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A semana seguiu com dois idiotas emburrados, mas pelo menos eles eram leais a suas promessas. Momoi me entregava os cookies que tinha me prometido e sumia enquanto Aomine estudava como tinha prometido se eu fizesse uma enterrada, mas não falava nada e saia assim que dava o sinal. Eu dei uma mordida no biscoito enquanto olhava para fora da janela. Eu sorri discretamente. Finalmente em paz

- O que você quer? - disse Kyoko se sentando na minha frente. Talvez não tão em paz - Você nunca fala comigo então deve querer algo

- Que mal humor. Nao é voce que fala para eu parar de pensar que as pessoas sempre querem algo de mim? - resmunguei. Ela me olhou com aqueles olhos pequenos - O trabalho de geopolítica é em dupla. Quero que faça comigo - ela cruzou os braços e eu terminei de comer meu biscoito

- Porquê eu faria com você?

- Nós sempre fazemos os trabalhos juntas

- Isso foi antes de magoar Momoi - eu revirei os olhos. Todos tão dramáticos

- Ela se magoou sozinha, além de que todos da sala já tem dupla. Então só sobra eu e você - ela me olhou ainda irritada - Minha casa ou sua casa?

- Eu me recuso a ir na sua casa - ela escreveu algo no celular e o meu celular vibrou - Meu endereço. A gente se encontra amanhã - ela disse e foi embora. Eu acompanhei suas costas até elas desaparecerem. Levantei minhas pernas e as estiquei dobradas em cima da mesa. Cruzei os braços atrás da cabeça e fechei os olhos

No dia seguinte, um sábado a noite depois do treino eu segui o endereço que Kyoko tinha me mandado até a casa dela. Era quase uma mansão e tinha o estilo tradicional japonês. Eu toquei o interfone e ouvi a voz de Kyoko. Os grandes portões se abriram e eu segui o caminho de pedras até a porta. Ela foi aberta pelo diretor. Eu o encarei por um tempo até lembrar que ele era o pai dela

- Diretor que bom ver o senhor! - eu falei com um sorriso falso. Ele fez uma careta

- Boa noite Naomi, Kyoko está lá em cima - ele disse abrindo mais a porta

- Com licença - eu falei e entrei na casa. O hall principal era cheio de certificados, medalhas e algumas fotos. Eu subi as escadas que o velho mostrou e cheguei ao segundo andar. Encontrei a garota de cabelos pretos longos no quarto dela. Ele era bem minimalista, branco e preto

- Eu já pesquisei um pouco sobre os tópicos principais. Acho melhor começarmos com a economia e depois partir para... - ela dizia enquanto eu pegava um livro de sua prateleira suspensa - Ei tira a mão! - ela disse. Me virei com o livro aberto

- Não pensei que você fosse do tipo que lê dark romance . Sequestro, stalking...- ela rapidamente tirou o livro da minha mão e o guardou de volta na prateleira

- Da para nós focarmos na divisão internacional de trabalho invés dos meus livros? - ela disse voltando para sua mesa. Eu suspirei e me sentei na cadeira do lado dela. Enquanto ela pesquisava no notebook eu pesquisava no meu celular. Depois de anotarmos todos os assuntos sobre a economia global passamos para os conflitos recentes. Soltei minha lapiseira e alonguei meu pescoço o sentindo estralar. Eu não tinha patinado hoje apenas tive uma aula longa de ginástica. Estávamos treinando a execução dos saltos. Eu olhei para Kyoko a vendo escrever tão rápido quanto uma máquina. Devia ser um saco ser filha de um diretor de escola

- Vamos dar uma pausa. Seus dedos estão brancos de tanto tempo segurando esse lápis - eu falei. Kyoko terminou de escrever sua frase e soltou o lápis. Ela ela alongou os dedos

- Vou pegar algo para nós comermos. Não toque em nada! - ela disse se levantando. Eu a vi sair do quarto. Abri a porta de vidro da varanda dela e me escorei na grade sentindo a brisa bater no meu rosto. Eu quase tinha ficado em segundo nas regionais. Precisava treinar mais, mas Susanna não me deixava passar da meta diária. Vi a mesma constelação que vi do telhado de Momoi brilhar para mim. Por não ter mais ninguém me perseguindo pensei que me sentiria melhor e realmente me senti, mas agora eu talvez quisesse falar com alguém sobre o meu dia. Ouvi a porta ser aberta e vi Kyoko com uma bandeja com duas tigelas com o que parecia ser salada de frutas e dois copos de chá verde. Ela colocou a bandeja na mesinha baixa na frente de sua cama. Eu me sentei no tapete felpudo branco e me servi

𝑼𝒎𝒃𝒓𝒆𝒍𝒍𝒂-𝐴𝑜𝑚𝑖𝑛𝑒 𝐷𝑎𝑖𝑘𝑖Onde histórias criam vida. Descubra agora