10.04.1912 Madara Uchiha

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AVISO IMPORTANTE: Cal Hockley não é baseado no Cal do filme, ok? Mais para frente vocês vão entender.

...

Assim como o destino havia guiado Hashirama Senju e seu pai, Butsuma, na viagem inaugural do Titanic, uma história diferente porém fascinante se desenrolava para Madara Uchiha, um homem determinado e de espírito livre que trabalhava na noite londrina. Enquanto o Titanic estava prestes a deixar Southampton, Madara aguardava ansiosamente o momento de embarcar ao lado de seu primo, Kagami Uchiha. Claro, que a primeira classe dos milionários seriam os primeiros a embarcar, não tinha nenhuma novidade nisso, pois sempre foi assim e a classe que Madara iria era a mais inferior, a que liberaram a entrada mais tarde, a terceira.

O Uchiha sequer fazia parte dessa classe, se dependesse de si sua classe era a de quem fica só olhando de longe aquele bando de gente embarcando em um navio daquela magnitude. Madara com seu olhar perspicaz e aura de mistério, havia conquistado sua passagem a bordo do lendário navio por meio de uma terceira pessoa, um homem que conheceu em seu trabalho que não era nada bem visto pela sociedade. Seu caminho cruzou com o de um homem chamado Cal Hockley, um rico que se dizia ser apenas empresário. Um homem bem mais velho que o Uchiha, que passava várias horas de algumas noites na semana observando o trabalho de Madara na casa exclusiva para homens, uma casa de dançarinos.

Naquela época em que viviam, um homem ser atraído por outro era visto como um crime hediondo para a sociedade, chegavam até mesmo a comparar isso com feitiços e bruxaria, afinal definitivamente não era visto como algo "normal" um homem apaixonar-se por outro. Muito menos homens com famílias constituídas, para isso existiam lugares como o qual Madara trabalhava. Para que homens pudessem ver outros homens para satisfazer suas mentes, acalmar seus pensamentos que eram atraídos por aqueles do mesmo sexo. Mesmo que não pudessem possuí-los para si, apenas a dança que homens como Madara faziam, era o suficiente para deixar homens como Cal Hockley satisfeitos. Sem traição, sem ultrapassar limites, sem "pecar", era apenas o prazer através da dança, isso bastava, os satisfazia.

Foi na última noite em que o homem esteve na boate, que era escondida entre a velha livraria abandonada e o pub de Londres que esse concedeu a Madara, o bailarino cujo sempre escolhia para sossegar sua mente, a oportunidade de embarcar naquele navio. Nessa última noite, Cal o chamou para uma área reservada, e após Madara deixar claro que ele não fazia nada além da dança, acabou indo para essa área com Cal, o homem de visual impecável, combinando um terno preto sob medida com um colete prateado e uma gravata borboleta negra, transmitia uma elegância luxuosa, e cativado pela personalidade carismática de Madara, ofereceu-lhe as passagens como um gesto de generosidade e também como um desejo de ter a companhia de alguém como o dançarino durante a viagem... caso fosse necessário.

—Eu não vou embarcar com você, Madara. Mas eu quero que embarque nessa viagem. Quero que se divirta um pouco e leve seu primo, já que vocês estão sempre juntos. Por favor, vá e aproveite a viagem, você merece.— Cal estendeu uma das mãos até o rosto do jovem, tocando a ponta dos dedos na bochecha corada e jovial do garoto de dezoito anos em um leve carinho e voltou a falar. —Você é tão belo, Madara. Se eu fosse mais jovem e não tivesse uma família...

—Não teria me conhecido.— Disse Madara de imediato antes que o homem falasse o que não deveria. E isso fez ambos sorrirem um ao outro enquanto Madara segurou a mão de Cal e o tirou de seu rosto. —Mas é bom que tenha uma família, senhor Hockley. Tens felicidade, tens sempre com quem contar, tens sempre para onde voltar. Eu fico feliz pelo senhor ter pessoas que o amam verdadeiramente e que estão o esperando nesse exato momento. Não desperdice isso, senhor Hockley.

