Então você é...

130 13 0
                                    

Adrien esperava ter vários problemas com o pai quando o namoro fosse descoberto, não que fosse ficar trancada em casa, ou impedido de ver a namorada. Seu pai não faria nada que prejudicasse a imagem do modelo, mas esperava empecilhos, como mais aulas particulares, viagens prolongadas para outras cidades e trabalhos em horários que até então ele tinha disponível, coisas que o impossibilitariam de encontrar sua garota.
Ao contrário do que Adrien esperava, acabou ganhando mais liberdade. Pode finalmente ter seu próprio carro, não dependendo mais do segurança para se locomover. Suas horas de estudo podiam ser compartilhadas com Mari, que também prestaria o vestibular, seu pai até se ofereceu para escrever uma carta de recomendação para a faculdade de moda que ela escolhesse.
Era até estranho o quanto o pai estava colaborando com o relacionamento. Seu pai nunca demonstrou gostar de ninguém, se aquilo não fosse tão vantajoso poderia ter ficado com ciúmes do tratamento que o pai dispensava a sua namorada. Sabia que era por ela ser uma artista talentosa, não pela pessoa maravilhosa que Mari era, para Gabriel a única coisa que importava era a Agreste, e se o relacionamento do filho beneficiária a empresa, ele tiraria proveito.
Mari também começou a participar, oficialmente, de vários de seus compromissos, poderia participar das sessões de fotos e comparecia a todos os eventos sociais, para estas ocasiões a própria Nathalie providenciaria as roupas.
A mudança na carreira de Adrien foi adiada para o início da faculdade, marcando o fim do ciclo como adolescente e iniciando a vida adulta.
Mari, que já era atarefada, se viu ainda mais sem tempo. Agora suas horas livres eram gastas no atelier, aprendendo com os melhores alfaiates de Gabriel. Ela não parecia se importar, muito pelo contrário, todos os dias falava sem parar sobre as coisas que tinha aprendido e o quanto sua costura estava melhor, aquilo parecia deixá-la muito animada para desenhar seus próprios modelos, e logo seu blog estava cheio de novidades.

Tinham acabado de chegar na Mansão Agreste depois de uma tarde de ensaio no parque, por sorte o dia estava maravilhoso, estava ensolarado e sem vento, então o ensaio correu bem. Era ótimo poder posar para as fotos olhando a garota dos seus sonhos, suas fotos ficavam muito melhores com ela por perto, e ainda conseguiram tomar sorvete no intervalo, para horror dos colegas que se preocupavam com seu peso. Se eles soubessem quantas coisas gordurosas e açucaradas sua namorada lhe dava, com certeza não aprovariam o namoro.
Mari recusou a proposta de Adrien de acompanhá-lo no banho, não se sentia confortável com Gabriel e Nathalie em casa, apesar de não tê-los visto quando chegaram. Adrien às vezes passava dias sem ver o pai, já Nathalie ele só via por que o procurava, ela tinha uma habilidade incrível de não se fazer ouvir.
Foi para o banho a contragosto, o dia quente e sem sol cobrou um preço da pele branca do modelo, preferia estar com Mari, mas ela se recusou até a esperar no banheiro com ele, não que tivesse algum problema em vê-lo nu, ela não tinha qualquer inibição com seu corpo.
Queria que ela tivesse entrado no banho, estavam a cinco meses namorando e raramente podiam tomar banho juntos. Gostava de ensaboar aquele corpo maravilhoso e gostava quando ela lavava seus cabelo, fazia com que se ajolhasse e ensaboava os fios loiros, massageava o couro cabeludo, e depois sempre lavava suas costas com os seios. Gostava particularmente de sexo oral no banho, ela sempre estava tão relaxada, a água atrapalhava um pouco, mas até isso era excitante, acabavam sempre transando no banho.
Entendia a recusa dela, privacidade não era muito comum ali, Nathalie podia entrar a qualquer momento em seu quarto. Era ainda pior do que na casa de Marinette, em que seus pais constantemente entravam no quarto dela, lá eles faziam por ânsia em agradar os dois, sabiam que eles transavam e nunca se opuseram, Tom até mesmo falava dos netos maravilhosos que teriam, só não parecia se atentar de que para isso deveriam deixar os dois sozinhos, e não interrompê-los constantemente.

