ocorreu, foi como se ela sempre o tivesse conhecido. Isso era verdade?

Ela queria perguntar, mas as palavras não se formavam em sua língua. E isso a confundiu também, porque ela não conseguia entender por que ela queria perguntar. Por que não era importante, era? Não tinha sido, ela não pensou. Ou teve? As perguntas eram frustrantes.

Beth tentou dispensá-los mais uma vez enquanto se aproximavam de uma seção da parede. Daryl grunhiu enquanto jogava o cervo no chão e batia com o punho contra o metal fino. Ela ficou logo atrás dele, inclinando a cabeça para trás, ouvindo. Aqueles sons de antes estavam passando por cima do portão, distorcidos, mas claros o suficiente. Eles pareciam altos para ela, completamente fora do lugar.

Guinchando e sem pressa, o portão sólido começou a se abrir, revelando um segundo, um pouco menor, feito de barras grossas. O primeiro parou com um estremecimento e um estrondo agudo. Dois homens estavam atrás dele, fuzis de assalto equilibrados nas mãos. Beth olhou para eles e bufou. Os nós dos dedos estavam brancos na coronha e ela podia até ver que os dedos de um deles tremiam levemente quando ele os colocou perto do gatilho.