Muitas vezes me senti o filho perdido de algum lugar, me pertencendo a alguma parte da natureza. Mas também sentia que era espectador de uma vida irreal.
Como se lugares e lembranças fossem se desfazer como areia e nada mais existiria...
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ATENÇÃO: esse texto contém relação direta a suicídio e problemas psicológicos como depressão. Peço encarecidamente que tome o devido cuidado ao ler pois, não haverá alertas de gatilho em seguida, todo o texto irá retratar sentimentos e vivências reais transformados em ficção. Não o romantizem, e caso se identifiquem com os personagens principais, indico que busquem por suporte psicológico o mais rápido possível.
Atenciosamente: Uzu. • transição de narrador sem aviso prévio ~
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Carta aberta.
Muitas vezes me senti o filho perdido de algum lugar, me pertencendo a alguma parte da natureza. Mas também sentia que era espectador de uma vida irreal.
Como se lugares e lembranças fossem se desfazer como areia e nada mais existiria.
Eu quero conhecer o mar antes de morrer, antes que o tudo se transforme em nada. Quero meus pés descalços sentindo a água entre os dedos, olhar para o horizonte sentindo o quão grande esse mundo é e como, como desperdicei todas as oportunidades possíveis em incontáveis noites mal dormidas onde chorei.
Eu nunca compreendi o mundo, nem nada que me cerca, mas tudo sempre foi intenso e doía dentro do meu peito. Ardia como se eu sentisse a Terra, como se o mar corresse em minhas veias.
É possível? É possível ser filho do mundo? É possível pertencer ao nada que ainda assim é algo?
Já... parou para pensar que o mais genuíno sempre é aquilo que mais lhe traz a paz?
Como colocar fones no ouvido, olhar para o céu e perceber que é infinito? Ou será que todo esse infinito lhe causa pavor? Pois a mim, a mim sempre foi como ser abraçado. Eu me sentia igual, infinito, tão infinito que era impossível me tocar e não se afundar na minha imensidão. Ninguém nunca estava preparado para me aceitar verdadeiramente e mergulhar no meu oceano, ou olhar o meu céu estrelado e encontrar a alma nua e verdadeira.
Eu não sei ao que pertenço mas eu não pertenço a humanidade eu pertenço ao mar, pertenço às estrelas. Eu pertenço a algum espaço vazio.
Eu não pertenço a você amor, nem a vida. Mas pertenço a algo longe daqui. Pertenço a tudo, mas não mereço continuar no mundo.