Tinha acabado de desligar o chuveiro quando escutou a voz dela.
- PLAGG? Aí meu Deus, que porra você está fazendo aqui?
Olhou rápido ao redor e não encontrou o anel, então enrolou rápido a toalha na cintura, e correu do banheiro, os pés molhados escorregaram no chão do quarto e caiu de joelhos, levantando rapidamente.
- que besteira você fez dessa vez garoto? - Plagg voava ao redor de Mari.
- Mari, eu posso explicar isso.- esticou a mão para ela, mas a garota estava em choque, os olhos arregalados olhando para ele.
- você é... ChatNoir? Que PORRA, VOCÊ É O CHATNOIR. - em dois passos cobriu o espaço entre ambos e cobriu a boca dela com a mão, tentou sem gentil, mas ela se debateu sob seu toque.
- para de gritar isso. Alguém pode ouvir. Plagg, vai comer um camembert.
- com prazer, mas quero ver você resolver essa bagunça. Boa noite Marinette, foi um prazer ver você. - ele se retirou para o armário próximo ao computador, onde tinha feito algo parecido a uma toca.
- boa noite?! que merda Adrien, porque você não me falou que era ChatNoir! Fica ai! - tinha empurrado o namorado e se afastado dele, o encarava furiosa enquanto passava as mãos na cabeça, afastando os cabelos do rosto.
- eu não podia dizer nada, é óbvio. Se a guardiã souber que alguém descobriu eu posso perder meu Miraculous Mari. Por favor! Você precisa manter isso em segredo. - tentou se aproximar novamente, mas ela estendeu a mão para mandá-lo parar onde estava. Se pelo menos pudesse abraçá-la tudo ficaria melhor...
- Que cacete Adrien. Olha onde você me meteu.
- eu não meti você nisso, eu falei pra você não mexer no anel, porque você foi colocar a porcaria do anel!? - e porque eu tinha deixado o anel no quarto e não no banheiro? Nunca ficava longe do anel, desde que tinha trocado de miraculous com LadyBug, o anel estava sempre ao seu alcance.
- eu só... Não achei que fosse importante, eu só queria tirar medida dele, nunca me passou pela cabeça que fosse um Miraculous. PORQUE VOCÊ TIRA A PORRA DO MIRACULOUS PRA TOMAR BANHO??!
- é normal tirar as joias pra não estragar... - quem não tirava? Era normal tirar tudo para entrar no banho.
- é uma porra de uma joia magica Adrien! Não vai ser água que vai estragar ela.
Adrien respirou fundo e se apróximou da namorada, que ainda o olhava desconfortável. Envolveu seus ombros, ainda rígida, não relaxou em seus braços como ele queria, mas já era um começo. Encostou a testa na dela e fechou os olhos, podia sentir o coração acelerado e os músculos tensos. Ela não recusou a proximidade, mas não retribuiu o toque.
- Desculpe esconder isso de você, você mais do que ninguém sabe que eu não podia contar. - tentou ser o mais calmo possível, o que era difícil.
- eu sei? Porque eu sei disso? - o tom de sua voz era de pavor, de que ele soubesse sobre ela. Ele sabia, é claro, mas ela não precisava saber disso, não ainda.
- porque você foi a MultiMouse, eu lembro de você Mari, se não fosse por você nós teríamos perdido aquela batalha. - não entendia como ela tinha feito aquilo, quantos miraculous Marinette tinha usado naquela luta era um mistério pra ele.
- claro. MultiMouse... - Ela respirou aliviada.
Segurou o rosto dela nas mãos com carinho, a forçando a olhar em seus olhos.
- sempre achei que LadyBug foi muito dura, você foi perfeita aquele dia.
- mas eu revelei minha identidade.
- e um monte de portadores teve a identidade revelada depois disso, e ela continua entregando o Miraculous pra eles. Você sozinha fez um trabalho muito melhor do que a maioria deles. - encostou os lábios nos dela, mas ela não retribuiu o toque, em vez disso o afastou com os braços, abaixando a cabeça.
- não muda de assunto. Você é o ChatNoir. Eu estou namorando o ChatNoir.
- é, você está. E agora que tal me devolver o Miraculous? Preciso dele de volta.
- pode ficar - colocou o anel na mão dele - é melhor eu ir...
- espera, vamos conversar!
- você me visitava Adrien, nós éramos amigos na escola e você me visitava mascarado a noite, não nota o quanto isso é estranho? Você ia na minha casa e contava o quanto era apaixonado por outra pessoa, e enquanto isso eu pensava em dar uns amassos com você naquela sacada!
- pelo menos o cara que você queria dar uns amassos é o seu namorado agora.
- melhor nos vermos depois...