Cal sorriu para Madara, segurando agora nas mãos do dançarino e disse entre o lindo sorriso marcado pela idade avançada do homem mais velho. —Quantas vezes vou precisar falar para me chamar de Cal?— Madara sorriu para o seu admirador que lhe entregou, enfim o par de passagens, para que Madara embarcasse junto a seu primo no colossal Titanic. — Sempre, porque não vou deixá-lo de chamar de Sr Hockley. Não somos e nunca seremos íntimos para eu lhe chamar como quer que eu o chame, sr Hockley.

— Ai, direto. — Disse o homem em meio ao riso e este tocou a face de Madara mais uma vez e depositou um beijo respeitoso sobre a testa do dançarino. — Mas ainda assim, espero que um dia me chame de Cal, assim como eu o chamo de Madara.

. . .

No dia do embarque, Madara e Kagami chegaram ao porto de Southampton com uma ansiedade que mal cabia em seus peitos. Madara vestia um sobretudo preto e abatido, não tinha vestes elegantes então tratou de colocar a melhor roupa que tinha, a que usava para ir a igreja aos domingos pela manhã, junto com suas calças marrons e camisa listrada com seu cabelo negro e rebelde solto ao vento. Ele carregava consigo uma mala modesta, contendo todas as suas posses. Kagami não estava muito diferente, pois também estava vestido de maneira simples, com um colete desbotado e calças surradas. Seus cabelos negros caíam desgrenhados sobre sua testa, cabelos curtos e escondidos por uma boina envelhecida no tom que um dia foi cinza.

No porto, Madara e Kagami sabiam que essa viagem poderia significar um ponto de virada em suas vidas, uma chance de mudar seu destino e buscar uma vida melhor. Mais digna, afinal, o gigante Titanic estava indo para a grandiosa América. Lar de pessoas com posses e vidas luxuosas. Talvez se acabasse encontrando com o benfeitor na viagem e esse pedisse seus "serviços", poderia ser a última vez em que teria de exercer seu atual trabalho.

Finalmente depois de todos os ricaços embarcarem, a terceira e última classe foi liberada para tal, apesar de Cal ser um desses ricaços a passagem era para a classe inferior, talvez ele estivesse embarcado com sua família e queria evitar cruzar com Madara pela primeira classe, mas não importava para o Uchiha, o que importava era embarcar, os Uchihas estariam na lista de passageiros, fariam parte da viagem inaugural do primeiro grande transatlântico do mundo, teriam seus nomes eternizados na lista do RMS Titanic.

Enquanto subiam a bordo do navio, Madara e Kagami observavam com admiração os arredores. A grandiosidade do Titanic contrastava com suas próprias circunstâncias, mas não diminuía seu entusiasmo nem o de seu primo. Eles estavam prontos para aproveitar cada oportunidade que essa jornada lhes oferecesse. Ao explorarem os corredores da colossal embarcação, os primos percebiam a imponência e a opulência ao seu redor. Eles sentiam-se pequenos em meio a tanta riqueza e luxo que viam no caminho que precisavam passar para acessar o convés inferior. E quando atingiram o mesmo, viram várias pessoas na borda do navio acenando para seus entes queridos. Claro que Madara e Kagami não perderiam isso e lá foram eles se embolando entre a multidão daquele deck e acenaram para fora, mesmo que ninguém estivesse lá para lhes acenar de volta, afinal, sempre foi apenas Madara e Kagami desde pequenos. Desde que Madara perdeu todos quando ainda era criança.

Enquanto o Titanic agora se afastava do porto lentamente, os primos Uchihas deixavam também para trás toda a escuridão de suas vidas londrinas, tinham esperança de uma vida melhor na américa. Esse era o objetivo de ambos...

Uma vida melhor na américa. 

Titanic (Versão HashiMada)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora