Belo horizonte, 2016.
Manuella.Garotos são um tipo de neandertais que coçam o saco como se tivesse uma infestação de pulgas na cueca e a cada dez palavras numa frase, oito delas é aquela que começa com Pererec e termina com A.
Tá, talvez eu esteja sendo dramática.
Ou talvez quebrar o narigão enorme de Lucas, que tocou o berrante e a corna aqui ganhou dois chifres gigantescos na cabeça, apaguaria as coisas.
Corrigindo, ex-namorado. (Quando eu penso em suas perninhas de saracura, me dá até uma sensação de livramento.) E nem vamos falar daquela espiga de milho, Ivete de Abraão — sim, o nome dela é assim mesmo, acho que depois de cinco filhos consecutivos, os pais foram ficando sem criatividade —, pega na boca da botija, e quando digo boca na botija, quero dizer na boca de Lucas.Esse foi o jeito mais modesto — feito coice de cavalo — que seja lá qual divindade que anda cuidando da minha desequilibrada vida amorosa, conseguiu ser pra me fazer acordar pra vida e dar um chute no traseiro branco de Lucas Bezerra. Até o nome do cara é bizarro.
Meu cupido deve ter vindo em forma de pernilongo, e eu o matei na chinelada. Porque, sério, sem condições.
Cairia bem o sujeito ter vindo numa vibe mais celestial, sei lá. Tipo, cantando algo como "tchubirau daum daum" com a flecha de baixo do suvaco. Era o mínimo.Ou talvez, isso seja o Universo se vingando daquela vez que eu recusei as solicitações dos meninos no Facebook que pareciam saruês desnutridos. Caro Senhor Universal, vamos acalmar as energias cósmicas por um momento. Eu já paguei oque tinha que pagar com meus chifres.
A risada de ganso encalhado de Maria Eduarda me dá um choque de realidade.
A traidora segura a barriga dolorida, rindo das minhas desgraças na maior cara de cínica que esse mundo já presenciou. Ela se vira rindo pra lá e pra cá feito um motor de um fusquinha idoso sobre meu cobertor da Barbie Escola de Princesas, com a cara tão vermelha, que dá pra confundir fácil com uma plantação de tomate.
Olho para Júlia, sentada no puff cor marrom caganeira de pernas cruzadas e amassando a boca numa linha reta, se segurando para não rir como se segura para não cagar na casa do namorado. Dá pra ver uma gota de suor se formando na sua testa estufada medida a quatro dedos. Parece que vai estourar a qualquer momento.Larissa, abraçada com Peter Parker — se achando o dono da parada lambendo as bolotas — sobre meu tapete branco (não lavado a um mês, que agora se encontra na cor bege), não tem nem a mínima decência de se segurar ou sei lá, disfarçar pelo menos, ela ri parecendo um pato com diarreia junto com Maria Eduarda. Não sei se ela tá rindo ou morrendo.
Peter, meu gato malhado, dá uma pausa com a língua no ar e se espreguiça, rebolando sua bundinha de pelos para fora do quarto, como quem não deve um tostão. (Ps: tem um cocô parecendo a de um elefante na varanda. Ps2: era pra ter limpado, mas aí as meninas e eu tivemos a brilhante ideia de cometer um ato que pode nos levar para trás das grades, então ficou por lá mesmo.)
BINABASA MO ANG
Entre bad-boys, jaquetas de couro e bilhetinhos cor de rosa.
RomanceManuella Campos leva jeito para namorar caras com a síndrome de Neymar Júnior. Sério. Os chifres estão quase arranhando o teto, daqui a pouco, ela vai precisar passar o serrote (aquela ferramenta que todo pai tem na garagem, boa para cortar as bolot...