Mari saiu sem olhar para trás, deixando Adrien atônito no meio do quarto, uma poça d' água se formando a seus pés.
- Fez besteira de novo Adrien.
- não começa Plagg - se jogou na cama sobre o travesseiro, molhando os lençóis - eu queria que ela soubesse, mas não assim, não me passou pela cabeça que ela pudesse pegar o anel. Você não achou a reação dela exagerada?
- Não, você está pensando apenas na Marinette, que descobriu que o namorado certinho dela é um vigilante mascarado que se veste de couro e salva o mundo. Mas tem a LadyBug, que descobriu que o cara que ela rejeitou por anos, e que deu a vida pra salvar ela várias vezes, é o cara que ela sempre foi apaixonada. E pior ainda, ela foi tão babaca com o ChatNoir que você chegou a devolver o anel pra ela.
- mas já tinhamos superado isso!
- claro que tinha, mas agora ela vai ter que repensar tudo que já fez com o ChatNoir, porque tudo que LadyBug fez com o ChatNoir ela fez com o Adrien, cada beijo que Chat roubou dela, foi o Adrien que deu. Cada vez que ChatNoir deu a vida pra salvar a dela, foi o Adrien que deu a vida por ela. E cada vez que ChatNoir declarou seu amor por ela, era Adrien se declarando, e ela rejeitou tudo isso, rejeitou você, várias vezes.
- você acha que ela vai na patrulha hoje?
- não acho que ela vai querer lidar com você como LadyBug, eu deixaria ela se acalmar hoje.
- não posso fazer isso, não sei como vou aguentar esperar pra ir conversar com ela... - rolou de lado na cama abraçando o travesseiro, Plag pousou em sua cabeça e se aninhou nos cabelos loiros, o toque dele era reconfortante, era bom tê-lo por perto, por mais que ele fosse irritante às vezes.

Passou o resto da tarde jogado na cama fingindo estudar. Nathalie passou em seu quarto para avisar de mudanças em seu horário no dia seguinte, não pareceu ter escutado a briga, ou visto Mari sair da casa as pressas. Se viu qualquer coisa daquilo não dava qualquer sinal, não que ela costumasse mostrar sentimentos, parecia esculpida em pedra.
Tinha mandado algumas mensagens para Mari, sem ter resposta e já estava preocupado com o que aquilo significaria para o relacionamento deles, já fazia horas que ela tinha ido, e já tinha tido tempo de pensar naquele assunto, podia pelo menos responder, mandando-o esperar, qualquer coisa era melhor do que ser ignorado. Isso tinha que acontecer justo quando tudo estava tão bem.

Jantou sozinho novamente, ainda mais desanimado do que o habitual e voltou ao quarto, informando Nathalie que dormiria cedo pois estava cansado do ensaio no sol.
Saiu apressado pela janela, correndo pelo telhado até a casa de Marinette. Parou na sombra em um prédio ao lado e ficou observando ela se movimentar no quarto. Pouco tempo depois apareceu na sacada, olhando pelos telhados à sua procura. Se sentiu mais tranquilo por saber que ela o esperava, deu a volta pelos telhados, pulando silencioso atrás dela na sacada.
- ei Princesa - apoiou as mãos no bastão, na posição clássica de ChatNoir.
- oi... Chat - disse sem se virar para ele, mas não recuou quando as mãos dele envolveram sua cintura.
Sem encontrar resistência, as mãos deslizaram para dentro do pijama vermelho de seda, que era o seu preferido, as luvas não deixavam sentir a pele dela, mas ele sabia exatamente a sensação que tinha, seus dedos lembravam daquele toque.
Colou o corpo no dela, queria que sentisse a roupa de couro contra o pijama fino. Acariciou sua barriga com as unhas, afastando seus cabelos para beijar seu pescoço. Adorava como ela parecia amolecer quando era beijada ali, e como seu próprio corpo reagia aos suspiros dela, mas em vez da habitual entrega, sentiu a namorada se afastando de repente.
- não dá Chat, desculpe. - Mari parecia desolada, os braços envolvendo o próprio corpo enquanto se afastava dele.
- qual o problema Marin?- tinha certeza que a essa altura ela já teria se acostumado com a informação. Desfez a transformação ali mesmo e pegou a mão dela.
- é só.. errado, parece que eu estou traindo você com ChatNoir...
- mas eu sou o ChatNoir.
- não, você não é, assim como eu não sou a... MultiMouse. Vamos entrar, está ficando frio aqui.
Seguiu Marinette pelo alçapão, sentando em sua cama e pegando a almofada de gato, Plagg voou ao seu redor, impaciente.
- cadê meu queijo?
Jogou para ele um pedaço de camembert que Plagg engoliu em uma bocada só.
- vou procurar a... Alguma outra coisa para comer - emendou quando Marinette lhe lançou um olhar enviesado.
- na gaveta Plagg, você vai achar cookies na primeira gaveta. Pode descansar ali.
- Mari. Eu sei que deve ser estranho pra você, mas você nunca nem pensou que eu podia ser o ChatNoir? Você tinha as minhas fotos bem aqui. - apontou para o painel ao lado da cama, que agora além das fotos dos amigos tinham várias fotos dos dois junto, e recortes de revistas de fofoca que contavam sobre o romance do modelo com a colega de classe.
- Não! Quer dizer... Loiros, olhos verdes, mesmo tipo físico, pode parecer meio idiota, mas vocês são MUITO diferentes, não consigo acreditar que você é daquele jeito também. É como se de repente eu não conhecesse você. - estava sentada na lateral da cama, as pernas balançando no ar enquanto se segurava na lateral do colchão.
- como você se sente quando você coloca salto alto e aquela maquiagem que eu adoro?
- o que isso tem a ver? Eu me sinto ... Bem, me sinto Poderosa, e... Sexy. - ela deu de ombros, como se aquilo não significasse nada.
- você se sente assim e age assim, e isso é só a maquiagem. Agora imagina ChatNoir, não é só uma máscara, eu sou mais forte e mais ágil como Chat - puxou a namorada para trás, fazendo com que deitasse a cabeça em sua coxa. - e fico Muito sexy naquela roupa.
- fica mesmo... - ela admitiu, rindo.
- Como Chat eu não preciso controlar o que faço, não tem uma imagem de garoto bonzinho que preciso seguir, não preciso me preocupar em ser fotografado fazendo alguma coisa imprópria, Chat é só um gato no telhado, ninguém liga quando ele faz coisas de gato.
- é estranho pensar em todo esse lado seu que eu não conhecia...
- princesa, você também tem um lado que não me mostra, vários lados, todo mundo tem. Você conhece quem eu sou de verdade, aos poucos você vai me conhecer de outros jeitos. E aos poucos eu vou conhecer você também.
- talvez você não goste de mim quando conhecer outros lados.
Ele não via a hora de poder admitir que conhecia o outro lado dela, mas quanto tempo ela levaria para contar?
- a menos que você seja Shadow Moth, eu sempre vou gostar de você - disse puxando ela para seu braços.
- podia ter dito Mayura pelo menos né!
- eu conseguiria sobreviver até se você fosse a Mayura. Mas descobrir que você é um tiozão velho e maligno acabaria comigo.
- idiota. Mas isso levanta outro problema, eu vou morrer de preocupação quando você estiver lutando.
- você se preocupava quando Chat lutava?
- me preocupava sim, e eu nem namorava ChatNoir. Já me deixava louca quando ele era ferido, você confia de mais na LadyBug, e se uma hora ela não conseguir te salvar e você não voltar?
- ela sempre salva o dia, a única pessoa que eu confio mais do que ela é em você.
- você não vai me deixar ficar brava com você né?
- por mais fofa que você fique quando está brava, prefiro quando você quer estar comigo, ou com ChatNoir, que por sinal, é virgem, caso você não tenha notado.
- engraçadinho, não estou pronta pra isso. Ainda.
- quando você estiver pronta, e só chamar, que ele vem correndo pra você.

Seus segredosDonde viven las historias. Descúbrelo ahora